Fabiana Rezende: Uma jornada de esperança e renascimento
Conheça uma história inspiradora de superação e como funciona o sistema de transplantes no Brasil
Por: Tathyane Melo
![Imagem Ilustrando a Notícia: Fabiana Rezende: Uma jornada de esperança e renascimento](https://ohoje.com/public/imagens/fotos/amp/2023/08/9-abre-2-Fabiana-Rezende-Foto-Fabiana-Rezende-Arquivo-pessoal-1024x682.jpeg)
Nossa história começa com uma mulher vencedora de muitas batalhas, Fabiana Ribeiro de Rezende, uma enfermeira de 34 anos, natural da cidade de Pires do Rio, no interior de Goiás e residente de Goiânia deste 2007. Sua jornada, marcada por desafios e superações, ganha um novo capítulo quando ela passou por um transplante de coração em fevereiro de 2021, aos 32 anos. O transplante se tornou um divisor de águas em sua vida, concedendo-lhe uma segunda chance de viver plenamente.
Fabiana foi diagnosticada com Cardiomiopatia hipertrófica aos 18 anos, uma condição cardíaca que a acompanhou por mais de uma década. Durante esse período, ela enfrentou inúmeras desafios, desde procedimentos cirúrgicos para melhorar sua saúde cardíaca até batalhas contra arritmias e paradas cardíacas. Os medicamentos mantiveram sua esperança viva por um tempo, mas a deterioração gradual de sua condição a levou à necessidade de um transplante de coração.
“Em 2018 tive uma parada cardíaca desencadeada pela arritmia. E um ano depois, outra internação em UTI também por arritmia. Foi a partir desse momento que os médicos viram que seria necessário fazer o transplante, pois o tratamento com os remédios não estava sendo capaz de controlar a doença”, explica Fabiana.
A jornada de espera na fila para o transplante de coração foi uma experiência repleta de altos e baixos. Fabiana conta que recebeu um número de registro no momento em que entrou na fila para o transplante, permitindo que fosse possível rastrear sua posição. Ela começou na 46ª posição em agosto de 2020 e, à medida que o tempo passava, viu sua posição subir para a 39ª em dezembro de 2021.
Fabiana conta ter passado por um momento de muita antecipação e preocupação pelo próximo dia que viria.
“Senti ansiedade, preocupação, medo, angústia… É um processo muito difícil e doloroso em todos os aspectos. Eu me via cada vez mais debilitada, mais fraca e sentia que meu corpo estava no limite. Eu sabia que não aguentaria por muito tempo e meu maior medo era de que a doação demorasse e eu não resistisse até ela chegar”, diz.
Ela entrou na fila com o tempo de espera padrão, aguardando por quase 5 meses, mas sua situação se agravou rapidamente. “No 5º mês de fila, fiz exames que mostraram uma piora muito grande: meu coração estava muito fraco e os rins estavam parando de funcionar. Então eu fui internada na UTI, os médicos colocaram vários remédios para ajudar o coração a funcionar, mas ainda assim, alguns dias depois meus rins pararam e comecei a fazer hemodiálise. Com esse quadro gravíssimo e alto risco de morte, me tiraram da ordem normal e colocaram como prioridade”.
O período de espera diminuiu consideravelmente para apenas 20 dias quando Fabiana passou para o grupo de prioridade. Todo o processo de transplante foi conduzido através da rede pública de saúde, e a operação em si aconteceu no Instituto do Coração da USP, InCor, em São Paulo.
Uma reviravolta significativa em sua jornada foi a necessidade de se mudar para São Paulo, onde a cirurgia ocorreria. Com o apoio da cunhada, Fabiana e seu marido residiram na cidade por 8 meses. A pandemia aconteceu neste meio tempo e a situação se agravou, já que os familiares não poderiam estar juntos devido às restrições.
Palavra de ordem: urgência
Quando a aprovação finalmente chegou, a urgência se tornou a palavra de ordem. Um doador compatível foi encontrado, e os exames pré-cirúrgicos foram realizados em um ritmo acelerado. O órgão doado foi coletado e a cirurgia ocorreu algumas horas depois, seguindo a regra rigorosa de um intervalo máximo de 4 horas entre a retirada e o implante do coração.
A fase de recuperação após a cirurgia foi um processo gradual, marcado por pequenas vitórias e desafios, mas Fabiana estava determinada a superar cada obstáculo. Ela teve que aprender a andar novamente, lidar com complicações nos rins e enfrentar as mudanças em sua rotina. Sua resiliência e otimismo a guiaram através dos momentos difíceis, e com o apoio de sua família e equipe médica, ela gradualmente voltou a uma vida normal.
“Hoje eu valorizo muito as pequenas coisas do dia a dia como me cuidar sem precisar de auxílio, beber água livremente, sair de casa sozinha, conseguir caminhar sem falta de ar, fazer atividades domésticas básicas, ter autonomia. E o amor que eu tenho pela vida é mil vezes maior!”, enfatiza Fabiana Ribeiro.
Fabiana conta que muita coisa mudou para melhor em sua vida após a cirurgia de transplante de coração e que agora ela tem mais qualidade de vida. Ela retomou hobbies que a trazem alegria, como artesanato, leitura e música.
“O transplante é transformador na vida de quem precisa. Antes dele eu sobrevivia, hoje eu vivo e tenho qualidade de vida. Antes toda a minha vida girava em torno da doença, a pouca energia vital que eu tinha era direcionada para o meu tratamento, para a vontade e a esperança de ficar melhor. Eu desejava o transplante mais que tudo no universo porque eu sabia que era a minha única e última alternativa de tratamento. Eu sonhava em ter várias experiências na vida e sem ele nenhuma seria possível. A minha gratidão à minha doadora e à família dela, que autorizou a doação, é imensa e eterna”, conta.
Representação poderosa
A história de Fabiana é uma representação poderosa do sistema de transplantes no Brasil. A trajetória de Fabiana não apenas inspira, mas também ressalta a importância da conscientização sobre a doação de órgãos. Seu testemunho é um lembrete de que a generosidade de doadores e suas famílias pode trazer esperança e renascimento a indivíduos que lutam por suas vidas.
Para aqueles que também enfrentam a espera na fila, Fabiana Ribeiro finaliza compartilhando palavras de encorajamento: “Continuem firmes, esperançosos e confiantes! Eu sei que que a doença é cruel, a espera é difícil e que há dias que a fé quer ir embora, mas não desanimem! A vez de vocês de vai chegar!”.