Segunda-feira, 22 de julho de 2024

Hoje é celebrado o Dia Internacional do Gato

Médica veterinária ressalta a importância da adoção e castração de gatos para reduzir a quantidade alarmante de felinos abandonados nas ruas

Postado em: 08-08-2023 às 08h00
Por: Larissa Oliveira
Imagem Ilustrando a Notícia: Hoje é celebrado o Dia Internacional do Gato
Pesquisas comprovam que ter um gato de estimação pode reduzir sintomas da ansiedade e da depressão | Foto: Arquivo pessoal/Mateus Monteiro Silva

Hoje, dia 08 de agosto, é celebrado o Dia Internacional do Gato. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), atualmente, 44,3% dos domicílios possuem pelo menos um cachorro e 17,7% ao menos um gato. Apesar da preferência de muitos brasileiros por cães, os gatos são conhecidos por darem menos trabalho aos seus tutores e serem companheiros carinhosos, brincalhões e fiéis. Pesquisas comprovam que ter um gato de estimação pode reduzir sintomas da ansiedade e da depressão. Portanto, se você nunca teve um gato, considere dar uma chance para uma amizade felina. 

Mateus Monteiro Silva, de 26 anos, conta que ama tanto cachorros quanto gatos. “Mas, atualmente, sou dono de sete gatinhos, todos adotados”, afirmou ao O Hoje. Para o jovem, a adoção de gatos é extremamente importante. “A adoção de animais é essencial por conta da quantidade de abandonos. Existem muitos animais abandonados e quando a gente adota, ameniza o quantitativo de animais que vivem em situação de rua”, destaca. Segundo o jovem, não é contra a compra de animais. “Mas o ideal seria adotar animais de rua, por conta da grande quantidade de cães e gatos abandonados”, enfatiza.

Muitas pessoas ainda têm preconceito com felinos, principalmente devido à superstições. “A nossa sociedade é muito baseada no senso comum e em relação aos gatos, isso precisa ser quebrado. Cabe a nós, que temos experiência, mostrar para as pessoas que os gatos não são traiçoeiros e egoístas. Na verdade, eles são muito carinhosos e gostam de te recepcionar quando você chega em casa. Ao contrário do que muitos pensam, eles se importam com seus donos. E também são muito fofos e engraçados, trazem alegria para você mesmo nos piores dias”, afirma Mateus Monteiro. 

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Abandono é crime

De acordo com a ONG AMPARA Animal, no começo da pandemia da Covid-19, a adoção de animais se intensificou no Brasil. Entre abril e julho de 2020, houve um aumento de 30% na aquisição de novos pets durante o período de isolamento social. Porém, muita coisa mudou no auge da pandemia. Empregos foram perdidos e muitas pessoas tiveram que dar adeus a parentes e amigos. Além disso, muitos brasileiros enfrentaram um dos maiores índices de inflação e desemprego. Conforme a ONG AMPARA Animal, entre 2020 e 2021, o número de abandonos de cães e gatos cresceu em 60% em todo o país. 

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), há cerca de 30 milhões de animais abandonados no Brasil, dos quais 10 milhões são gatos e 20 milhões, cães. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (SES), estima-se que haja uma população em situação de rua de 1.133.219 cães e 113.890 gatos em Goiás. Vale ressaltar que abandonar animais é crime. O abandono é considerado uma das formas de maus-tratos e quem maltratar cães e gatos pode ser preso por 2 até 5 anos. Conforme a Lei Federal n° 14.064/2020, o criminoso também pode pagar multa e ter a guarda proibida.

Muitas pessoas não sabem, mas a maioria desses animais já teve uma família. A Sociedade Mineira Protetora dos Animais afirma que 8 a cada 10 animais já tiveram um lar anteriormente. Vários donos abandonam devido a problemas de comportamento, de sujeira ou bagunça, pelos pets serem barulhentos, exigirem atenção e até mesmo porque algum membro familiar não gosta de animais. Animais que antes tinham comida, abrigo e segurança, agora passam fome, sede, frio e medo nas ruas. Diante desse cenário, a adoção de animais se torna primordial. 

Adote e castre

A médica veterinária Maria Alice Medeiros relatou ao O Hoje que recebe muitos animais resgatados das ruas ou encontrados em situação de maus-tratos. “Toda essa parte básica de como cuidar dos animais a gente tem que passar para as pessoas. Boa parte da população não sabe que a gente tem que vacinar, dar vermífugo e castrar. E, principalmente, que não pode abandonar. É de uma vida que a gente tá falando, bichos não são descartáveis”, enfatizou. Segundo a especialista, existem muitos motivos pelos quais as pessoas decidem abandonar os animais.

“Quando a pessoa adota, ela não pensa que esse animal ainda vai viver por muitos anos. Você está pegando um animalzinho a longo prazo. Então, se sua vida mudar no ano que vem e você precisar mudar de casa, esse animalzinho ainda vai ser seu. Você tem que pensar que se passar por alguma dificuldade, você ainda tem essa responsabilidade. Se tiver um bebê, ainda tem essa responsabilidade. Os filhotes, por exemplo, fazem muita bagunça, mas muitas pessoas não têm paciência. Acham que batendo eles vão aprender, mas não é bem assim. Isso gera muitos abandonos também”, explica.

A médica veterinária destaca a importância de adotar. “Existe animal de tudo quanto é jeito para adoção. Os abrigos sabem o perfil de cada gato que tem lá. Então, eles selecionam aquele que atende mais aos pedidos de quem deseja adotar e é feito um período de teste para saber se o felino vai se adaptar bem ou não. A quantidade de animais nos abrigos é absurda. Às vezes, eu passo o dia no abrigo e todos vêm para cima, pedindo por atenção”, descreve. Segundo a especialista, a enorme quantidade de animais em situação de rua poderia ser reduzida com a castração. 

“A vacina anti-cio apenas mascara um problema, que seria o cio e a procriação. Além disso, ao aplicar mais de uma dose, pode acarretar em várias doenças para a fêmea, como hiperplasia mamária”, ressalta. A veterinária explica que as gatas costumam ter cio a cada 30 dias. “À cada ninhada, a fêmea dá à luz a 10, 12 filhotes. Então, a gente sempre orienta, quando pegar um animalzinho, castra. Acontece muito de donos contarem que os gatos fugiram. Então, já castra desde cedo, porque se escapar e for castrado, não vai cruzar e gerar ainda mais filhotes abandonados”, argumenta.

Sobre mitos e superstições, a veterinária afirma que são infundados. “O gato preto é igual a todos os gatos, ele só tem a pelagem preta. Isso é algo muito absurdo, gato preto não dá azar!”, salienta. Segundo a especialista, o comportamento de gatos não é muito diferente do de cães. “Tem gatos que são mais independentes, assim como também tem cães que são mais independentes. E assim como tem cães que são muito grudentos, também tem gatos que são bastante grudentos. Isso depende do perfil de cada animalzinho. Abram o coração e deem uma chance para um gatinho. Tenho certeza que vocês vão pensar que deveriam ter adotado bem antes”, afirma Maria Alice Medeiros.

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