Tabagismo é responsável por cerca de 85% dos casos de câncer de pulmão

O câncer de pulmão é o terceiro mais comum em homens e o quarto entre as mulheres no Brasil

Postado em: 18-08-2023 às 08h30
Por: Ronilma Pinheiro
Imagem Ilustrando a Notícia: Tabagismo é responsável por cerca de 85% dos casos de câncer de pulmão
Além do cigarro tradicional, novas formas de se consumir a droga se tornam cada vez mais populares entre jovens | Foto: Brasil Escola

O câncer de pulmão é um dos tumores malignos mais comuns e o tabagismo é o principal fator de risco para a doença, sendo o responsável por cerca de 85% dos casos. Além do câncer, o tabagismo contribui para o desenvolvimento de várias doenças graves, como as doenças cardiovasculares e respiratórias.

O oncologista clínico do Centro de Oncologia IHG, Gabriel Felipe Santiago, aponta que, no mundo, cerca de 2 milhões e 800 mil pessoas são acometidas pela doença, que surge de maneira silenciosa. Grande parte dos casos diagnosticados estão diretamente associados ao uso de derivados de tabaco.

Dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca) mostram que com exceção do câncer de pele não melanoma, o câncer de pulmão é o terceiro mais comum em homens e o quarto entre as mulheres no Brasil. O risco de contrair a doença entre fumantes é de 20 a 60 vezes mais do que entre as pessoas que não usam tabaco.

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No entanto, Gabriel Santiago ressalta que a exposição passiva ao cigarro também é um importante fator de risco para o desenvolvimento da doença, que atinge o pulmão de forma violenta. Dessa forma, o especialista destaca que é importante estar em alerta para os sinais. “Rouquidão, lesões na boca, dificuldade de respirar, tosse e perda de peso são alguns dos principais sintomas da patologia. É sempre importante, além de abandonar hábitos que corroboram para a enfermidade no sistema respiratório, realizar exames de rotina e abandonar o sedentarismo,” explica.

Raymara de Castro, oncologista clínica, acrescenta que o câncer de pulmão possui, ainda, sintomas como a dor torácica e desconforto ao inspirar, às vezes, e que esses sintomas estão ligados, na maioria das vezes, à localização do tumor, mas que normalmente não tem sintomas. “O paciente se torna sintomático quando a doença já está no estágio mais avançado”, explica a especialista.

O diagnóstico é feito por meio de raios x realizados no tórax ou pela tomografia (exame radiológico que permite visualizar as estruturas anatômicas na forma de cortes). “Caso o exame detecta um nódulo que tenha uma característica mais sugestiva de neoplasia, é indicado fazer uma biópsia, seja guiada por tomografia ou por ultrassom, para aí sim dar o diagnóstico confirmatório da doença e o tipo histológico da doença, para então, direcionar adequadamente o tratamento”, explica.

O tratamento consiste em quimioterapias, radioterapias e cirurgias. No entanto, inicialmente, é necessário fazer o estadiamento do paciente, ou seja, avaliar o grau de disseminação da doença no seu corpo, onde é possível ver a localização, o tamanho do tumor, número de linfonodos (estruturas do sistema linfático cuja função é manter o equilíbrio de fluidos, com a produção da linfa e o sistema imunológico, mantendo o corpo saudável) e de cadeias linfonodais acometidas. As terapias que serão realizadas durante os tratamentos vão depender do tipo da doença e agravamento. 

As prevenções contra o câncer de pulmão consistem em evitar ainda o tabagismo, que é um dos principais pontos que levam ao desenvolvimento da doença e manter uma alimentação adequada, como o consumo de frutas, verduras e alimentos menos industrializados. Além disso, ela destaca que tomar bastante água pode ser uma forma de prevenção.

Agosto Branco

O mês de agosto é marcado pela campanha “Agosto Branco”, que busca conscientizar a população sobre os danos causados pelo consumo de cigarro e sua relação com o surgimento do câncer de pulmão.

O número de fumantes teve uma queda de 51,1% para 46,6%, pelo menos é o que mostram os dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS 2019), divulgados em 2021 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com o apoio do Ministério da Saúde. No entanto, no Brasil, o número de consumidores dessas substâncias ainda preocupa as autoridades da saúde. A cada ano, 160 mil pessoas morrem em decorrência do tabagismo no país.

Vale ressaltar ainda que nos últimos anos os cigarros eletrônicos, mais conhecidos como vapes, têm se popularizado, principalmente entre o público jovem, como uma possível alternativa menos prejudicial do que o fumo convencional. Contrariando esta perspectiva, estudos e pesquisas mostram que o uso de cigarros eletrônicos pode acarretar riscos significativos para a saúde pulmonar, incluindo o potencial surgimento de câncer de pulmão.

Os dispositivos eletrônicos não são opções seguras e possuem substâncias tóxicas além da nicotina, segundo o Inca. Apesar dos grandes avanços significativos no combate ao cigarro nas últimas décadas, com políticas de saúde pública e conscientização, novas maneiras de fumar surgiram e estas são tão prejudiciais quanto o modo mais tradicional.

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