Condenação de acusados da morte de Ariane Bárbara soma 44 anos
Júri em Goiás durou 14 horas e resultou na condenação de Raissa Nunes Borges e Jeferson Cavalcante Rodrigues pelo homicídio e ocultação de cadáver da vítima
Por: Tathyane Melo
No desfecho de um julgamento que manteve a atenção de Goiânia, os réus acusados de assassinarem a jovem Ariane Bárbara Laureano de Oliveira, de 18 anos, no ano de 2021 foram condenados pelos crimes de homicídio e ocultação de cadáver. O júri estendeu-se por 14 horas de intensa deliberação.
O julgamento dos réus Raissa Nunes Borges, de 20 anos, e Jeferson Cavalcante Rodrigues, de 24 anos, pelo assassinato de Ariane Oliveira ocorreu nesta terça-feira (29/8), no Fórum Cível de Goiânia Heitor Moraes Fleury. O processo, conhecido como “Caso Jaó”, manteve a atenção da cidade e resultou na condenação dos réus.
No interrogatório, Raissa pediu perdão à mãe da vítima, enquanto Jeferson admitiu ter participado ativamente do assassinato. As sentenças previstas estipulam que Raissa cumpra 15 anos de prisão e 10 dias-multa, enquanto Jeferson enfrentará uma pena de 14 anos e 10 dias-multa.
As defesas dos acusados já manifestaram a intenção de recorrer às decisões judiciais. A execução das penas irá acontecer no presídio Odenir Guimarães, em Aparecida de Goiânia.
No entanto, o promotor que atuou no caso, Maurício Gonçalves de Camargos, ao comentar a pena aplicada aos condenados disse não concordar com o período da sentença. “Não acho a pena justa tendo em vista a crueldade e hediondez do que fizeram com a vítima, todavia, não vou recorrer porque os tamanhos das penas aplicadas estão de acordo com as orientações jurisprudenciais, porque são réus confessos e primários”, afirma.
Relembre o caso
A crime aconteceu no dia 24 de agosto de 2021, por volta das 21 horas, quando o grupo de amigos composto por Raissa, Jeferson, Enzo Jacomini Carneiro Matos, que usa o nome social de “Freya”, e uma adolescente, encontraram Ariane Bárbara em uma pista pública de skate. A vítima foi convidada para um lanche e, até enviou uma mensagem animada à mãe, expressando seu entusiasmo pelo encontro.
Durante o julgamento, os depoimentos dos acusados revelaram os detalhes sobre a execução do crime. No caminho, dentro do interior de um veículo, a jovem Ariane, de 18 anos, foi colocada no banco de trás do carro, entre a adolescente e Raissa. Jeferson dirigiu por Goiânia enquanto o plano se desenrolava.
O grupo combinou sinais para iniciar o ataque: colocar uma música e estalar os dedos. Raissa teria tentado estrangular Ariane enquanto o veículo estava em movimento, mas não obteve sucesso. Em seguida, Freya assumiu o ataque, desferindo golpes de faca na vítima. O corpo foi então colocado no porta-malas, forrado com plástico, e transportado para uma área de mata no Setor Jaó, onde foi coberto com terra e pedras.
Logo após cometerem o crime, os réus saíram para lanchar e se limparam em um banheiro público. O corpo de Ariane foi encontrado sete dias depois, no final de agosto, após uma busca intensiva que mobilizou a polícia e chocou a comunidade local.
A motivação por trás do crime teria sido a busca de Raissa por um “teste prático” para verificar se possuía transtorno de personalidade comportamental e antissocial. O grupo escolheu Ariane como vítima por seu porte físico franzino, o que a tornaria menos capaz de resistir.
Primeira condenação
O processo seguiu seu curso, e em 4 de novembro de 2021, o juiz Jesseir Coelho de Alcântara aceitou a denúncia oferecida pelo Ministério Público de Goiás (MPGO) contra Raissa, Jeferson e Enzo. Posteriormente, em março de 2023, o julgamento dos réus Enzo Jacomini e Jeferson Cavalcante estava marcado, mas um pedido de desmembramento feito pela defesa de Jeferson adiou o seu julgamento.
Nesse mesmo dia, Enzo Jacomini, conhecido como Freya, de 20 anos, foi condenado a 15 anos de prisão por sua participação no crime, incluindo homicídio, ocultação de cadáver e corrupção de menor. A sentença está sendo cumprida, inicialmente, em regime fechado na Penitenciária Odenir Guimarães (POG), em Aparecida de Goiânia.
Assim, o desfecho do julgamento, presidido pelo juiz Jesseir Coelho, concluiu um capítulo de um crime que chamou a atenção de toda a cidade de Goiânia. No entanto, a constatação do promotor sobre a discrepância entre a pena e a natureza do crime destaca a complexidade do sistema judicial e as nuances que podem surgir em casos criminais como esse.