III Marcha de Mulheres Indígenas acontece em Brasilia com o tema Mulheres Biomas em Defesa da Biodiversidade pelas Raízes Ancestrais

Mais de 5 mil mulheres unem-se em Brasília pela preservação dos territórios indígenas e da biodiversidade ancestral

Postado em: 14-09-2023 às 18h31
Por: Luana Avelar
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Mais de 5 mil mulheres unem-se em Brasília pela preservação dos territórios indígenas e da biodiversidade ancestral | Foto: Anmiga

Na segunda semana de setembro, Brasília sediou a III Marcha das Mulheres Indígenas, um encontro que reuniu mais de 5 mil mulheres de todos os estados do país em uma demonstração de determinação e resistência. Ao longo de três dias, as participantes uniram-se pela preservação dos territórios indígenas e da rica biodiversidade que abrigam.

Organizada pela Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (Anmiga) e pelas Mulheres Biomas do Brasil, a marcha deste ano teve como mote “Mulheres Biomas em Defesa da Biodiversidade pelas Raízes Ancestrais”. As atividades planejadas fortaleceram a união das mulheres indígenas, proporcionando um espaço para compartilhar conhecimentos e experiências.

Nesse contexto, as ministras Sonia Guajajara e Cida Gonçalves assinaram um Acordo de Cooperação Técnica para conceber e promover, em parceria, políticas públicas voltadas à prevenção e enfrentamento das violências contra as mulheres indígenas no Brasil. “É um momento de muita alegria, de força e energia, esse momento que a gente se encontra com todas as mulheres aqui representando todos os biomas”, afirmou Sonia Guajajara.

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A abertura oficial ocorreu no dia 11, às 8h, dando início a um Grupo de Trabalho dedicado a temas como Emergências Climáticas, Biodiversidade e Povos Indígenas. Em seguida, a Plenária “Reflorestando o Congresso” e a apresentação dos grupos temáticos por Biomas promoveram um ambiente de diálogo e colaboração. Às 16h, a cartilha de violência de gênero foi lançada, seguida por uma discussão sobre o Projeto de Lei de Combate à Violência contra a Mulher Indígena, reforçando o compromisso com a justiça e a equidade.

Cacika Irê do Povo Jenipapo-Kanindé, cofundadora da Anmiga e 1ª secretária de estado da Secretaria dos Povos Indígenas do Ceará, enfatizou: “Estamos marchando e continuaremos marchando nos nossos territórios para que nenhum retrocesso mais aconteça, para que nenhuma violência aconteça para nossas mulheres indígenas”.

No dia 12 de setembro, o evento promoveu uma Plenária Internacional focada nas Mulheres Água, juntamente com mesas de discussão sobre o fortalecimento e presença política, proporcionando um espaço para a troca de ideias e estratégias.

A Marcha contou com a presença da Bancada do Cocar, composta por 17 deputadas federais e estaduais indígenas eleitas em 2022. Essas representantes desempenham papéis no Ministério dos Povos Indígenas e na Câmara dos Deputados, destacando a importância da voz das mulheres indígenas nos espaços de poder.

A demarcação dos territórios indígenas emergiu como uma pauta central da marcha, no dia 13, destacando sua importância para a preservação das culturas e a garantia de direitos fundamentais, como segurança, saúde e educação para as comunidades.

A ministra Anielle Franco, do Ministério da Igualdade Racial, ressaltou que o Brasil é um território indígena e que falar sobre ancestralidade é respeitar aqueles que lutaram antes de nós. “Quando falamos de ancestralidade, estamos falando de tudo que veio antes de nós. Falar de tudo que veio antes de nós é respeitar quem estava aqui na luta, quem estava reivindicando por direito tudo que infelizmente nos foi tirado”, disse.

Durante o evento, grupos de trabalho abordaram questões urgentes como emergências climáticas, biodiversidade e reflorestamento, demonstrando o compromisso das mulheres indígenas com a sustentabilidade ambiental e a preservação das tradições ancestrais.

Juliana Kerexu, coordenadora executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e da Comissão Guarani Yvyrupa, sublinhou a importância de trazer a força da mulher ancestral, aquela que cura a terra, para o movimento. “Precisamos estar aqui. Precisamos ser ouvidas e vistas”, afirmou.

O evento finalizou com um espetáculo protagonizado por artistas indígenas e convidadas, sob o tema “A Cura Do Mundo Somos Nós”, celebrando não apenas a riqueza cultural, mas também o compromisso com a preservação do nosso planeta.

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