Segunda-feira, 01 de julho de 2024

Abate de bovinos cresce 25,9% e preço das carnes pode cair nos açougues

Goiás também registrou crescimento no abate de frangos e na produção de ovos, couro e leite

Postado em: 15-09-2023 às 08h00
Por: Redação
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Azenir Souza Oliveira proprietário de um açougue em Goiânia, expressa sua preocupação com a diminuição do público em sua loja, apesar da queda nos preços da carne | Foto: Larissa Melo/Sistema Faeg

Alexandre Paes e Tathyane Melo 

O volume total de bovinos abatidos em Goiás no segundo trimestre de 2023 cresceu 25,9% em comparação ao mesmo período do ano passado. Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontaram que, de abril a junho, foram abatidas 913.738 cabeças de bois, vacas, novilhos e novilhas no estado. Em relação ao trimestre anterior, o aumento foi de 23,6%.

A produção estadual de frangos também aumentou. Entre abril e junho deste ano, foram abatidas 124.812.597 cabeças, o que representa um incremento de 14% frente ao registrado em 2022. Já a produção de suínos apresentou recuo de 10% entre os dois períodos. No segundo trimestre deste ano, o número de cabeças abatidas ficou em 477.982.

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“De forma geral, os números da Pesquisa Trimestral de Abates do IBGE são muito bons para Goiás, mostrando desempenho acima da média nacional em bovinos e frangos no segundo trimestre”, diz o secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Pedro Leonardo Rezende. “No caso dos bovinos, Goiás registrou o segundo melhor desempenho em abates do País, respondendo por 10,9% da produção nacional”, cita.

O crescimento tem relação direta com a quantidade e a qualidade da carne, produto final da criação de bovinos, e pode ser resumido como aumento no tamanho ou no peso do animal. Precisamente, equivale ao acúmulo de tecidos corporais, obtido durante a vida do animal. Do ponto de vista de produção, os tecidos de maior importância são os da carcaça, ou seja, músculos, ossos e gorduras. 

De abril a junho de 2023, os estabelecimentos goianos que receberam algum tipo fiscalização (federal, estadual ou municipal) abateram 477.622 bois; 309.495 vacas; 5.966 novilhos; e 120.655 novilhas. O maior percentual de crescimento, frente ao mesmo período de 2022, ocorreu no segmento de novilhos, com aumento de 1.262,1%. Na sequência vieram novilhas (64,1%), bois (29,1%) e vacas (9,8%).

A eficiência do crescimento de animais de corte depende principalmente de duas características básicas: a taxa de ganho e a composição química dos tecidos depositados. Quanto maior a taxa de ganho, maior a eficiência de conversão, em função da diluição da exigência de mantença, que pode variar em função do peso, raça, sexo, idade, temperatura, estado fisiológico e nutrição prévia.

Ovos, couro e leite

O IBGE também divulgou dados trimestrais sobre a produção de ovos, couro e leite. De abril a junho deste ano, a produção goiana de ovos de galinha aumentou 4,6% frente ao mesmo período do ano passado, e atingiu 55,8 milhões de dúzias. A produção de couro curtido bovino avançou 21,1%, chegando a 1.028.881 peças inteiras. Já a quantidade de leite industrializado aumentou 7,5%, fechando o segundo trimestre com 519,7 milhões de litros.

Segundo o economista, Luiz Carlos Ongaratto, a tendencia é vermos a queda no preço desses produtos. “Com o crescimento da produção dos alimentos, a expectativa é ver o valor mais baixo. Em contrapartida, os derivados do gado, como o leito por exemplo, devem continuar em alta, considerando que ainda estamos no período de seca no estado”, exemplificou.

A produção de ovos em Goiás chegou a 217 milhões de dúzias. O volume colocou o estado na 9ª posição do ranking de maiores produtores entre os Estados e o Distrito Federal, respondendo por 5,3% da produção total do País. Assim como no ano passado, os resultados para 2023 também devem ser positivos. Somente no 1º trimestre deste ano, houve crescimento de 10,7% na produção de ovos em Goiás, frente ao mesmo período do ano passado, com registro de 57,1 milhões de dúzias – recorde de produção no período.

“O segmento deve alcançar, este ano, R$ 1,3 bilhão em Valor Bruto de Produção, o que representa um crescimento de 19,3% em relação ao ano anterior. O quantitativo de 217,1 milhões de dúzias de ovos se aproximou bastante do recorde de produção dos últimos 11 anos, que foi atingido em 2019, quando Goiás produziu 219,2 milhões de dúzias. Tudo isso mostra que a produção goiana de ovos tem uma boa perspectiva”, disse o secretário da Seapa.

Azenir Souza Oliveira, de 52 anos, proprietário de um açougue em Goiânia, expressa sua preocupação com a diminuição do público em sua loja, apesar da queda nos preços da carne. Anteriormente, ele costumava cortar carne de até sete vacas por semana, mas agora esse número caiu para apenas três. 

Azenir explica que os preços são determinados pela compra de carne do gado, e quando ele adquire a carne por um valor mais baixo, ele repassa essa economia para seus clientes: “Antes de janeiro, eu vendia o contrafilé por R$ 37,99, agora baixou para R$35,99, quando vendido por R$37,99 eu vendia mais. De janeiro para cá, caiu muito o preço da carne, mas caiu o movimento ainda mais. O preço barateou mas o dinheiro do pessoal parece ter encurtado”.

Por outro lado, o proprietário de outro açougue, Rodrigo Gonçalo de Castro, de 39 anos, compartilha uma perspectiva diferente. Ele observa uma considerável redução nos preços da carne, o que atrai mais o público, especialmente os amantes de churrasco. Rodrigo acredita que essa redução nos preços é influenciada pela diminuição das exportações de carne para a China, que resultou em um excedente de gado no mercado brasileiro. “O preço das carnes já tem uns 8 meses em baixa, vem diminuindo a um tempinho bom e a clientela aumentou com isso”, pontua. 

Rodrigo prevê que, com a chegada de um período de seca, a tendência é que os preços da carne aumentem um pouco devido ao custo mais alto do gado de confinamento. Ele explica que, durante a seca, os pastos ficam secos e as primeiras chuvas têm um efeito negativo sobre o capim, tornando o gado de confinamento uma opção mais viável. 

No entanto, ele menciona que, ao repassar aumentos de preços para os clientes, eles tentam fazê-lo gradualmente para evitar surpresas desagradáveis. Rodrigo também destaca que suas vendas são principalmente no atacado e, embora tenha havido desafios no início da pandemia, a situação se estabilizou e melhorou ao longo do tempo, deixando-o satisfeito com o desempenho de seu negócio nos últimos anos.

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