PCGO fecha clínica clandestina de reabilitação forçada para dependentes químicos
Um paciente morreu após ser submetido a golpe de 'mata-leão' durante internação em chácara ilegal em Abadia de Goiás
Por: Tathyane Melo
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A Polícia Civil de Goiás (PCGO) conduziu uma operação que resultou no fechamento de uma clínica clandestina, localizada em uma chácara em Abadia de Goiás. A clínica estava envolvida no tratamento de pessoas com dependência química, mas operava sem autorização ou permissão legal.
A ação policial foi desencadeada após a morte de Émerson Ribeiro da Silva, de 34 anos, paciente que foi submetido a um golpe de ‘mata-leão’ durante uma internação forçada na clínica ilegal. Como resultado da operação, cinco pessoas foram presas, incluindo os donos da clínica, suspeitos de ordenar a internação compulsória dos pacientes, e três funcionários apontados como responsáveis pela morte do paciente.
O responsável pelas investigações do caso, o delegado Humberto Soares, da PCGO, em Posse, contou que a vítima era dependente químico e a família estava em busca de um local para o ajudar. “A família soube que havia uma clínica pra internação compulsória de dependentes químicos, situada em Abadia de Goiás e entraram em contato com o dono da clínica. O dono fez toda a negociação e disse que internava esse familiar sem a necessidade de autorização judicial e sem laudo médico.”
Segundo o delegado, a partir disso o dono do local enviou uma equipe para a cidade de Posse, para que pudessem fazer a apreensão da vítima. “Quando eles chegaram lá, os três suspeitos falsamente se identificaram como policiais e abordaram a vítima. A vítima, por não querer ser internado, reagiu e no que houve a reação, os suspeitos utilizaram de uma força e deram um golpe de ‘mata-leão’. Por conta do golpe, a vítima veio a falecer”, relata.
As investigações tiveram início após funcionários de um hospital em Simolândia, denunciarem à polícia a morte do jovem paciente que estava sob a custódia da clínica clandestina.
De acordo com o delegado, logo após a ação, os três suspeitos teriam ido ao hospital em Simolândia e abandonado a vítima no local, alegando que a causa da morte do homem seria uma overdose. “A gente começou as investigações e descobriu que a clínica não tinha alvará judicial para o funcionamento e já tinha sido interditada. Descobrimos quem eram os donos da clínica e quem eram as pessoas que foram fazer essas diligências lá em Posse”, afirma o delegado.
A clínica clandestina é suspeita de sequestrar e internar pacientes à força, sem qualquer embasamento médico ou decisão judicial. Cerca de 38 pacientes foram resgatados durante a operação e prestaram depoimento à polícia, relatando terem sido submetidos a violência psicológica, verbal e uso indevido de medicação.
Além disso, foram apreendidas várias caixas de medicamentos administrados sem acompanhamento médico adequado, uma arma de fogo, três veículos, incluindo o utilizado durante o sequestro da vítima. As famílias dos pacientes, que desembolsaram quantias significativas, chegando a até R$ 5 mil por mês, foram ludibriadas sobre as reais condições do local.
O casal dono da chácara e os funcionários envolvidos foram detidos e podem responder por diversos crimes, incluindo homicídio qualificado, sequestro, cárcere privado e associação criminosa.
O delegado explicou que a clínica não possuía autorização da prefeitura para operar e como já havia sido interditada anteriormente pela fiscalização, as atividades aconteciam de forma ilegal. Os pacientes resgatados serão encaminhados para assistência social do município e seus familiares.
O delegado enfatizou que a internação de pacientes deve ocorrer apenas mediante decisão judicial ou orientação médica, com prazos e tratamentos adequados.