92 toneladas de lixo e 437 pneus são retirados do Rio Meia Ponte

Expedição do Meia Ponte fez força tarefa de preservação da Bacia Hidrográfica que é a principal fornecedora de água para Goiânia e região metropolitana

Postado em: 25-09-2023 às 08h16
Por: Ronilma Pinheiro
Imagem Ilustrando a Notícia: 92 toneladas de lixo e 437 pneus são retirados do Rio Meia Ponte
Expedição do Meia Ponte fez força tarefa de preservação da Bacia Hidrográfica que é a principal fornecedora de água para Goiânia e região metropolitana | Foto: Divulgação

A segunda etapa da Expedição Meia Ponte (EMP), força-tarefa de limpeza no trecho urbano do Rio Meia Ponte em Goiânia, realizada pela Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) retirou 92 toneladas de entulhos e 437 pneus tanto de dentro do rio, quanto das suas margens. As atividades tiveram início na última terça-feira (19) e foram encerradas na última sexta-feira (22). A Expedição é coordenada pela vereadora Kátia Maria (PT).

Além da Comurg, a Universidade Federal de Goiás (UFG) também participou do projeto, que alcançou bairros como Vila Roriz, Recanto do Bosque e Vila Montecelli.  Iniciativa da Câmara Municipal, a EMP tem o objetivo de monitorar os níveis de poluição e traçar estratégias para recuperação do rio, cuja degradação vem aumentando nas últimas décadas. 

“Os pesquisadores da UFG desceram o rio de canoa identificando pontos de assoreamento e coletando amostras de água e solo para análise laboratorial. Nossos 30 colaboradores vieram na sequência, recolhendo garrafas pet, embalagens e sacolas plásticas, pneus, móveis e todo tipo de entulho”, detalha o presidente da Comurg, Alisson Borges.

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A partir do material coletado e das observações realizadas, deve ser traçado um grande diagnóstico sobre as condições do rio Meia Ponte, responsável pelo abastecimento de água de boa parte da capital e também da região metropolitana. O relatório a ser construído, que possui o nome de “Carta das águas do Meia Ponte” além de indicar a verdadeira situação do rio, será a base para legisladores e poderes executivos, tanto municipal, quanto estadual, definirem ações de recuperação e conservação do manancial.

Os pesquisadores da universidade observaram uma série de irregularidades que contribuem para a degradação do rio, como o descarte de lixo e esgoto, erosões, assoreamento, extração irregular de areia, captação de água sem outorga e, até mesmo, mortandade de peixes devido à poluição e às péssimas condições da água.

Esses problemas, podem ser identificados até mesmo a olho nu, mas os estudos realizados em laboratórios específicos devem trazer mais evidências e dados, a fim de fundamentar o relatório final, que será encaminhado a todos os órgãos competentes.

A expedição é científica e não tem caráter fiscalizatório e punitivo, no entanto, todas as irregularidades observadas e incluídas na Carta das Águas foram reportadas aos órgãos competentes. Na 1ª etapa, por exemplo, foram identificados 31 pontos de assoreamento, dois aterramentos, nove erosões lineares, quatro erosões fluviais, um rompimento de manilha dentre outros.

De acordo com a UFG, o objetivo era percorrer o rio Meia Ponte para fazer um diagnóstico da fauna, flora, qualidade da água, e a partir daí, ter informações para a criação e implementação de políticas públicas para recuperação e proteção do rio Meia Ponte. A universidade acredita que esse tipo de atividade aproxima ainda mais a Universidade da comunidade e contribui com a formação dos discentes, da graduação e pós graduação.

Com o período de seca, a segunda etapa da Expedição objetivou a avaliação do rio nesse sentido e comparou as condições do rio em momentos de chuva e de estiagem. Além disso, buscou identificar novos pontos de crimes ambientais.

“O Meia Ponte garante o abastecimento de água de metade da região metropolitana de Goiânia. Não podemos permitir que ele seja tomado pelo lixo. Sua preservação é papel de todos: governos e moradores”, pontua o prefeito de Goiânia, Rogério Cruz, ao destacar a importância do conjunto de medidas para a saúde do rio e, consequentemente, da população.

Rio Meia Ponte

A Bacia Hidrográfica do Rio Meia Ponte está localizada na região centro-sul do Estado e é a principal fornecedora de água para a Região Metropolitana de Goiânia, segundo a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. 39 municípios estão inseridos nela.

A Bacia concentra, em apenas 4,2% do território do Estado, aproximadamente 40% de sua população, incluindo a Região Metropolitana de Goiânia e importantes municípios, polos industriais e agroindustriais, que utilizam as suas águas para diversas atividades. O Meia Ponte faz parte do complexo hidrográfico da Bacia Hidrográfica do Rio Paraná e abrange uma área de aproximadamente 12.180 km2, percorrendo 415 km até desaguar no Rio Paranaíba pela margem direita. 

As nascentes do manancial localizam-se na Serra dos Brandões, município de Itauçu, no Estado de Goiás e sua foz está situada no Rio Paranaíba, município de Cachoeira Dourada, divisa do Estado de Goiás com o Estado de Minas Gerais. Além disso, limita-se ao norte com a Bacia Hidrográfica do Rio das Almas, a oeste com a Bacia Hidrográfica do Rio dos Bois, a nordeste com a Bacia Hidrográfica do Rio Corumbá e ao sul o Rio Meia Ponte deságua no Rio Paranaíba.

O Rio Meia Ponte tem como principais afluentes pela margem esquerda os rios Inhumas, João Leite, Caldas e o Ribeirão Formiga e pela margem direita o Rio Dourados e o Ribeirão Boa Vista do Rancho.

A bacia abastece a capital do Estado, correspondendo a 3,6% do território, onde estão inseridos 39 municípios. Trata-se de uma região acentuadamente populosa, com elevada densidade demográfica nos municípios de Goiânia, Aparecida de Goiânia, Anápolis, Senador Canedo e Itumbiara, perfazendo aproximadamente 3,131 milhões de habitantes (48% do Estado), segundo estimativas de 2016 do IBGE.

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