Segunda-feira, 01 de julho de 2024

Aos poucos, obras do BRT são retomadas

Obra orçada em quase R$ 242 milhões tinha previsão de conclusão no primeiro semestre de 2017, mas agora deve ser concluída somente em 2020

Postado em: 23-07-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Obra orçada em quase R$ 242 milhões tinha previsão de conclusão no primeiro semestre de 2017, mas agora deve ser concluída somente em 2020

Gabriel Araújo*

A obra de construção do Bus Rapid Transit (BRT), obra que deve ligar Goiânia à Aparecida de Goiânia atendendo 148 bairros com 93 ônibus, reinicia de forma lenta. O BRT, quando pronto, deve contar com 28 veículos articulados e 65 convencionais divididos em quatro linhas para atender cerca de 120 mil pessoas por dia.

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Segundo o Consórcio BRT, as obras estão sendo executadas no trecho Norte entre o Recanto do Bosque e a Praça do Trabalhador. Esta etapa, conforme o órgão, será finalizada no fim deste ano. “Sobre os recursos, a Secretaria de Infraestrutura de Goiânia reforça que todos estão garantidos para a conclusão do trecho”, completou.

Com o término das obras inicialmente previsto para o fim do primeiro semestre de 2017, os trabalhos do BRT ficaram paralisadas por quase um ano devido a irregularidades na licitação e trabalhos. No último mês de março o atual prefeito de Goiânia, Iris Rezende (MDB), assinou o termo de serviço com as alterações previstas pelo Termo de Ajustamento de Conduta do Ministério Público Federal (MPF), mas as obras devem ser completas somente em outubro de 2020.

De acordo com o prefeito na época, a primeira parte do trecho entre o setor Balneário Meia Ponte até a Rodoviária está prevista para ser entregue até o aniversário da Capital. De acordo com o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), o Município de Goiânia e o Consórcio BRT-Goiânia devem adotar um plano de obras que contemple a completa conclusão do Subtrecho Norte do trecho II, entre a Avenida Independência e o Terminal Recanto do Bosque, antes de dar início às obras do Subtrecho Sul, entre a Avenida Independência e o Terminal Isidória e as obras do Trecho 01, que deve ser licitado novamente.

Segundo afirmou a superintendente regional da Caixa Econômica Federal, Marise Fernandes, os repasses para as obras já estão sendo feitos. “Os recursos já estão assegurados. O maior trecho, de 17 km, já está licitado e com os repasses previstos. Todos os cronogramas foram revistos com previsão de 24 meses”, disse.

História

O Bus Rapid Transit (BRT) foi anunciado em 2015, em uma parceria entre Governo Federal e Municipal, para uma obra orçada em cerca de R$ 242 milhões. Quando completo, o corredor terá 21,8 km de extensão e deve atender pelo menos 148 bairros da Capital e de Aparecida de Goiânia. A expectativa é de que mais de 120 mil pessoas usem o transporte diariamente, sendo até 15 mil somente no horário de pico.

De acordo com a prefeitura, um dos diferenciais do projeto para o sistema é o aumento médio na velocidade dos coletivos, que deve passar de 14 km/h para 28 km/h. O sistema foi criado para ligar as regiões noroeste, a partir do Terminal Recanto do Bosque, e sudoeste, chegando ao terminal de Integração Cruzeiro do Sul, na divisa com Aparecida de Goiânia. 

Entre as principais avenidas que fazem parte do trajeto estão a Avenida Rio Verde, Avenida 4ª Radial, Avenida Goiás, Avenida Lúcio Rebelo, Rua Oriente e, para que a velocidade média dos veículos possa aumentar, serão retirados alguns semáforos e pontos de cruzamentos.

Eixo Anhanguera

O Eixo Anhanguera é a maior linha de ônibus da Grande Goiânia, foi inaugurada em 1976 e é o segundo corredor específico de transporte coletivo do Brasil, sendo considerado um dos primeiros modelos dos atuais Ônibus de Transporte Rápido (BRT).

Com 13,5 km de extensão e 43 anos desde sua implantação, conta com cinco terminais e 19 estações elevadas de embarque e desembarque que sustentam um sistema que transporta mais de 250 mil pessoas por dia. De acordo com a Metrobus, as linhas de ligação que partem dos terminais representam 35% do total da rede. Ainda segundo o órgão, dos 18 municípios que compõe Rede Metropolitana de Transporte Coletivo, 15 possuem linhas que integram diretamente nos terminais do Eixo Anhanguera, tornando o sistema o mais importante da Grande Goiânia.

