Fabiana Rezende: Uma jornada de esperança e renascimento

Conheça uma história inspiradora de superação e como funciona o sistema de transplantes no Brasil

Postado em: 24-08-2023 às 08h00
Por: Tathyane Melo
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Conheça uma história inspiradora de superação e como funciona o sistema de transplantes no Brasil. | Foto: Arquivo Pessoal

Nossa história começa com uma mulher vencedora de muitas batalhas, Fabiana Ribeiro de Rezende, uma enfermeira de 34 anos, natural da cidade de Pires do Rio, no interior de Goiás e residente de Goiânia deste 2007. Sua jornada, marcada por desafios e superações, ganha um novo capítulo quando ela passou por um transplante de coração em fevereiro de 2021, aos 32 anos. O transplante se tornou um divisor de águas em sua vida, concedendo-lhe uma segunda chance de viver plenamente.

Fabiana foi diagnosticada com Cardiomiopatia hipertrófica aos 18 anos, uma condição cardíaca que a acompanhou por mais de uma década. Durante esse período, ela enfrentou inúmeras desafios, desde procedimentos cirúrgicos para melhorar sua saúde cardíaca até batalhas contra arritmias e paradas cardíacas. Os medicamentos mantiveram sua esperança viva por um tempo, mas a deterioração gradual de sua condição a levou à necessidade de um transplante de coração.

“Em 2018 tive uma parada cardíaca desencadeada pela arritmia. E um ano depois, outra internação em UTI também por arritmia. Foi a partir desse momento que os médicos viram que seria necessário fazer o transplante, pois o tratamento com os remédios não estava sendo capaz de controlar a doença”, explica Fabiana.

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A jornada de espera na fila para o transplante de coração foi uma experiência repleta de altos e baixos. Fabiana conta que recebeu um número de registro no momento em que entrou na fila para o transplante, permitindo que fosse possível rastrear sua posição. Ela começou na 46ª posição em agosto de 2020 e, à medida que o tempo passava, viu sua posição subir para a 39ª em dezembro de 2021. 

Fabiana conta ter passado por um momento de muita antecipação e preocupação pelo próximo dia que viria.

“Senti ansiedade, preocupação, medo, angústia… É um processo muito difícil e doloroso em todos os aspectos. Eu me via cada vez mais debilitada, mais fraca e sentia que meu corpo estava no limite. Eu sabia que não aguentaria por muito tempo e meu maior medo era de que a doação demorasse e eu não resistisse até ela chegar”, diz.

Ela entrou na fila com o tempo de espera padrão, aguardando por quase 5 meses, mas sua situação se agravou rapidamente. “No 5º mês de fila, fiz exames que mostraram uma piora muito grande: meu coração estava muito fraco e os rins estavam parando de funcionar. Então eu fui internada na UTI, os médicos colocaram vários remédios para ajudar o coração a funcionar, mas ainda assim, alguns dias depois meus rins pararam e comecei a fazer hemodiálise. Com esse quadro gravíssimo e alto risco de morte, me tiraram da ordem normal e colocaram como prioridade”.

O período de espera diminuiu consideravelmente para apenas 20 dias quando Fabiana passou para o grupo de prioridade. Todo o processo de transplante foi conduzido através da rede pública de saúde, e a operação em si aconteceu no Instituto do Coração da USP, InCor, em São Paulo.

Uma reviravolta significativa em sua jornada foi a necessidade de se mudar para São Paulo, onde a cirurgia ocorreria. Com o apoio da cunhada, Fabiana e seu marido residiram na cidade por 8 meses. A pandemia aconteceu neste meio tempo e a situação se agravou, já que os familiares não poderiam estar juntos devido às restrições.

Palavra de ordem: urgência

Quando a aprovação finalmente chegou, a urgência se tornou a palavra de ordem. Um doador compatível foi encontrado, e os exames pré-cirúrgicos foram realizados em um ritmo acelerado. O órgão doado foi coletado e a cirurgia ocorreu algumas horas depois, seguindo a regra rigorosa de um intervalo máximo de 4 horas entre a retirada e o implante do coração.

A fase de recuperação após a cirurgia foi um processo gradual, marcado por pequenas vitórias e desafios, mas Fabiana estava determinada a superar cada obstáculo. Ela teve que aprender a andar novamente, lidar com complicações nos rins e enfrentar as mudanças em sua rotina. Sua resiliência e otimismo a guiaram através dos momentos difíceis, e com o apoio de sua família e equipe médica, ela gradualmente voltou a uma vida normal.

“Hoje eu valorizo muito as pequenas coisas do dia a dia como me cuidar sem precisar de auxílio, beber água livremente, sair de casa sozinha, conseguir caminhar sem falta de ar, fazer atividades domésticas básicas, ter autonomia. E o amor que eu tenho pela vida é mil vezes maior!”, enfatiza Fabiana Ribeiro.

Fabiana conta que muita coisa mudou para melhor em sua vida após a cirurgia de transplante de coração e que agora ela tem mais qualidade de vida. Ela retomou hobbies que a trazem alegria, como artesanato, leitura e música. 

“O transplante é transformador na vida de quem precisa. Antes dele eu sobrevivia, hoje eu vivo e tenho qualidade de vida. Antes toda a minha vida girava em torno da doença, a pouca energia vital que eu tinha era direcionada para o meu tratamento, para a vontade e a esperança de ficar melhor. Eu desejava o transplante mais que tudo no universo porque eu sabia que era a minha única e última alternativa de tratamento. Eu sonhava em ter várias experiências na vida e sem ele nenhuma seria possível. A minha gratidão à minha doadora e à família dela, que autorizou a doação, é imensa e eterna”, conta.

Representação poderosa

A história de Fabiana é uma representação poderosa do sistema de transplantes no Brasil. A trajetória de Fabiana não apenas inspira, mas também ressalta a importância da conscientização sobre a doação de órgãos. Seu testemunho é um lembrete de que a generosidade de doadores e suas famílias pode trazer esperança e renascimento a indivíduos que lutam por suas vidas.

Para aqueles que também enfrentam a espera na fila, Fabiana Ribeiro finaliza compartilhando palavras de encorajamento: “Continuem firmes, esperançosos e confiantes! Eu sei que que a doença é cruel, a espera é difícil e que há dias que a fé quer ir embora, mas não desanimem! A vez de vocês de vai chegar!”.

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