Tempo seco exige cuidados especiais com a saúde

O dia nesta terça-feira (15) começou nublado e com a baixa umidade do ar.  Sinal ruim para quem sofre de sinusite e outras doenças respiratórias. Como mostrado pelo O Hoje nesta terça, a situação piora com o fogaréu que se espalha pela cidade em incêndios esporádicos.

André Amorim, gerente do Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas de Goiás (Cimehgo) diz que apesar dessa nebulosidade que cobre boa parte das regiões centro e sul do Estado, o tempo permanece seco. O período de estiagem, ou seja, de ausência de chuva, vai perdurar até meados do mês de outubro, quando chega o período chuvoso.

No entanto, o Cimehgo espera que no próximo final de semana, mais especificamente de sábado para domingo, pode haver pancadas de chuvas no centro e sul de Goiás, devido a passagem de uma frente fria que pode provocar instabilidade. Mas, apesar da chuva, o problema do tempo seco não será resolvido, segundo André Amorim.

“Nós estamos aí com 60 e poucos dias sem chuvas, em algumas regiões aqui no estado, até mais de 100 dias sem chuvas”, lembra o especialista.

Para André, a baixa umidade relativa do ar, é um sinal de alerta para a população em boa parte do estado e que nos próximos meses pode chegar até a casa dos 10%. “Ainda teremos essa situação aí. Mesmo que ocorra uma chuva ou outra, é igual eu falei, um pequeno paliativo. Chuva mesmo, só quando tiver frequência. Então a umidade ainda continua baixa”, disse.

Os principais cuidados para esse período seco não fogem às regras de sempre: as pessoas devem se hidratar com frequência; evitar exposição ao sol nas horas mais quentes do dia, como o período da tarde, onde a umidade e a temperatura estão mais elevadas.

Além disso, o especialista destaca que nesse tempo seco, também é importante cuidar da pele e prevenir contra as doenças respiratórias. Outro problema enfrentado nesta época do ano, é a questão das queimadas, que segundo André, é um problema crônico no estado e têm provocado inúmeros problemas na capital e em outras regiões de Goiás.

A senhora Maria Tereza Souza Alcântara, moradora de Cachoeira Dourada de Goiás, saiu de casa por volta das 12 horas em direção à Goiânia, onde precisou realizar algumas consultas médicas. Preocupada com o frio, ela vestiu agasalhos, mas se surpreendeu com o clima ao chegar na cidade. “Quando cheguei em Goiânia, o clima estava diferente”, disse.

Sentada em um banco da praça enquanto aguarda o atendimento médico, Maria Tereza fala sobre as dificuldades enfrentadas devido às mudanças climáticas repentinas. “Esse clima aqui piora a saúde, porque na mesma hora que faz calor já faz frio. A gente fica gripado, a boca e as mãos ficam secas”, conta.

Alcino Pereira Alcântara, marido da dona Teresa, também mostra a sua insatisfação com o clima.  “ É um clima ruim, eu não acho bom não.  Na minha cidade, hoje o tempo deu uma mudada mas está seco devido às muitas queimadas”, relata.

Cuidados necessários com a saúde 

Os cuidados necessários com a pele, por exemplo, nesse período seco, envolvem a ingestão de muita água, a hidratação da pele em todo o corpo com cremes hidratantes estando com a pele ainda úmida, banho de morno para frio e banho rápido com uso de bucha vegetal somente nos pés. É o que afirma o dermatologista Dr. Eduardo Álvares.

Em situações em que os lábios começam a descamar, segundo o médico, é importante usar bastante hidratante labial. “Então o paciente tem que ter na bolsa ou no bolso esses hidratantes em bastões e passar no lábio sempre que sentir que está descamando e está ressecado”, orienta. Além disso, destaca que no período da noite, é interessante usar um hidratante mais “grudento” no lábio para dormir.

Independente do período estar seco ou mais úmido, a pele sempre pede cuidados essenciais e esses cuidados variam de acordo com cada tipo de pele, de acordo com Eduardo. “Todas as peles necessitam de hidratação, independente da época do ano, só que cada tipo de pele, a pele mista é um tipo de hidratante, a pele já seca outro, a oleosa é outro tipo e tem a pele sensível e sensibilizada”, explica.

No caso das pessoas que já têm a pele mais ressecada,  a situação é ainda mais delicada quando chega o tempo seco, por isso, essas pessoas precisam ter um cuidado ainda maior, segundo o especialista.

Além dos problemas que podem surgir na pele, devido ao tempo seco, podem surgir também doenças respiratórias. Diante da situação, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) alerta para os cuidados nesse período, já que estas doenças respiratórias virais podem evoluir para Síndrome Respiratória Aguda Grave. Nesse caso, as medidas de etiqueta respiratória envolvem cobrir com o antebraço a boca e nariz ao tossir e espirrar, lavar constantemente as mãos e usar álcool em gel 70%.

A alergista e imunologista, Raissa Pimentel, destaca ainda a rinite alérgica, asma e a conjuntivite alérgica, como umas das principais doenças respiratórias que surgem em decorrência do tempo seco. Segundo a especialista, isso se dá por conta dos agentes irritativos, como a poeira, poluição e pelos de animais, que ficam mais tempo no ar. Além disso, o tempo seco e frio é um inflamatório para as vias aéreas de pessoas que já têm alergias, segundo ela.

No período do inverno,é comum que as pessoas lavem menos as mãos e fiquem mais tempo em locais com grandes aglomerações e isso colabora para que ocorram essas infecções. “Então, é importante sempre manter a higiene pessoal e o uso de máscaras também é uma opção para evitar essas problemáticas”, destaca a médica.

No caso de pessoas que já possuem algum tipo de alergia ou doença respiratória, Raissa Pimentel diz que para além da  lavagem nasal com o soro fisiológico, o uso de lágrimas artificiais nos olhos, também é importante.

As orientações da especialista para a população nesta época do ano, é usar o ar-condicionado somente quando houver necessidade, uma vez que ele diminui a umidade do ar mais ainda e fazer a manutenção dos filtros do aparelho com frequência, para evitar alergias por conta da poeira e ácaro; espalhar toalhas molhadas na casa; usar umidificador – lembrar que ele só pode ficar ligado cerca de três horas por dia.