Em 2011 a Metrobus Transporte Coletivo S/A venceu a licitação e obteve a concessão de toda a extensão do Eixo Anhanguera por cerca de mais 20 anos. Logo no início da concessão, a Metrobus investiu cerca de R$ 4 milhões na restauração da pista central da Avenida Anhanguera, local por onde circulam os ônibus do transporte coletivo. No período, o objetivo era substituir todo o asfalto da via, para acabar com os problemas estruturais. 

Cidade sofre com grandes obras estruturais paradas 

Apesar de Goiânia ter ultrapassado a capacidade projetada de 50 mil habitantes já na década de 1950, diversos projetos foram realizados para que o trânsito da Capital pudesse se tornar mais controlável. Entre eles estão a Marginal Cascavel, que completa 27 anos em 2018 ainda sem sinal de término. A obra foi concebida em 1991, com a proposta da prefeitura de interligar a Avenida Rio Verde, em Aparecida de Goiânia, à Avenida Leste-Oeste, na Capital. Foi criada a expectativa de conclusão das obras ao longo dos aos de 1990, mas somente os trabalhos entre a Avenida Castelo Branco e a Avenida T-2 foram concluídos.

A obra completa teria a construção de duas pistas com 2,2 km de extensão, além da canalização do leito do Córrego Cascavel. Na última gestão, o objetivo era fazer uma ligação entre a Avenida Castelo Branco e a Avenida Leste Oeste na Vila Santa Helena, a um custo estimado de R$ 40 milhões provenientes do Programa Aceleração do crescimento (PAC), do Governo Federal, mas a obra foi paralisada após a divulgação da Operação Monte Carlo, que denunciou o envolvimento de políticos goianos em esquemas que visavam contratos com o Governo do Estado. 

Na época, a Construtora Delta teve o contrato para a obra suspenso devido ao envolvimento do empresário Carlinhos Cachoeira em pagamento de propina para que contratos fossem liberados. 

Do outro lado da cidade, a ampliação da Marginal Botafogo segue atrasada. A obra deve seguir da Avenida Jamel Cecílio a Avenida 2ª Radial. Em dezembro passado, a Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Seinfra) afirmou que as obras de prolongamento da via seriam entregues à população até dezembro de 2018, mas até o momento nenhuma movimentação foi observada no local.

A construção deve custar cerca de R$ 27 milhões, com apenas R$7 milhões provenientes da prefeitura de Goiânia e está dividida em etapas, com a desapropriação das famílias que moram às margens da marginal, as obras de drenagem da pista e as estruturações no leito do Córrego Botafogo.

Além disso, ainda existe a construção da Avenida Leste-Oeste, que teve o primeiro projeto de construção de uma avenida com sentido leste oeste na Capital data dos anos de 1970, quando foi criada a planta do que seria chamada de Via Expressa Norte. A Avenida seria construída sobre o leito da antiga Ferrovia Goiás e já tinha um orçamento e planejamento completo. 

A via teria uma plataforma de 45 metros de largura, com duas pistas de 16,50 metros de largura e uma faixa central de 10 metros de largura, reservada para implantação de ferrovia da Viação Férrea Centro-Oeste (V.F.C.O) e de um sistema de trem metropolitano de superfície. Na época, era estimado uma capacidade de sete mil veículos por hora.

O projeto continuou em pauta até o ano de 1985, quando a prefeitura negociava um acordo entre Viação Férrea Centro-Oeste e Petrobras para o financiamento e construção. Porém, devido aos altos custos e da falta de um acordo entre os órgãos que participariam da ação, o projeto foi abandonado.

Quase 15 anos depois, em 1997, o projeto de construção da atual Avenida Leste Oeste foi iniciado. Partindo do prédio da Câmara Municipal de Vereadores e seguindo até a Avenida Bernardo Sayão, no Setor Fama. Até o momento o projeto não foi completo e somente o sentido oeste da via foi construído, com o tempo, construções tomaram o entorno da antiga ferrovia e se tornaram obstáculos para a conclusão da obra. (Gabriel Araújo é estagiário do jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian). 

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