Segunda-feira, 01 de julho de 2024

Furtos deixam Eixão às escuras

Cerca de R$ 65 mil foram gastos para repor cabeamentos nos últimos seis meses

Postado em: 24-07-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: Furtos deixam Eixão às escuras
Cerca de R$ 65 mil foram gastos para repor cabeamentos nos últimos seis meses

A prefeitura realizou a transferência da rede de iluminação do Eixo para postes convencionais (Wesley Costa)

Gabriel Araújo*

Falta iluminação no Eixo Anhanguera, em Goiânia. O segundo corredor de ônibus do país conta com 13,5 km de extensão e possui um sistema de iluminação próprio em que faltam postes e fiação. Região sofre com furtos recorrentes, o que já causou curto circuito no sistema e levou a ocorrência de acidentes.

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Uma equipe do O Hoje percorreu a via na última quinta-feira (19) do centro ao bairro Novo Mundo e encontrou locais em que postes foram retirados e fios furtados. Caixas utilizadas para a manutenção dos fios foram violadas e se encontram aos pedaços, nelas foi possível encontrar apenas terra, lixo e até plantas por não contarem com manutenção. 

O Hoje procurou a Secretaria de Infraestrutura da capital (Seinfra) questionando os problemas de iluminação e segurança, como a falta de postes, furtos e os riscos de choque elétricos, mas até o fechamento desta edição não foi respondido.

De acordo com a Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg), existe uma estimativa de que ações de vandalismo, como depredações ou furtos de bancos, lixeiras, fios de iluminação, luminárias, floreiras, dentre outros monumentos custem cerca de R$ 100 mil reais por mês para os cofres públicos. “Nos últimos meses, cerca de R$ 65 mil reais foram gastos para repor o cabeamento da iluminação da Av. Goiás e Rua 8 – mais conhecida como rua do lazer – no Centro e dos dois viadutos da Avenida 85”, afirmou o órgão em nota.

O furto da fiação já é algo comum em Goiânia, que tem três pontos principais de ação dos criminosos, a Praça Cívica, a Praça dos Trabalhadores e a Avenida Goiás. Somente em uma ação, em julho de 2017, a região central teve aproximadamente 3 mil metros de cabo levados. Na Avenida Goiás, uma das mais importantes para a história da capital, até postes ornamentais foram roubados. Na época, cerca de 10 unidades teriam sido levadas. Apenas um mês antes, quatro bairros de Aparecida de Goiânia e da Capital tiveram seu abastecimento de água prejudicado em decorrência do furto de fios de cobre em um dos poços de abastecimento da Saneago.

Nos seis primeiros meses deste ano o furto de fios de cobre e alumínio no estado cresceu 38%, em relação ao mesmo período de 2017. Foram 149 casos registrados pela Secretaria de Segurança Pública de Goiás (SSP-GO) em 2018 contra 108 no ano passado. Os principais pontos de furtos são os municípios de Águas lindas, Goiânia e Iporá que juntos equivalem a 48,3% dos furtos em todo o estado.

Especialistas afirmam que o cobre é roubado pelo alto valor de mercado e pela facilidade de venda, já que não é de fácil identificação. O material é descaracterizado e vendido para reciclagem, que o retorna para a indústria para que seja novamente utilizado.

Eixão

O Eixo Anhanguera possui 13,5 km de extensão e 43 anos desde sua implantação. São cinco terminais e 19 estações elevadas de embarque e desembarque que sustentam um sistema que transporta mais de 250 mil pessoas por dia.

De acordo com a Metrobus, empresa que venceu a licitação e obteve a concessão de toda a extensão do Eixo Anhanguera por uma média de 20 anos, cerca de 35% das linhas de ligação partem dos terminais do Eixo Anhanguera. Segundo o órgão, dos 18 municípios que compõe Rede Metropolitana de Transporte Coletivo, 15 possuem linhas que integram diretamente nos terminais do Eixo Anhanguera, tornando o sistema o mais importante da Grande Goiânia.

O projeto do eixo central na Avenida Anhanguera para ligar as regiões leste e oeste, foi do arquiteto curitibano Jaime Lerner. A ideia era fazer a linha servir de ponto de entrada e ligação das linhas do centro da capital, além de melhorar o fluxo de veículos na região ao diminuir a quantidade de ônibus. 

Fiação exposta coloca vida de pedestre em perigo 

Em julho de 2016 a adolescente Sarah Reis, de 16 anos, morreu ao ser eletrocutada na grade de proteção do corredor do Eixo Anhanguera, na Avenida Anhanguera, na capital. Na época, a estudante estava atravessando a avenida e, ao segurar na barra de metal do guard rail e em um poste de iluminação sofreu um choque e já ficou inconsciente.

O acidente aconteceu na região entre o viaduto da BR-153 e a Praça do Palmito, no Jardim Novo Mundo e foi preciso que a então Companhia Energética de Goiás (Celg) removesse a fiação da iluminação pública dentro do guard rail. A empresa informou que houve uma falha na rede, o que acabou energizando toda a estrutura.

O órgão responsável pela manutenção da iluminação pública, a Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Seinfra) informou que precisou transferir toda a rede de iluminação para os postes da região.

Realidade

A principal linha de ônibus de Goiânia e toda a região metropolitana, o Eixo Anhanguera, ainda sofre com a falta de manutenção no asfalto que compõe o percurso dos ônibus, o que gera a abertura de fissuras que se tornam buracos e colocam a segurança dos passageiros em risco. Uma equipe do O Hoje percorreu o Eixo na última quinta-feira (19) e percebeu ondulações e buracos no asfalto, além da falta da proteção lateral da pista em algumas áreas.

A Linha foi inaugurada em 1976, sendo o segundo corredor específico de transporte coletivo de todo o país e considerado um dos modelos de desenvolvimento do conceito dos atuais Ônibus de Transporte Rápido (BRT). Em 2011, logo após o início da concessão de 20 anos vencida pela Metrobus Transporte Coletivo S/A, foram investidos cerca de R$ 4 milhões na restauração da pista central da Avenida Anhanguera, local por onde circulam os ônibus do transporte coletivo. No período, o objetivo era substituir todo o asfalto da via para acabar com os problemas estruturais.

Do início de 2014 ao último mês de março a Metrobus, responsável pela administração do Eixo Anhanguera, foi multada 9.350 mil vezes, informou a Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC). No total, são mais de R$ 1 milhão em multas que se tratam, na maioria dos casos, do descumprimento dos horários dos ônibus.

A linha 001, dos ônibus que circulam pelo corredor central da avenida, conta com mais de dois milhões de passageiros por mês e, para que a demanda possa ser atendida é necessário que um veículo passe a cada quatro minutos.

Na época, a Metrobus afirmou que as multas são pagas após todos os recursos jurídicos sejam esgotados. “Existem diversas multas que estão sendo julgadas em segunda instância, as quais a Metrobus, por meio de seu departamento jurídico, julgam ser improcedentes. Em todo o caso, atualmente não há nenhum título de autuação em que não caibam mais questionamentos administrativos”, afirmou nota da empresa publicada no site do Governo de Goiás. (Gabriel Araújo* é estagiário do jornal O Hoje sob orientação do editor interino de Cidades Rafael Melo). 

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