Segunda-feira, 01 de julho de 2024

Ser presente após a morte: a importância de doar o corpo para a ciência

O ato de doar cadáveres para instituições de ensino, apesar de ser uma atitude nobre, ainda é precária e passa despercebido pela população

Postado em: 28-08-2023 às 08h00
Por: Carol Arantes
Imagem Ilustrando a Notícia: Ser presente após a morte: a importância de doar o corpo para a ciência
O ato de doar cadáveres para instituições de ensino, apesar de ser uma atitude nobre, ainda é precária e passa despercebido pela população. | Foto: Reprodução

Qual será o destino do seu corpo após a morte: enterro, cremação ou estudo na universidade? Muitos não sabem, passa até despercebido, mas, hoje, segunda-feira (28/8), é comemorado o Dia Nacional do Voluntariado e o Dia Nacional da Doação de Corpos para Fins de Ensino e Pesquisa. A data foi escolhida pela Sociedade Brasileira de Anatomia para lembrar a importância da doação desses cadáveres para fins de estudo, ensino e pesquisa. 

Conforme a Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná (Seti), “é um dia para divulgar a importância da utilização de corpos humanos para o ensino da Anatomia e para estimular a criação de programas de doação pelas instituições de ensino superior”. O ato de doar, mesmo que seja difícil para aqueles familiares que já conviveram com aquela pessoa em vida, é uma forma nobre de contribuir para o estudo de tantos universitários e universidades.

O professor titular da disciplina de Anatomia Descritiva e Topografia, José Carol Prates, explica a importância da utilização de cadáveres para ajudar os alunos no momento do estudo. “Os modelos e vídeos substituem, mas não com a mesma intensidade. A utilização dos cadáveres é fundamental para o estudo da anatomia devido a visualização das camadas do corpo humano, algo que modelos não trazem o mesmo conhecimento e aprofundamento da mesma forma na hora de passar o conhecimento para os universitários.”

Continua após a publicidade

Graduanda em medicina, Nicole, conta que a doação de Cadáveres humanos para o estudo “é de extrema importância e essencial para a formação técnica e humana, pois é com uso do cadáver que os alunos aprendem o respeito à vida, morte, e principalmente o respeito ao corpo e é isso que dará base para uma relação médica e paciente adequado”. Então dessa maneira a estudante diz que “consegue afirmar que a doação de corpos é fundamental e muito importante para o aprendizado e talvez a forma mais nobre e desprendida da família enfrentar a morte”.

Em Jataí, a Universidade Federal da cidade recebe anualmente mais de 450 profissionais da saúde para qualificação. O curso de medicina foi inaugurado em 2014 e forma anualmente 60 profissionais médicos para o mercado de trabalho. 

Barbara de Lima Lucas, professora de anatomia humana da Universidade Federal de Jataí e membro da equipe do programa de doação de corpos, relata que “um corpo pode beneficiar mais de 300 pacientes de forma indireta, pois colabora diretamente para a formação adequada destes profissionais, impactando na qualidade do serviço de saúde oferecido para a comunidade.”

Segundo a profissional, Goiás já possui o Programa de doação de corpos para fins científicos e, atualmente, aguarda a participação da comunidade por meio do cadastro em vida. “O cadastro pode facilitar a chegada do corpo na universidade. A decisão pode ser revogada a qualquer momento. A família tem a decisão final e deve entrar em contato com o laboratório de anatomia na ocasião da morte.”, explica a professora.

A família que deseja doar, pode velar o corpo normalmente, e deve contratar o serviço de funerária sem nenhuma alteração do processo. A única diferença é que, diferente de entregar no cemitério, o destino final será o laboratório de anatomia humana. “Não existe custo ou qualquer benefício financeiro para a doação. O translado do corpo deve ser feito em carro de funerária, cuja responsabilidade financeira é da família. A Universidade não busca o corpo dos doadores.”, explica a profissional. 

A instituição de ensino da Universidade Federal de Jataí, Goiás, reforça que está apta para receber e preparar os corpos humanos para usar como estudo nas aulas de anatomia e pesquisa científica. Porém pede apoio da sociedade para que o número de doações desses corpos cresça e sejam mais frequentes.

Veja Também