Operações de combate ao garimpo ilegal destruíram 19 balsas em 2023

Batalhão Ambiental da PMGO tem desarticulado diversos grupos que atuam com extração de ouro nos rios goianos

Postado em: 26-08-2023 às 09h00
Por: Alexandre Paes
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Batalhão Ambiental da PMGO tem desarticulado diversos grupos que atuam com extração de ouro nos rios goianos. | Foto: Batalhão Ambiental

A Polícia Ambiental divulgou o balanço das operações de combate ao garimpo ilegal em Goiás. Desde o início de 2023, mais de 14 balsas foram destruídas. Durante uma operação, policiais do Batalhão Ambiental flagraram uma balsa fazendo extração ilegal de ouro no rio Corumbá, na cidade de Orizona, a 130 quilômetros de Goiânia. Dois garimpeiros foram detidos e o equipamento destruído.

Em Niquelândia, na região Norte do estado, uma operação conjunta entre a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento (Semad) e o Batalhão Ambiental da Polícia Militar (PM) interditou outro garimpo ilegal. Segundo os agentes, além da interdição, os responsáveis pelo crime ambiental foram multados em mais de R$600 mil.

Segundo o capitão da PM Eurípedes Dias, foram apreendidas 10 máquinas usadas na extração ilegal de ouro. “Ninguém foi preso porque quando chegamos no local, que tem uma área de aproximadamente 20 hectares, não havia mais ninguém, porém fizemos a apreensão de todas as máquinas que estavam no territorio”, explicou Euripedes. A equipe destacou que todas as máquinas apreendidas foram levadas para o Parque Estadual Altamiro de Moura Pacheco.

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O batalhão, que faz patrulhamento náutico em rios de difícil navegação, começou a encontrar diversos pontos do garimpo, que é conduzido de uma forma particular no estado. Em 2023, a colaboração entre as forças do estado e da união deve revelar uma atividade ainda maior do que conhecemos atualmente.

De acordo com o tenente-coronel Geraldo Pascoal, comandante do Batalhão Ambiental, aponta que a extensão do problema do garimpo está sendo diagnosticada apenas agora, com um destacamento da PM dedicado a fazer ronda nos rios. Segundo ele, o garimpo de ouro se concentra no Rio Corumbá, na região Leste do Estado, próximo à Orizona e Pires do Rio. Ali, garimpeiros usam o mercúrio (metal altamente poluente) para buscar ouro. Outros locais problemáticos são o Rio Pilões, Rio Claro e Rio Caiapó, no Oeste do estado, onde garimpeiros buscam principalmente diamantes.

Diferentemente do garimpo ilegal em Roraima, que veio à tona com a crise dos Yanomami, os garimpeiros em Goiás não se estabelecem em pontos fixos para praticar o chamado “garimpo de barranco”. Na terra dos Yanomami, os garimpeiros usavam máquinas pesadas para gradualmente desfazer morros, então lavavam o produto da escavação em rios e transportavam o ouro encontrado por via aérea.

Em vez disso, em Goiás, se pratica o chamado “garimpo de balsa”. Por alguns dias, os garimpeiros ilegais vivem a bordo de balsas metálicas com cerca de 25 metros quadrados que eles mesmos fabricam. Ancoradas em regiões de difícil acesso, cobertas por matas ou cercadas de pedras, as balsas podem se mover rápida e furtivamente enquanto os garimpeiros lavam cascalho para buscar por minérios.

Apenas em 2022, o Batalhão Ambiental prendeu 28 pessoas e destruiu 14 balsas em diversas operações para coibir este crime. O comandante do batalhão afirma que os garimpeiros não praticam apenas um crime ambiental, mas trazem consigo diversos problemas sociais e de polícia: “Frequentemente, esses garimpeiros já estavam na ilegalidade em outros estados, e escolhem Goiás para se refugiar. O fluxo desses criminosos para cidades pequenas traz também a prostituição, furtos, roubos e tráfico de drogas.”

No mês de janeiro deste ano, dez (10) policiais federais cumpriram 2 mandados de busca e apreensão na cidade de Catalão/GO, com o objetivo de aprofundar as investigações contra o garimpo ilegal. As investigações iniciaram-se a partir de uma ação policial no Rio Corumbá, região localizada no município de Orizona/GO, onde ficou constatada a situação de garimpo ilegal. 

Na ocasião, os indivíduos empreenderam fuga, abandonando parte de seus pertences que, após analisados, resultou na identificação dos “donos” da balsa que estava dando suporte e uso aos instrumentos usados no garimpo ilegal. À época, foram apreendidos alguns bens como canoa, motor etc.

Já em agosto deste ano, outros agentes da Polícia Federal cumpriram outros mandados em Goiás durante operação que visa desarticular parte da logística utilizada pelo garimpo na Terra Indígena Yanomami (TIY). Ao todo, foram mais de 11 mandados em cinco estados.

Um dos suspeitos, conforme a PF, também seria proprietário de mais de dez processos minerários na Agência Nacional de Mineração. Além de Goiás, os mandados foram cumpridos no Pará, São Paulo, Rio de Janeiro e Roraima. Também houve a determinação do bloqueio de quase R$ 308 milhões dos investigados.

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