Segunda-feira, 01 de julho de 2024

Grupo de policiais civis e advogados são presos por fraudes

Operação investiga organização criminosa que cobrava para não prender ou investigar suspeitos

Postado em: 11-08-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: Grupo de policiais civis e advogados são presos por fraudes
Operação investiga organização criminosa que cobrava para não prender ou investigar suspeitos

A hipótese é que o esquema criminoso agia há cerca de dois anos, foram ao menos 12 extorsões

*Fernanda Martins

Ao todo foram 10 mandatos de prisão e 15 mandatos de busca e apreensão cumpridos durante a operação deflagrada na última quinta-feira (9), em Goiânia e Aparecida de Goiânia. A Operação “Arapuca” teve a duração de quatro meses e apurou a ação de policiais civis e advogados que cobravam indevidamente para não prender suspeitos de cometer crimes em flagrante, ou para parar as investigações contra os indivíduos detidos. As investigações do esquema criminoso tiveram início após a denúncia de uma das vítimas ao Ministério Público (MP).

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O Ministério Público prendeu dez pessoas em parceria com a polícia civil, sendo eles: seis policiais civis, dois advogados, um homem que se passava por policial e um fornecedor de medicamentos proibidos, que se aliou à organização criminosa para vender medicamentos que foram apreendidos pela polícia. Outro policial civil foi alvo de mandato de prisão, mas está foragido. 

O promotor de Justiça Leandro Murata, coordenador do Grupo Especial de controle Externo da Atividade Policial (GCEAP), informou em entrevista coletiva que o indivíduo que se passava por policial civil andava armado, em viatura policial e captava pessoas suspeitas de cometer crimes para cobrar valores variados de R$ 1 mil a R$ 30 mil reais, para que não os levasse presos. 

A hipótese é que o esquema criminoso agia há cerca de dois anos, tempo em que foram praticadas ao menos 12 ocorrências de extorsão (quando alguém é obrigado a agir de determinada maneira sob ameaça ou violência) ou concussão (quando funcionários públicos abusam de seu poder para obter vantagens indevidas). 

Os mandatos de prisão são temporários e valem por cinco dias, período em que será feita a identificação de outras vítimas e analisada a situação de cada integrante do esquema. Posteriormente, se for necessário, será prolongado o prazo das prisões até que sejam analisadas as denúncias. 

Os policiais detidos já tinham infrações apuradas na Corregedoria da Polícia Civil de Goiás, mas todas renderam apenas advertências. Eles serão investigados após os cinco dias de prisão temporária e podem ser punidos, afastados ou exonerados, como informou o promotor Paulo Parizotto, integrante da GCAP, durante coletiva de imprensa.

O promotor esclareceu ainda que as pessoas que pagaram vantagens indevidas aos policiais e advogados serão consideradas vitimas nesta investigação, pois pagavam os valores solicitados sob ameaças, mas as provas também ficarão com a polícia civil para caso de necessidade de responsabilizar as vítimas, já que eles cometeram crimes que os levaram a pagar as extorsões. São suspeitos de tráfico de drogas, porte de arma de fogo, falsificação de cheques bancários, venda de remédios proibidos e diplomas falsos.

A ação foi conduzida pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO) e pelo Grupo Especial de controle Externo da Atividade Policial (GCEAP), com parceria da polícia civil, e contou com a participação de 18 promotores de Justiça, 45 agentes e nove delegados da Polícia civil. (*Fernanda Martins é estagiária do jornal O Hoje sob orientação do editor interino de Cidades Rafael Melo). 

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