Aumenta mortalidade infantil em Goiás

Para a SBP, a epidemia do zika vírus e os efeitos da crise econômica no país sobre a população são alguns dos responsáveis pela alta da taxa

Postado em: 24-07-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Para a SBP, a epidemia do zika vírus e os efeitos da crise econômica no país sobre a população são alguns dos responsáveis pela alta da taxa

A SBP pede o empenho das autoridades sanitárias no enfrentamento da mortalidade infantil

Raunner Vinícius Soares*

Cresce o número de mortalidade infantil -crianças menores de 1 ano- em Goiás. Apesar do crescimento no número ser mais tímido, não é menos preocupante.  A taxa de mortalidade infantil registrada em 2014 era de 12,85 por mil. No ano seguinte o índice foi 12,23. Já em 2016 o número saltou para 13,02.

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Para o presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (CREMEGO), Leonardo Mariano Reis, em razão da crise econômica que ocasionou a falta de vacinas, disponibilizadas pelo poder público, as crianças ficaram mais vulneráveis, além de algumas doenças que estavam extintas voltaram. E também pela disseminação de alguns grupos antivacina, que propagam informações falsas na internet. “Não tem pesquisas que indique isso, tem que ser apurado”, explica. 

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) divulgou uma nota pública em que pede o empenho das autoridades sanitárias no enfrentamento das reais causas para o aumento na taxa de mortalidade infantil. Segundo a SBP, a confirmação desse número aponta o encerramento um ciclo positivo de quase três décadas. A SBP tem se manifestado firmemente junto ao Ministério da Saúde e outros órgãos do Governo cobrando providências para melhorar a qualidade da assistência para crianças e adolescentes.

Para a SBP, a epidemia de zika vírus e os efeitos da crise econômica no país sobre a população não podem ser considerados como os únicos responsáveis pela alta da taxa. “Não se pode ignorar fatores como a baixa cobertura vacinal e o risco de ocorrências de doenças infectocontagiosas (sarampo, meningite, tuberculose, sífilis congênita, dentre outros)”, diz a nota.

Brasil

A taxa de mortalidade infantil voltou a crescer no Brasil pela primeira vez desde 1990. O ano de 2016 registrou o mais alto índice dos últimos 26 anos e a tendência é de que a situação se repita nos registros de 2017 que ainda não foram concluídos. A taxa de mortalidade infantil é definida como o número de óbitos de menores de um ano de idade por mil nascidos vivos. 

A principal causa para o aumento do índice apontada pelo Ministério da Saúde é o surgimento do Zika vírus e a sua relação com a microcefalia, doença que teve seu auge justamente em 2016. Nessa época, o indicador nacional atingiu 14 óbitos infantis a cada mil nascimentos, o que representa um aumento de quase 5% sobre o ano anterior.

Um estudo prevê elevação da mortalidade infantil em 8,6% com redução de programas sociais. Sem a política de austeridade econômica, 124 mil internações e 20 mil mortes de crianças podem ser evitadas até 2030. As políticas de austeridade adotadas no Brasil contra a crise econômica levarão a um aumento de 8,6% da taxa de mortalidade infantil no Brasil até 2030, em comparação a um cenário no qual os programas de proteção social não tivessem sua cobertura reduzida. A conclusão é de um estudo realizado por um grupo internacional de cientistas e publicado na revista PLOS Medicine. (Raunner Vinícius Soares é estagiário do jornal O Hoje sob orientação do editor interino de Cidades Rafael Melo) 

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