Operação Policial desvenda esquema de motoristas falsos em Aeroporto de Goiânia

Motoristas de aplicativo utilizavam perfis falsos e dados de terceiros para atuar clandestinamente

Postado em: 04-08-2023 às 18h54
Por: Tathyane Melo
Imagem Ilustrando a Notícia: Operação Policial desvenda esquema de motoristas falsos em Aeroporto de Goiânia
Motoristas de aplicativo utilizavam perfis falsos e dados de terceiros para atuar clandestinamente | Foto: Rovena Rosa / Agência Brasil

No centro de uma operação policial realizada na quarta-feira (3/8) em Goiânia, a Polícia Civil de Goiás (PCGO) desvendou um esquema de motoristas de aplicativo que operavam de forma clandestina no Aeroporto Santa Genoveva. Os suspeitos, fazendo-se passar por motoristas credenciados de plataformas, foram descobertos utilizando perfis falsos e dados de terceiros para continuar operando mesmo após terem sido banidos dos aplicativos.

Segundo o delegado Humberto Teófilo, responsável pelo caso, a investigação teve início após denúncias e levou à prisão de diversos indivíduos que estavam envolvidos no esquema. O nome dos suspeitos não foi divulgado.

Após serem detidos, os suspeitos foram encaminhados à Central de Flagrantes. “Como é um crime de exercício ilegal da profissão, ele é liberado e pode responder por outros crimes, como associação criminosa, falsidade ideológica”, explicou o delegado.

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Ao abordar esses motoristas, a polícia teve a confissão de dois suspeitos, que admitiram ter adquirido informações pessoais de terceiros por cerca de R$ 400 cada, a fim de criar registros falsos e continuar prestando serviços ilegalmente.

“Fomos até o aeroporto e nos deparamos com mais de 8 motoristas e 4 deles foram detectados como falsos ubers. Eles estariam utilizando dados de terceiros, eles compraram dados de terceiros e utilizaram a foto deles, fizeram o novo registro”, diz o delegado.

Essa prática não só viola a regulamentação dos aplicativos de mobilidade, mas também coloca em risco a segurança dos passageiros. De acordo com o delegado, muitos dos motoristas presos em flagrante já tinham cometido algum tipo de infração criminosa. “Pessoas que têm passagem por furto ou pessoas que têm passagem por violência doméstica contra a mulher, e foram banidos aí por alguma situação que a gente não sabe precisar”, afirma Teófilo.

O delegado afirma que já foram relatados casos em que motoristas clandestinos ameaçaram passageiros por diferentes fatores, deixando-os em posição de risco.

“Primeiro o risco da própria integridade física, porque nós temos casos já, alguns registros de que o Uber já ameaçou a própria passageira por divergência na forma de pagamento. Já teve um caso em que um idoso tomou um prejuízo muito grande porque ele cobrou um preço exorbitante. Além de casos que temos aí, em especial das mulheres né?! Em questão de abuso sexual.”

Para combater essa situação, Teófilo alertou a população a utilizar apenas corridas solicitadas diretamente através dos aplicativos, evitando abordagens de motoristas oferecendo serviços por fora.

Quanto aos aplicativos de mobilidade, questiona-se sobre a eficácia de suas medidas de segurança. O delegado Humberto Teófilo explica que embora essas plataformas tenham sistemas de avaliação e filtros para verificar os motoristas, não é possível garantir 100% de segurança devido à possibilidade de criação de perfis falsos. Entretanto, motoristas que operam pelas plataformas estabelecidas tendem a ter uma taxa de aprovação mais alta e menos problemas.

“Normalmente quem faz corrida por fora é que tem o perfil falso e os que fazem corrida pela plataforma, já tem até uma taxa de avaliação, de aceitações de corrida, esses daí, mais de 90% não tem problema”, finaliza o delegado.

Essa operação policial não é um caso isolado. A proliferação de viagens clandestinas se intensificou com o aumento das corridas realizadas por meio de aplicativos de mobilidade no Brasil. Muitos motoristas, visando lucrar mais e contornar as margens impostas pelas empresas, oferecem preços mais baixos em troca de operações realizadas por fora do aplicativo. Para isso, chegam ao local de embarque, combinam a viagem e cancelam a corrida no app, evitando as taxas e regulamentações.

Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) destaca que viagens clandestinas estão sujeitas a multas e apreensão de veículos. Segundo a ANTT, “para fugir da fiscalização, os transportadores clandestinos optam, com frequência, por transitar em vias alternativas, por onde realizam percursos maiores, em estradas com más condições de manutenção. Conforme a Resolução nº 4.287/14, viagem clandestina estará sujeita a apreensão do veículo por 72h e multa no valor de R$ 7.428,32”.

No portal da organização, está mencionado que as inspeções do transporte clandestino são tipicamente conduzidas por meio de ações realizadas nas estradas. São examinadas as características gerais de segurança do veículo, as qualificações dos condutores e a autorização para a prestação do serviço.

O Jornal O Hoje procurou o aplicativo de transporte (Uber) para obter um posicionamento sobre o ocorrido. A empresa afirmou que não está em posição de fazer comentários sobre situações particulares sem a devida identificação dos indivíduos envolvidos. (Confira nota na íntegra).

Nota completa da Uber na íntegra:

Como não foram fornecidos pelo jornal O Hoje quaisquer dados que permitissem identificar contas na plataforma, não foi possível verificar se alguma das denúncias mencionadas de fato tem relação com o aplicativo.

De qualquer forma, vale ressaltar que todas as viagens da Uber necessariamente só podem ser realizadas por meio de canais oficiais, como o aplicativo, onde o usuário solicita um carro ao toque de um botão e recebe, via app, informações do motorista parceiro que vai buscá-lo, como nome, foto, além de modelo e placa do veículo. Dessa forma, qualquer viagem feita fora desses padrões não é uma viagem de Uber e, portanto, não dispõe das diversas ferramentas de tecnologia e processos de segurança oferecidas pela plataforma, nem é coberta pelo seguro APP que cobre acidentes pessoais durante viagens na plataforma.

É importante ressaltar que a oferta de viagens fora da plataforma configura uma violação aos Termos e Condições de adesão ao aplicativo. Temos equipes e tecnologias próprias que constantemente analisam viagens suspeitas para identificar violações aos Termos e Condições e, caso comprovadas, banir os envolvidos.

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