Tratamento inovador reduz o uso de bolsa de colostomia em pacientes com câncer colorretal

De acordo com as estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca), cerca de 42 mil novos casos da doença são registrados por ano

Postado em: 14-09-2023 às 08h00
Por: Ronilma Pinheiro
Imagem Ilustrando a Notícia: Tratamento inovador reduz o uso de bolsa de colostomia em pacientes com câncer colorretal
Estudos apontam que o risco de uma pessoa desenvolver esse tipo de câncer durante a vida é de aproximadamente 5% | Foto: Reprodução

O câncer colorretal ou câncer de intestino é uma doença que abrange tumores que acometem um segmento do intestino grosso, conhecido como o cólon e o reto. Com exceção do câncer de pele não melanoma, o câncer colorretal é o segundo tipo de neoplasia maligna (tumor que ocorre pelo crescimento anormal do número de células) mais comum no Brasil tanto em homens quanto em mulheres.

De acordo com as estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca), cerca de 42 mil novos casos são registrados por ano da doença, que foi a terceira maior causa de morte por câncer no País em 2020.

Estudos apontam que o risco de uma pessoa desenvolver esse tipo de câncer durante a vida é de aproximadamente 5%. “Cerca de dois terços dos tumores de intestino grosso se instalam no cólon, enquanto um terço tem origem no reto”, afirma o médico oncologista do Centro de Oncologia IHG, Gabriel Felipe Santiago.

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O médico destaca ainda que a doença acomete de modo relativamente semelhante homens e mulheres, geralmente depois dos 65 anos de idade. Com isso, mais de 90% dos casos ocorrem em pessoas com mais de 50 anos. No entanto, o câncer de intestino em jovens dobrou entre 1993 e 2013, o que despertou a atenção dos especialistas.

Eduardo Sabino, cirurgião Oncológico do Cebrom Oncoclínicas, diz que o principal tipo de tumor colorretal é o adenocarcinoma e, em 90% dos casos, ele se origina a partir de pólipos na região, e que o diagnóstico dessa doença é feito com a realização de um exame chamado colonoscopia, onde é realizada uma biópsia do tumor.

Quando diagnosticado ainda em fase inicial, esse tipo de câncer tem possibilidade de cura. No entanto, “quando a doença é descoberta em estágio mais avançado, é possível fazer um controle do câncer para aumentar a sobrevida do paciente, por meio de cirurgia, quimioterapia e radioterapia”, explica Eduardo Sabino.

Os sintomas aparecerão de acordo com a localização do tumor no intestino (cólon). No caso do tumor localizado mais no início do cólon, são poucos os sintomas, sendo a anemia a alteração mais comum. “Para os cânceres localizados mais no final do intestino as queixas podem ser de dificuldade de evacuar, sangue nas fezes e  dores abdominais”, detalha o cirurgião.

Tratamento inovador

A boa notícia para quem sofre da doença, é que uma estratégia inovadora denominada Terapia Neoadjuvante Total (TNT), tem gerado grande impacto na vida dos pacientes. De acordo com Gabriel Santiago, o câncer de reto constitui desafio no tratamento dos pacientes uma vez que em muitos casos é necessário a colocação de bolsa de colostomia definitiva. Porém, com o novo tratamento, os pacientes muitas vezes são livres da bolsa de colostomia. Além disso, a nova técnica permite maiores taxas de preservação do reto.

“O tratamento convencional consiste, muitas vezes, em aplicação de radioterapia e quimioterapia seguidas de cirurgia e de quimioterapia pós-operatório”, esclarece o oncologista. “Com a nova técnica é utilizada a combinação de radioterapia e quimioterapia seguida de uma carga maior de quimioterapia. Dependendo do resultado é possível não realizar cirurgia para retirada do reto”, acrescenta. 

Essa nova estratégia já é autorizada pelos planos de saúde e também vem sendo adotada em muitos centros de tratamento oncológicas do Sistema Único de Saúde (SUS), conforme relata o médico. “Desta forma é possível uma maior manutenção da qualidade de vida do paciente ao mesmo tempo em que há controle da doença, principalmente em se tratando de tumores do reto baixo”, argumenta.

O especialista acredita ser o fim da bolsa de colostomia no tratamento de câncer de reto, já que segundo ele, uma vez que essa nova estratégia promove maior redução do tamanho do tumor e muitas vezes eliminação do mesmo, há redução na necessidade de colocação da bolsa. “Chamada de resposta completa”, define, completando: “A nova técnica é inovadora e tem um grande impacto na vida do paciente, pois salva o reto e ainda livra da bolsa de colostomia”, pontua.

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