Construção do Anfiteatro de Aparecida segue parado

Obra iniciada em 2014 apresentou diversos problemas no projeto, o que levou ao aumento no valor e a rescisão de contrato

Postado em: 02-08-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: Construção do Anfiteatro de Aparecida segue parado
Obra iniciada em 2014 apresentou diversos problemas no projeto, o que levou ao aumento no valor e a rescisão de contrato

Contrato do empreendimento foi alterado diversas vezes por problemas no projeto de execução, valor passou de R$ 3,7 milhões para R$ 6,7 milhões (Wesley Costa)

Gabriel Araújo*

A construção do Anfiteatro Municipal de Aparecida de Goiânia está paralisada e deve passar por nova licitação. O contrato da obra iniciada em 2014, com primeira previsão para término em 2015, foi alterado diversas vezes por problemas no projeto de execução, valor passou de R$ 3,7 milhões para R$ 6,7 milhões.

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Conforme informado pela prefeitura de Aparecida de Goiânia, a obra passou por problemas devido à falta de itens no contrato inicial e o dinheiro não repassado pelo Governo Federal. Devido a tais dificuldades houve a rescisão do contrato há três meses e agora o objetivo é conseguir a autorização da Caixa Econômica Federal para a criação de outra licitação.

Segundo o atual secretário da fazenda do município, André Luis, a obra já está com 45% de conclusão e deve ter licitação entregue no próximo ano. “Com a rescisão do contrato, nós refizemos o projeto e já apresentamos o orçamento para a Caixa. Nós devemos licitar esse projeto ainda este ano, em 2018, e entregar já em 2019”, completa. 

De acordo com um funcionário público que preferiu não se identificar, a paralisação coloca a construção em risco. “Isso já está parado faz tempo, a gente passa aqui e olha a ferrugem nas estruturas de metal e nas telhas. Isso é um desrespeito com a população que tá pagando por isso”, afirmou.

Para Luis, o contrato inicial foi realizado sem cuidados técnicos. “O principal problema foi mesmo os repasses do Governo Federal, mas inicialmente o projeto não contemplava poltronas, o ar-condicionado central e esses detalhes. Ainda tivemos questões não previstas como a construção de um muro e outras questões técnicas”, afirmou. A construção do anfiteatro municipal está localizada em uma região que também deve ser construído o novo centro administrativo da cidade.

Outra obra do município de Aparecida que está em andamento é trincheira no cruzamento das Avenidas São Paulo e Rudá, na Vila Brasília. No último mês de julho a obra entrou na fase de escavação do túnel, todo o empreendimento está previsto para ser entregue em novembro.

De acordo com o engenheiro responsável pela fiscalização da obra, Roberto Lemos, a fase de escavação, que receberá as vigas de concreto para fazer o túnel e a ponte deve durar cerca de 90 dias. Assim, a liberação da pista para o tráfego de veículos cortando por cima a Avenida São Paulo, pela Avenida Rudá, deve acontecer em setembro. “Se tudo correr conforme o cronograma, que está adiantado, finalizaremos esta etapa em três meses e liberaremos a pista para atravessar a São Paulo pela Rudá, que hoje está bloqueado”, informou o Superintendente de Obras da Seinfra.

Orçado em R$ 13,1 milhões do Tesouro Nacional por meio do Programa de Acelaração do Crescimento (PAC), o projeto da trincheira João Antônio Borges prevê o rebaixamento da Avenida São Paulo no cruzamento com as Avenidas Tapajós e Rudá, que passará por baixo da interligação entre as duas vias, eliminando semáforos tanto para os condutores que se dirigem sentido BR-153 quanto para os que se dirigem sentido Avenida 4ª Radial. A obra contará ainda com a implantação de moderno sistema de drenagem e captação de águas pluviais, além do paisagismo da via. 

