Segunda-feira, 01 de julho de 2024

Produtores e Avicultores buscam solução para a suspensão de contratos anunciados pela BRF em Jataí 

Setor do milho e o comércio em geral, podem ser afetados pela suspensão além do setor da avicultura diz presidente da Associação de Avicultores

Postado em: 02-08-2023 às 08h00
Por: Ronilma Pinheiro
Imagem Ilustrando a Notícia: Produtores e Avicultores buscam solução para a suspensão de contratos anunciados pela BRF em Jataí 
Produtores e avicultores buscam uma nova empresa para fazerem parceria | Foto: Divulgação

Desde o anúncio do frigorífico BRF de suspender contratos com produtores e criadores de aves em Jataí, há um clima de preocupação na cidade, que fica a 320 km de Goiânia, ou seja, 4 horas de viagem de carro. É que, além de declarar que não vai adquirir a criação dos produtores, a empresa ainda vai dar férias para funcionários.  

Com isso, existe uma movimentação para evitar maiores prejuízos por parte da Associação de Avicultores e a Federação de Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg). A mudança afetará além do setor da avicultura, o de milho e o comércio em geral. Pelo menos é o que afirma o presidente da Associação de Avicultura de Jataí, Volmir Leandro Koch em entrevista para a reportagem do jornal O Hoje. 

No anúncio feito no início do mês de julho, o BRF suspendeu contratos com produtores de aves de Jataí e anunciou férias coletivas para os funcionários. De acordo com o presidente, 22 produtores e 86 aviários foram afetados pela suspensão de contratos anunciados pela empresa no dia 6 de julho.

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Segundo a Associação, a empresa alega que não precisa mais dos produtores, uma vez que está com mudança de mix de produção, ou seja, a empresa deixa de abater frangos e vai passar a abater matrizes. Para  a Associação, a situação afeta diretamente a vida dos trabalhadores, haja vista que esta era a única renda para muitos que eles tinham.

A BRF tem mais de 85 anos de história e uma equipe maior que muitas cidades do
Brasil. Existem mais de 90 mil colaboradores da instituição, espalhados por mais de 130 países em todo o mundo, tornando-se uma das maiores companhias de alimentos do mundo, graças ao nascimento de suas principais marcas, como  a Perdigão e a Sadia.

A empresa se auto-intitula como uma gestão sustentável, haja vista que segundo os organizadores, olha para o desenvolvimento das pessoas, desde os colaboradores até os consumidores. Além disso, de acordo com a coordenação, a empresa é sustentável, uma vez que respeita o meio-ambiente e o bem-estar animal.

Segundo o presidente, para a cidade, os prejuízos também são diversos, começando pelo consumo de milho e farelo, haverá prejuízos também para o “transporte de ração, de pintinhos, transporte de frangos, para a equipe de carregamento dos frangos, lojas de manutenção, posto de combustível e funcionários de forma geral. Enfim, uma grande parte do comércio onde produtores, funcionários e transportadores compram”, detalha.

Agora, os produtores e avicultores, reclamam por terem sido pegos de surpresa pela instituição e buscam uma nova empresa para fazerem parceria, “pois os aviários são construções específicas para este fim”, disse. 

Em nota enviada à imprensa, a BRF informou que não fechará sua unidade de Jataí, mas que dará início a “readequações” no mix de produção na planta, decisão que segue o planejamento da empresa. “A partir do dia 7 de agosto de 2023, a Companhia adotará férias coletivas de 30 dias para parte dos colaboradores que atuam na unidade e está tratando o tema de maneira individualizada”, acrescenta o texto da nota.

Faeg

Ao jornal O Hoje, a Federação de Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) informou que tomou conhecimento da situação ainda no dia 6 de julho deste ano, quando o anúncio foi feito, onde recebeu um documento enviado pela Associação dos Integrados Jataí (Sudoavi) da BRF, falando sobre a decisão da empresa. “Em vez de abater frango, eles vão abater o descarte de matrizes das outras unidades da BRF de Goiás”, disse o gerente técnico da Faeg, Edson Novais.

Segundo a Faeg, esta foi uma decisão estratégica da empresa e neste sentido, a Federação realizou uma reunião junto com outras instituições de Jataí. A partir disso, a Faeg espera que a BRF pague todos os valores legais que são devidos aos produtores.

“Logicamente a gente também está trabalhando para que esses produtores, possam ter outras alternativas também para comercializar ou produzir esses frangos que produziam na região, então esse é o nosso posicionamento a respeito dessa questão”, afirma o gerente.

Em relação à discussão da Federação com a empresa e os produtores da região, Edson Novais disse que o clima foi de mediação e orientação dos produtores, principalmente sobre o recebimento das indenizações. Eles foram orientados a seguir o que está no contrato e o que consta na integração, para que nenhum produtor seja prejudicado em relação ao seu pagamento.

A Federação reiterou que está acompanhando os produtores em todo o processo, para saber se realmente eles estão recebendo as suas indenizações de acordo com a lei, se a empresa está seguindo a lei de integração e se os acordos firmados nas reuniões estão sendo seguidos.

O papel da Faeg, neste sentido, é de intermediação, de articulação dos produtores junto à BRF. “Então, a única conversa que a gente teve nesse sentido, por hora, é essa orientação, esse trabalho de acompanhamento e de orientação que a federação está fazendo para os produtores”, finaliza.

“Estamos todos indignados”

Um avicultor de Jataí, que não quis se identificar, disse que a situação é difícil tanto para ele, quanto para os seus funcionários. “Eles estão comigo desde o começo, mais de 11 anos, e agora estão cumprindo aviso, vão ficar desempregados”, lamenta.

Ele relata ainda que apesar de a  granja não ser a sua única fonte de renda, é importante na sua composição de receitas. “Por mim não iria parar, mas não depende de mim” , lamenta. “Estamos todos indignados”, finaliza.

Além disso, o avicultor diz que se não for a BRF gostaria que outra empresa assumisse a integração na cidade, haja vista que o investimento é muito alto para “ficar parado”. 

“Pelos cálculos de um funcionário da BRF, serão aproximadamente 500 vagas de emprego a menos em Jataí, considerando funcionários do frigorífico, e terceirizados além dos integrados e granjeiros”, conta  o produtor.

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