PC derruba esquema dos falsos cadastros de motoristas de aplicativo no aeroporto Santa Genoveva

Em conversa com o Jornal O Hoje, o delegado responsável pelo caso detalhou a prática do esquema criminoso

Postado em: 07-08-2023 às 08h47
Por: Alexandre Paes
Imagem Ilustrando a Notícia: PC derruba esquema dos falsos cadastros de motoristas de aplicativo no aeroporto Santa Genoveva
Em conversa com o Jornal O Hoje, o delegado responsável pelo caso detalhou a prática do esquema criminoso | Foto: Divulgação/PCGO

De olho nos motoristas de aplicativo que foram banidos das plataformas de mobilidade como a Uber e 99 Pop, os criminosos encontraram um novo mercado ilegal: o aluguel e a venda de contas falsas para que esses condutores continuem atuando. Na maioria das vezes, as contas são comercializadas por meio de grupos no Facebook e a promessa é de que o perfil “falso”, ou seja, criado por outra pessoa, tenha a foto e a biometria facial do comprador ou locatário.

Um caso recente é de quatro motoristas que foram presos pelas polícias Civil (PC) e Militar (PM) de Goiás suspeitos de utilizarem contas faltas em aplicativos de mobilidade. As apreensões foram feitas na madrugada da última quinta-feira (3/08), nos arredores do Aeroporto Internacional de Goiânia, no Santa Genoveva. Segundo informações da PCGO, dois suspeitos confessaram que foram comprar dados de terceiros e usá-los nos respectivos cadastros na Uber.

Procurado por esta reportagem, o delegado que deflagrou a operação, contou que, os criminosos compram dados de outras pessoas no mercado negro, usam a foto delas e fazem a corrida por fora. Além disso, existem várias reclamações de clientes referentes ao valor exorbitante cobrado no final das corridas.” Nós recebemos as denúncias de que esses falsos motoristas de aplicativo estariam atuando no aeroporto. Chegando lá, falamos com mais de oito motoristas e quatro deles foram detectados que eram falsos motoristas de aplicativo”, explica o Dr. Humberto Teófilo.

Continua após a publicidade

A polícia apontou que todo esquema servia para os bandidos fazerem um novo registro da conta, porque tinham sido banidos. “Eles foram identificados e presos por exercício ilegal da profissão. Inicialmente encaminhamos para a central de flagrante”, aponta o delegado. Teófilo conta que os perfis são de foragidos da justiça ou ex-presidiários. “A maioria das pessoas tem passagem por furto, passagem por violência doméstica, contra a mulher e foram banidos por alguma situação que a gente não sabe apontar. Provavelmente alguma irregularidade e infração que ele cometeu”, frisou.

Quando denunciados e flagrados, inicialmente os meliantes são enquadrados pelo crime de exercício ilegal da profissão, e depois são liberados e podem responder por outros crimes como associação criminosa e falsidade ideológica. Teófilo conta que a maioria dos alvos desses bandidos são pessoas que estão desembarcando. “Eles costumam atuar principalmente em saídas de aeroporto e rodoviárias, oferecendo corridas clandestinas por fora do aplicativo”, orienta.

De acordo com a corporação, quem aceita esse serviço, acaba correndo risco contra a própria integridade física. “Temos registros de que um deles já ameaçou a própria passageira por divergência na forma de pagamento ao final da corrida. Outro caso é de um idoso que tomou um prejuízo grande, após a cobrança de um preço exorbitante”, esclarece. 

Além de ser um crime de estelionato, o comércio de contas falsas coloca em risco a segurança dos passageiros, pois fica mais difícil rastrear um motorista caso ele cometa um crime. “Acredito que cabe também a fiscalização de trânsito fazer esse trabalho de fiscalização dos veículos, conferindo as informações do condutor e até mesmo do registro em aplicativo”, acredita o delegado.

Mas além destes casos citados, o delegado destaca que os meliantes realizam propostas para mulheres, e podem acabar cometendo abuso sexual. A dica de segurança é você jamais aceitar corridas fora do aplicativo. Essa é uma situação complicada porque acredito que as plataformas são 100% seguras. Sabemos que para um usuário se cadastrar nos aplicativos de mobilidade é preciso dados pessoais, do veículo e fotos. Então é um trabalho de investigação”, completa Humberto.

Teófilo alerta os usuários a não pegarem uma “corrida” fora do aplicativo. “Os próprios usuários arriscam as suas próprias vidas. Para ter maior segurança, a sugestão é que a pessoa possa sempre estar chamando um motorista através do aplicativo oficial pelo celular”, destacou. Quanto à identidade dos indivíduos pegos em flagrante em Goiânia, a identidade dos indivíduos não foi revelada e, por isso, não foi possível entrar em contato com a defesa deles.

O Jornal O Hoje procurou a plataforma da Uber que, por meio de nota, explicou que a empresa não é capaz de comentar situações específicas sem a identificação destes envolvidos. “Motoristas não podem circular com veículo diferente do cadastrado nas corridas por aplicativo. Caso o passageiro perceba algo estranho, nossa orientação é que ele peça para descer, ou sequer inicie entrar no veículo para iniciar uma corrida”, recomenda.

Veja Também