Demolição marca recomeço de obras

Estrutura foi planejada em 2008, mas passa por mudanças completas no projeto. Obra orçada em mais de R$ 4 milhões tem previsão para entrega em menos de 12 meses.

Postado em: 01-08-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Estrutura foi planejada em 2008, mas passa por mudanças completas no projeto. Obra orçada em mais de R$ 4 milhões tem previsão para entrega em menos de 12 meses.

Gabriel Araújo*

A antiga estrutura construída para a Casa de Vidro, edifício voltado para eventos culturais localizado no Jardim Goiás, está sendo demolida para compor as alterações estruturais do projeto da obra. No total, cerca de R$ 500 mil já haviam sido investidos na construção da fundação do edifício.

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A construção da Casa de Vidro é impasse há 10 anos e foi anunciada a licitação no primeiro semestre de 2018 com diversas mudanças em relação ao projeto original. Com isso, a prefeitura passou a ser responsável pelo pagamento de R$ 1 milhão em contrapartida para a continuidade da obra. Cerca de R$ 3 milhões, são de responsabilidade do Tribunal de Contas da União (TCU), que ainda não liberou o dinheiro. De acordo com o órgão, o recurso federal é repassado pela Caixa Econômica somente no caso em que Prefeitura atenda às recomendações do último acórdão do TCU.

No último mês de junho homens voltaram a trabalhar na construção da Casa de Vidro, após quase dois meses do anúncio dos trabalhos. A empreitada do projeto foi iniciada há cerca de 10 anos, após a então deputada Dona Iris conseguir a liberação do Governo Federal de R$ 4 milhões para o início do projeto, na época o local seria construído em vidro, com duas cúpulas, auditório e administração. 

De acordo com a Secretaria de Infraestrutura de Goiânia (Seinfra) a demolição de parte da antiga estrutura se dá por alterações pedidas pelo TCU e Caixa Econômica Federal para adequações no projeto. “Toda estrutura, como tubulões, paredes de contenções e movimentos de terras, será aproveitada. Ao invés das duas cúpulas de vidro previstas inicialmente, o local abrigará um belo edifício com fachadas de vidro, contendo auditório, biblioteca virtual, salão de artes, espaço para atividades interativas, lanchonete e banheiros, além da parte administrativa”, afirmou o órgão.

No último mês de abril, a prefeitura de Goiânia deu o primeiro passo para que a obra pudesse voltar a fazer parte do cronograma de construções municipais. O prefeito Iris Rezende (MDB), assinou na época a ordem de serviço para a retomada da obra definindo também a conclusão em um ano.

Durante o anúncio, um dos arquitetos da Secretária Municipal de Infraestrutura (Seinfra), Fernando Guerra, responsável pelas alterações no projeto, afirmou que as mudanças estruturais ajudaram a baixar o preço da construção. “Foi necessária a verificação para melhorar o conforto e possíveis problemas de climatização internos que teria com o telhado de vidro, que deveria ser realizado com um tipo de material específico e que se tornou inviável para a prefeitura. O vidro será mantido, mas somente nas fachadas. Com essas mudanças, o projeto que estava orçado em R$ 6 milhões passou para R$ 3,96 milhões, oriundos do Ministério do Turismo e contrapartida da prefeitura”, contou.

Mudança de Projeto

No ano passado a prefeitura havia anunciado o retorno das obras e buscava uma empresa, mas durante o tempo de abertura da licitação ninguém se interessou pelo antigo projeto, o que forçou a mudança. 

O novo projeto do centro cultural tem uma área de 2280 metros quadrados e conta com dois salões e um auditório com capacidade para pouco mais de 200 pessoas. “Além disso, o espaço contará com um café e biblioteca virtual. Esse projeto é que diversas pessoas tenham acesso à exposições artísticas, peças de teatro, espetáculos de dança dentro da capacidade do centro”, apontou o arquiteto Fernando Guerra.

O projeto conta com um subsolo que será a entrada para o estacionamento com acesso pela Rua 52 e no térreo, o principal espaço destinado ao público terá uma Cafeteria, com espelho d’água na área externa, um espaço de convivência, auditório com camarins, Biblioteca virtual, Espaço Multiuso, Salão de Artes e Espaço para Atividades Interativas. O pavimento superior será destinado à Administração do centro cultural.

De acordo com o contrato firmado com a vencedora da nova licitação, a Geo Engenharia, os trabalhos devem ser concluídos em 12 meses. Os recursos são uma parceria entre Ministério do Turismo, Prefeitura de Goiânia, que deve investir cerca de R$ 1 milhão, e Caixa Econômica Federal.  A Secretaria Municipal de Cultura administrará a unidade. 

Local era utilizado por catadores de lixo e moradores de rua 

Em visita realizada no último mês de junho, O Hoje constatou que o local onde está sendo construída a casa de vidro era utilizado como local de separação de lixo por catadores e como moradia por moradores de rua. A presença de pessoas em situação de rua é uma das principais reclamações da população da região, que temem o risco do local que pode ser usado para utilização de entorpecentes.

Dados oficiais do Movimento Nacional da População em Situação de Rua (MNPR) estima que mais de duas mil pessoas estejam em situação de rua em Goiânia. Segundo o coordenador estadual do movimento, Eduardo Matos, em entrevista ao O Hoje no início deste ano, o poder público não conseguiu acompanhar o desenvolvimento urbano nacional. “O principal problema é a ausência das políticas públicas, que não conseguiu acompanhar o crescimento da população e leva muitas pessoas a situações de vulnerabilidade.”, completa.

De acordo com pesquisa do Núcleo de Estudos sobre Criminalidade e Violência (Necrivi) da Universidade Federal de Goiás (UFG) a região do Jardim América, leste de Goiânia, concentra cerca de 10% das pessoas em situação de rua da capital, ficando atrás das regiões centrais, com 46,6%, sul, com 15,8% e oeste, com 11,5%.

Histórico

O centro cultural, que ficou conhecido como Casa de Vidro devido ao projeto na época não usual, foi anunciado pela primeira vez em 2008, quando a então deputada federal Dona Iris conseguiu a liberação de recurso do Ministério do Turismo por meio de uma emenda parlamentar.

A construção do local teve início dois anos depois, em dezembro de 2010, mas pararam já no início de 2011 devido à rescisão de contrato da empresa responsável pela obra, com apenas 7,25% do projeto concluído. Na época, a empresa alegou incompatibilidade com o valor proposto em contrato e o que seria gasto na obra.

O centro cultural foi orçado em quase R$ 4 milhões e contava com uma cúpula de vidro, com formato elipsoide com mais de 13 metros de altura, um salão multiuso acoplado, que seria revestido com lâminas de alumínio inspiradas nas escamas do fruto do buriti. (Gabriel Araújo* é estagiário do jornal O Hoje sob orientação do editor interino de Cidades Rafael Melo). 

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