Grande Goiânia enfrenta problemas com obras e infraestrutura 

A região metropolitana de Goiânia é a área com maior densidade populacional do estado e também uma das que mais obras paradas possui. Somente em Goiânia, diversas obras viárias para a construção de grandes avenidas que seriam utilizadas para melhorar o fluxo de veículos da cidade estão paradas. A Marginal Cascavel, por exemplo, já completou 27 anos e não tem sinal de entrega. A obra foi inicialmente projetada no início dos anos de 1990 e tinha o objetivo de interligar a Avenida Rio Verde, em Aparecida de Goiânia, à Avenida Leste-Oeste, na Capital. Foi criada a expectativa de conclusão das obras ao longo dos aos de 1990, mas somente os trabalhos entre a Avenida Castelo Branco e a Avenida T-2 foram concluídos.

A via, ao ser concluída, consistiria na construção de duas pistas com 2,2 km de extensão, além da canalização do leito do Córrego Cascavel. Na última gestão, o objetivo era fazer uma ligação entre a Avenida Castelo Branco e a Avenida Leste Oeste na Vila Santa Helena, a um custo estimado de R$ 40 milhões provenientes do Programa Aceleração do crescimento (PAC), do Governo Federal, mas a obra foi paralisada após a divulgação da Operação Monte Carlo, que denunciou o envolvimento de políticos goianos em esquemas que visavam contratos com o Governo do Estado. 

Na época, a Construtora Delta teve o contrato para a obra suspensa devido ao envolvimento do empresário Carlinhos Cachoeira em pagamento de propina para que contratos fossem liberados. 

Em Senador Canedo, a construção da nova sede administrativa de Senador Canedo não avança a mais de 10 anos e acumula prejuízos. A obra está com estruturas completas e aguarda detalhes burocráticos serem finalizados para ser retomada. Quando foi paralisada, em 2007, o município estava construindo em um terreno do Estado, mas após anos de negociações, em 2014, a Escritura Pública correspondente aos 52 hectares que compõem toda a área do Morro de Santo Antônio passou para a prefeitura.

De acordo com a prefeitura, em matéria publicada a duas semanas no O Hoje, o antigo contrato foi finalizado e estudos de viabilidade estão sendo efetuados, todo o orçamento provem de recursos municipais. “Nesta atual administração foi realizado o distrato do contrato que estava vigente, e está sendo feito um novo termo de referência para licitar o restante da obra”, afirma.

Já em Aparecida de Goiânia, a população sofre com grandes erosões que aparecem em áreas próximas à córregos. O setor Recanto dos Emboabas segue há mais de dois anos com uma grande erosão sem conserto e já começa a afetar a subestação de energia da Enel Distribuição Goiás. No local estavam lotes particulares e ruas, agora uma cratera com cerca de 35 metros se abriu e já coloca casas em risco. De acordo com a Secretaria de Infraestrutura, o projeto de contenção da erosão no Recanto das Emboabas está pronto e a administração municipal tem buscado recursos junto ao Governo Federal para a realização da obra.

No último mês de fevereiro, quando uma equipe do jornal O Hoje visitou o mesmo local, a Prefeitura de Aparecida de Goiânia, afirmou por meio de nota da Seinfra, que o projeto de infraestrutura para pavimentação do Recanto dos Emboabas foi encaminhado ao Ministério das Cidades e aguarda posicionamento do Governo Federal para liberação de recursos. “O projeto prevê aterro e compactação do solo nos pontos erosivos, construção de sistema de captação e de drenagem de águas pluviais e também a pavimentação das vias do bairro”, escreveu na época.

Em abril desde ano, O Hoje visitou outra erosão em Aparecida de Goiânia. Localizada na Vila Brasília, a erosão já chegou à via e preocupa os moradores. O aposentado Abelardo da Silva, de 74 anos, contou à reportagem que a falta de ação dos órgãos municipais trouxe uma sensação de abandono. “Ela vem caminhando rapidamente no rumo das casas”, afirma o morador. “Quando o tempo está feio, armado para chuva, tenho medo de que a erosão aumente mais, porque a água da chuva é perigosa”, completa. (*Gabriel Araújo é estagiário do jornal O Hoje sob orientação do editor interino de Cidades Rafael Melo). 

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