Policiais Militares vão a júri popular por morte de refém

PMs são acusados de matar vítima e assaltante, seguido da tentativa de forjar a cena do crime

Postado em: 28-07-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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PMs são acusados de matar vítima e assaltante, seguido da tentativa de forjar a cena do crime

*Fernanda Martins

Os policiais Militares Gilmar Alves dos Santos e Paulo Márcio Tavares foram mandados a júri popular e vão responder por uma abordagem policial que resultou na morte de assaltante e refém, e também por tentar forjar a cena do crime. A perseguição aconteceu em Senador Canedo, em novembro do ano passado.

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Oito meses após o crime, o juiz Thúlio Marco Miranda, da 2ª Vara de Senador Canedo, compreendeu que a ação policial não foi executada de acordo com os procedimentos da Polícia Militar, e a abordagem foi desastrosa.

Os PMs são acusados pelo homicídio do menor infrator Marco Antônio Pereira de Brito, de 17 anos, e de forjar a cena do crime. O policial Paulo Marcio também irá responder pela morte de Tiago Ribeiro Messias, de 31 anos, que era refém. A vítima foi sequestrada e estava sob a mira da arma do assaltante, mas Tiago foi atingido apenas por disparos da arma de fogo do policial Paulo Marcio.

Na época do crime a assessoria de imprensa da Polícia Militar informou por meio de nota que durante as abordagens os policiais foram recebidos por disparos de armas de fogo provenientes de dentro do carro, por isso revidaram atingindo os ocupantes. Entretanto, imagens de câmeras de segurança do local mostraram que os policiais desceram da viatura dando início a uma série de tiros. Ao perceber que o refém tinha sido atingido, um dos acusados tentou alterar a cena do crime. A perícia técnica também comprovou que não foi efetuado nenhum disparo da arma que o assaltante portava, por isso não houve troca de tiros.

O juiz Thulio Marco Miranda destacou em sua decisão que os acusados desobedeceram aos procedimentos padrões, fazendo uma abordagem falha e tentando forjar a cena do crime. Ressaltou ainda que o laudo de análise das imagens é claro, que os policiais já desceram da viatura dando início a uma série de tiros contra o automóvel.

O advogado dos policiais, Ricardo Naves, informou que vai recorrer da decisão e solicitar que os acusados respondam em liberdade. A defesa já havia dito que os policiais cometeram um erro plenamente justificado pelas circunstâncias.

O crime

Na sexta-feira, 24 de novembro de 2017, a família de Tiago tinha sido vítima de um assalto na chácara onde viviam. A esposa de Tiago afirmou que os responsáveis pelo assalto do dia anterior foram o menor de idade, Marco Antônio, junto a um comparsa, e que levaram um carro que foi encontrado no mesmo dia.

No dia seguinte, 25 de novembro, Marco Antonio voltou à chácara armado. Tiago Ribeiro Messias foi abordado e obrigado a entrar em seu carro, um VW Gol, e dirigir com o assaltante no banco do passageiro.

A esposa do refém, Rovena Messias, ligou para o 190 e descreveu toda a situação. Os policiais perseguiram o carro com a vítima e o assaltante, câmeras de segurança que estavam no local mostraram que os policiais atiraram várias vezes contra o veículo, matando Tiago e o menor assaltante.

Logo depois, as filmagens mostram Tiago sendo socorrido. Os policiais o retiraram do veículo e colocaram no porta-malas da viatura. O PM Gilmar Alves dos Santos é visto nas imagens entrando no veículo e atirando pelo menos seis vezes, na tentativa de alterar a cena do crime.

O assaltante, menor de idade, Marco Antônio Pereira de Brito, teve 20 perfurações dos tiros e morreu no local. O refém foi socorrido e levado para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), mas no caminho a viatura bateu em um poste. Uma ambulância foi realizar o socorro, mas Tiago já chegou morto ao hospital. (Fernanda Martins* é estagiária do jornal O Hoje sob orientação do editor interino de Cidades Rafael Melo). 

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