Goiás registra quase 60 incidentes aéreos desde o ano passado

Classificação dos casos varia e nem sempre resultou em morte; No Brasil foram 1084

Postado em: 19-09-2023 às 07h30
Por: Gabriel Neves Matos
Imagem Ilustrando a Notícia: Goiás registra quase 60 incidentes aéreos desde o ano passado
Avião monomotor fez um pouso forçado milharal na zona rural de Luziânia no dia 3 de junho | Foto: Reprodução

Desde janeiro do ano passado, Goiás teve 59 incidentes aéreos. De saídas de pista a quedas de aeronaves que deixaram pessoas mortas, foram 33 ao longo de todo 2022 e outros 26 registros de janeiro até setembro deste ano. A reportagem do jornal O Hoje fez um levantamento junto aos dados do Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Sipaer), vinculado ao Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), órgão responsável por investigar ocorrências aeronáuticas.

Os registros que constam no Cenipa são de diversas classificações. Podendo ser leves ou graves, nem sempre os incidentes ocasionaram mortes. De acordo com os relatórios divulgados pelo órgão investigativo, até o terceiro trimestre deste ano, o Brasil já tem 468 incidentes aéreos — número superior ao quantitativo de todo o ano passado, que fechou em 616 casos. Na soma dos números, foram 1084 registros de incidentes.

O helicóptero da Marinha que caiu em Formosa (GO) em agosto e deixou dois mortos e 12 feridos, no entanto, não foi registrado, ou pelo menos ainda não foi disponibilizado pelo órgão. Em março deste ano, um avião que decolou de Taiobeiras (MG), fez escala em Janaúba e tinha como destino o Aeroporto de Goiânia (GO) caiu em cima de duas casas na Vila Mutirão I e deixou dois mortos.

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Por enquanto, o acidente aéreo que matou 14 pessoas, em Barcelos (AM), no último sábado (16), não consta no sistema do Cenipa, mas deve ampliar o quantitativo de incidentes no país. O órgão investiga as causas da tragédia envolvendo o avião de pequeno porte que transportava 12 passageiros e dois tripulantes. Entre as vítimas, constam cinco goianos. Não houve sobreviventes.       

         O Cenipa informou em nota que “a conclusão das investigações terá o menor prazo possível, dependendo sempre da complexidade de cada ocorrência e, ainda, da necessidade de descobrir os possíveis fatores contribuintes”. A nota também informa que o centro tem como objetivo “investigar as ocorrências aeronáuticas, de modo a prevenir que novos acidentes com características semelhantes ocorram”.

O avião Embraer EMB-110 “Bandeirante”, que tinha capacidade para até 18 pessoas, saiu de Manaus e seguia em direção a Barcelos, município a cerca de 400 quilômetros da capital amazonense. O voo tem duração de 1h30. De acordo com informações do governo do Amazonas, o acidente teria ocorrido durante a tentativa de pouso no aeroporto de Barcelos, cidade banhada pelo rio Negro e conhecida principalmente por causa  do ecoturismo.

De acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a situação da aeronave era regular e ela era operada pela empresa Manaus Aerotáxi, com permissão para táxi aéreo. O advogado da empresa, Marcelo Souza, informou à Rede Amazônica que o avião, fabricado pela Embraer em 1991, estava com as manutenções todas regulares. As chuvas na região, segundo a Defesa Civil, podem ter contribuído para o acidente.

“O momento do acidente era de chuva muito intensa. Teve a informação de que duas aeronaves que estavam antes desse voo optaram por regressar a Manaus em virtude de a segurança no local não permitir o pouso”, afirmou o secretário de Segurança Pública do Amazonas, coronel Vinícius Almeida, em entrevista coletiva. “Não temos detalhes que possam ser conclusivos. Temos alguns relatos. Quero aqui não contaminar a investigação. O que tem de relatos é que a aeronave teria pousado no meio da pista e não teve pista suficiente para frear.”

Em nota enviada ao jornal O Hoje, a Anac prestou solidariedade e condolências aos familiares das vítimas do acidente e se colocou à disposição para auxiliar as autoridades locais. Além disso, informou que o aeródromo de Barcelos “está aberto ao tráfego, sem evidências de problemas com a pista e com previsão de obras, pelo governo do estado do Amazonas, para iniciar em 25 de setembro”.

Em uma nota divulgada nas redes sociais, a Manaus Aerotáxi lamentou a tragédia e disse que a segurança é a sua prioridade e que a aeronave e a tripulação atendiam a todas as exigências da aviação civil. “Contamos com o respeito à privacidade dos envolvidos neste momento difícil e estaremos disponíveis para prestar todas as informações necessárias e atualizações à medida que a investigação avançar”, afirmou a empresa.

Equipes para auxiliar no transporte dos corpos das vítimas para Manaus foram enviadas no domingo para Barcelos. A ação do governo do Amazonas foi realizada de forma integrada com a Força Aérea Brasileira (FAB). Após a chegada a Manaus, os corpos foram identificados pelo Instituto Médico Legal (IML). Os corpos de oito vítimas do acidente foram liberados pela funerária contratada pela empresa responsável pelo avião, na tarde desta segunda-feira (18). De Manaus, para onde foram levados, deverão seguir para suas cidades de origem.

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