Frota de ônibus sucateada

Concessionária que administra o Eixo Anhanguera possui veículos circulando há quase 10 anos

Postado em: 16-08-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Concessionária que administra o Eixo Anhanguera possui veículos circulando há quase 10 anos

Gabriel Araújo*

Os ônibus do Eixo Anhanguera estão sucateados, muitos dos veículos utilizados contam com mais de sete anos de rodagem e população reclama da falta de estrutura. Usuários enfrentam conduções lotadas, falta de segurança e iluminação, além de atraso em horários.

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De acordo com dados exclusivos obtidos pelo O Hoje, por meio do portal da transparência, a Metrobus conta hoje com 133 ônibus articulados e biarticulados. Os valores dos veículos variam de R$ 840 mil a R$ 1,2 mi e todos foram adquiridos nos anos de 2011 e 2014.

O Hoje entrou em contato com a Metrobus, por telefone e e-mail, que afirmou que a “frota de ônibus é composta por 58 veículos articulados e 29 biarticulados, ano/modelo 2011, e 46, ano/modelo 2014, sendo estes últimos adquiridos para atender à extensão do Eixo até os municípios de Trindade, Goianira e Senador Canedo”.

Ainda segundo o órgão, toda essa frota atende à solicitação de 99 ônibus por dia, estabelecida na planilha de horários definida pela Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC). “Tais veículos, assim como qualquer outro equipamento que seja submetido a um nível de serviço severo, não estão livres da ocorrência de falhas técnicas e mecânicas, de modo que o departamento de manutenção da empresa atua no sentido de corrigir tais problemas à medida que são verificados”, completa em nota.

Ao questionar a quantidade de veículos que estão em manutenção, e são utilizados para transporte de passageiros no Eixo Anhanguera, O Hoje não obteve resposta.

Iluminação

Falta iluminação no Eixo Anhanguera, em Goiânia. O corredor de ônibus conta com 13,5 km de extensão e possui um sistema de iluminação próprio em que faltam postes e fiação. Região sofre com furtos recorrentes, o que já causou curto circuito no sistema e elevou à acidentes.

Uma equipe do O Hoje percorreu a via na última semana do Centro ao bairro Novo Mundo e encontrou locais em que postes foram retirados e fios furtados. Caixas utilizadas para a manutenção dos fios foram violadas e se encontram aos pedaços, nelas foi possível encontrar apenas terra, lixo e até plantas por não contarem com manutenção. 

De acordo com a Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg), existe uma estimativa de que ações de vandalismo, como depredações ou furtos de bancos, lixeiras, fios de iluminação, luminárias, floreiras, dentre outros monumentos custem cerca de R$ 100 mil reais por mês para os cofres públicos. “Nos últimos meses, apenas cerca de R$ 65 mil reais foram gastos para repor o cabeamento da iluminação da Av. Goiás e Rua 8 – mais conhecida como rua do lazer – no Centro e dos dois viadutos da Avenida 85”, afirmou o órgão em nota.

Asfalto

O Eixo Anhanguera sofre com a falta de manutenção no asfalto que compõe o percurso dos ônibus, o que gera buracos e coloca a vida dos passageiros em risco. Linha foi inaugurada em 1976 e é o segundo corredor específico de transporte coletivo do Brasil, sendo considerado um dos primeiros modelos dos atuais Ônibus de Transporte Rápido (BRT).

Em 2011, logo após o início da concessão de 20 anos vencida pela Metrobus Transporte Coletivo S/A, foram investidos cerca de R$ 4 milhões na restauração da pista central da Avenida Anhanguera, local por onde circulam os ônibus do transporte coletivo. No período, o objetivo era substituir todo o asfalto da via, para acabar com os problemas estruturais.

De acordo com o professor de Engenharia da PUC Goiás, Jorge Rodrigues dos Santos, o asfalto da Capital sofre devido à falta de planejamento e manutenção. “O pavimento asfáltico tem uma determinada vida útil, que pode chegar a 20 anos se existir um plano de manutenção adequado e frequente. Sem a manutenção, com as chuvas frequentes e o tráfego que aumenta a cada ano, se não me engano são 7% de aumento por ano, o pavimento é mais solicitado e acaba sofrendo danos estruturais”, afirmou. 

Terminais e plataformas passam por diversas mudanças este ano 

O Eixo Anhanguera tem 43 anos desde sua implantação. São cinco terminais e 19 estações elevadas de embarque e desembarque que sustentam um sistema que transporta mais de 250 mil pessoas por dia. De acordo com a Metrobus, as linhas de ligação que partem dos terminais representam 35% do total da rede. 

Ainda segundo o órgão, dos 18 municípios que compõe Rede Metropolitana de Transporte Coletivo, 15 possuem linhas que integram diretamente nos terminais do Eixo Anhanguera, tornando o sistema o mais importante da Grande Goiânia.

No último dia 23 de fevereiro, a Polícia Militar passou a ter equipes fixas nos terminais de Goiânia. A ação tem o objetivo de diminuir os índices de criminalidade nos locais que contam com uma grande movimentação de pessoas. 

Na apresentação do projeto, o secretário de segurança pública e administração penitenciária, Irapuan Costa Júnior, anunciou a presença de policiais nos terminais e plataformas do Eixo Anhanguera em Goiânia. Para Irapuan, outra ação será a utilização de policiais à paisana (P-2), que passarão a atuar dentro dos veículos do transporte coletivo da capital goianiense. Totens de segurança serão instalados em vários terminais. Até o momento, 533 novas viaturas foram adquiridas pela SSP.

Na época do anúncio, o governador do Estado, José Eliton, lembrou que a SSP mudou a forma como um boletim de ocorrência deve ser feito. A partir da mudança, os procedimentos de lavraturas de Termos Circunstanciados de Ocorrências (TCO) passaram a ser realizados pelo policial militar já na viatura e depois ratificado pela Polícia Civil. “A expectativa com esta medida é de agilizar procedimentos, especialmente em municípios do interior onde o cidadão tem que deslocar para outra cidade para fazer registros desta natureza”, completou.

Violência

Em uma matéria publicada em fevereiro deste ano, O Hoje informou que cinco casos de violência foram registrados em uma semana. Somente no dia 23 de fevereiro três pessoas acabaram sendo assaltadas e esfaqueadas no transporte coletivo. Na época o Corpo de Bombeiros informou que o primeiro caso ocorreu por volta de 7h30, no Terminal das Bandeiras. Na ocasião, um homem de 36 anos teve o celular roubado e, ainda que sem reagir, foi atingido por uma facada no abdômen.

Outro caso de violência se deu na plataforma no Eixo na Rua 20 no Setor Central. Imagens de câmera de segurança mostram um sujeito tentando entrar na plataforma do Eixo pela área em que os ônibus passam. Impedido em um primeiro momento, ele retornou ao local, tirando um facão de dentro da calça e atingindo um vigilante. De outro ângulo, antes de atingi-lo, é possível ver que o homem chegou a ameaçar algumas pessoas que aguardavam para entrar no ônibus. (Gabriel Araújo é estagiário do jornal O Hoje sob orientação do editor interino de Cidades Rhudy Cristyam). 

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