Cada vez mais comum, transplante de rim muda vida de pacientes de doença renal crônica 

A conscientização sobre os transplantes é capaz de dar uma nova chance de vida para quem anseia em meio a esperança, como é o caso de Nilson

Postado em: 07-09-2023 às 11h30
Por: Tathyane Melo
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Agradecido a Deus, o homem, que passou por vários estágios de doença renal crônica no rim, até receber um novo órgão que o deu mais uma chance para viver | Foto: Arquivo Pessoal

Nilson Maia Ferreira, hoje com 47 anos, teve sua vida transformada por uma descoberta em 2010: ele sofria de uma doença renal crônica, que foi diagnosticada quando ele tinha apenas 34 anos. A busca por soluções o levou a um processo que culminaria em um transplante renal. 

Foram anos de tratamento sob a orientação de especialistas, a inevitável remoção dos rins e do baço ocorreu em 2016, e então mais um processo se iniciou com o tratamento de hemodiálise.  Nilson conta que precisou enfrentar diversos desafios físicos e mentais nesse período, mas que tudo fez sentido quando conseguiu uma segunda chance com o transplante.

O longo período de hemodiálise o impediu de entrar na lista de espera para um transplante renal de imediato, devido à sua saúde debilitada. Incansável em sua determinação, Nilson perseverou, ele afirma que passou por uma grande perda de peso por conta do tratamento, mas continuou firme em seu tratamento em busca de recuperar sua vitalidade. Com a ajuda da assistência social de sua clínica, em 2019, ele conseguiu uma consulta no Hospital Geral de Goiânia (HGG). Após exames, ele foi finalmente adicionado à fila de espera para um rim compatível.

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O destino sorriu para Nilson em outubro de 2019, quando recebeu a tão esperada ligação informando que um rim adequado estava disponível. Ele passou por uma cirurgia de transplante bem-sucedida em 28 de outubro de 2019 e permaneceu no hospital até 12 de novembro. Com sua determinação inabalável, Nilson seguiu à risca as orientações médicas e se recuperou integralmente.

“Deu tudo certo no final e no começo né, estou vivendo e com meu rim funcionando normalmente. Hoje estou aqui, graças a Deus deu tudo certo”, disse ele. O transplante renal não apenas salvou sua vida, mas o capacitou para lidar com qualquer outra circunstância ruim. 

Transplantes

Atualmente, mais de 65 mil pessoas aguardam a oportunidade de recomeçar suas vidas através de um transplante, de acordo com dados do Ministério da Saúde. Esse número representa uma das maiores filas dos últimos 25 anos.

De acordo com o Departamento de Regulação, Avaliação e Controle (DRAC), em 2022 foram investidos cerca de R$ 1.059.989.947,23 (um bilhão, cinquenta e nove milhões, novecentos e oitenta e nove mil, novecentos e quarenta e sete reais e vinte e três centavos) nas atividades de doação e transplante.

Apesar dos esforços e avanços nesse campo, a Associação Brasileira de Transplantes alerta para um desafio persistente: a necessidade de aumentar as autorizações para doação de órgãos. Em 2022, o Brasil registrou um recorde de 47% de recusas de doações de órgãos. Esse índice representa um aumento considerável em relação aos anos anteriores, que giravam em torno de 40%.

O estado de Goiás tem mostrado avanços significativos, trazendo esperança e oportunidades para aqueles que aguardam ansiosamente por um recomeço. De janeiro a abril de 2023, a Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) registrou um aumento de 89% no número de transplantes de órgãos e tecidos em comparação com o mesmo período do ano anterior. Essa evolução é um passo importante para aqueles que aguardam por uma chance de uma nova vida.

A cardiologista Laura Tannus informou que a fila de espera para conseguir um transplante de órgãos é única e vale tanto para pacientes do SUS como para pacientes da rede privada, sendo organizada a partir de uma lista regional, com as regiões do Brasil: Centro-Oeste, Sul, Sudeste, Norte, Nordeste e também nacional.

“Quando a gente tem um órgão doado, primeiro busca-se um receptor para esse órgão no estado onde esse órgão foi captado. Se no estado não tem nenhum paciente com compatibilidade genética e sanguínea, passa-se a procurar na macrorregião. Se o órgão foi captado em Goiânia, primeiro procura-se no estado de Goiânia se tem algum paciente compatível. Não existindo paciente compatível no estado de Goiás, busca-se na macrorregião do Centro-Oeste e se não tiver nenhum paciente compatível na macrorregião, busca-se um paciente em todo o território nacional”, explica a doutora.

Os esforços também se refletem no número de órgãos captados, com 64 rins (aumento de 56%), 13 fígados (aumento de 30%) e 285 córneas (aumento de 53,2%). No entanto, é importante destacar que a recusa familiar ainda é um desafio, com uma taxa de 67,6%. Em relação à fila de espera, atualmente 1.455 pessoas estão aguardando por córneas, 300 aguardam por rins e 3 aguardam por um fígado, totalizando 1.808 pessoas que esperam por um transplante em Goiás.

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