Com 40 anos de espera, 58 vagões inauguram trilho da Ferrovia Norte Sul em Anápolis
Viagem histórica marca uma nova rota até Anápolis (GO) levando insumos para a indústria e agricultura de Goiás
Por: Matheus Santana
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Chegou. Finalmente chegou o dia em que 58 vagões da Brado, puxados por locomotivas da Rumo percorreram o primeiro trem da Ferrovia Norte-Sul com destino a Anápolis (GO). Ainda em teste, mas considerada um sucesso, a viagem de 1.511 km teve início em Cubatão (SP), na Malha Paulista, e durou três dias. O trajeto marca a retomada de um projeto que foi iniciado há 40 anos e em 2023 teve a sua estrutura 100% concluída.
No primeiro trem, 58 vagões levaram 112 contêineres de 40 pés, 32 deles carregados com insumos para a indústria e defensivos agrícolas vindos da China, Estados Unidos e Europa. Os demais 80 seguiram vazios para serem encaminhados aos clientes de exportação – no fluxo Anápolis-Santos – e para formar um buffer (depósito) no Porto Seco de Anápolis. O buffer é importante para assegurar ativos para as próximas operações.
“Trata-se de um momento histórico para a infraestrutura brasileira, uma rota há muito aguardada e que vai alavancar o crescimento da região. É um orgulho participar deste momento ímpar, oferecendo uma solução multimodal de contêineres que possibilita transportar os mais diversos tipos de carga por ferrovia”, afirma Marcelo Saraiva, CEO da Brado.
De acordo com Guilherme Penin, vice-presidente de Expansão e Regulação da Rumo, o fluxo de contêineres por ferrovia traz novas perspectivas econômicas para as regiões que passam a ser atendidas por esse serviço. “A ferrovia é um indutor de desenvolvimento. A chegada dos trilhos aos principais polos da agricultura e indústria de Goiás e Tocantins promove geração de empregos e potencializa as atividades econômicas dos municípios”, destaca.
O diretor de operações do Grupo Porto Seco Centro-Oeste, Everaldo Fiatkoski, destaca o potencial do Porto Seco de Anápolis como único terminal de contêineres no estado. “O novo Terminal de Contêineres do Porto Seco é resultado da expertise adquirida nos últimos 20 anos, ampliando a capacidade logística, reduzindo os custos operacionais e, como consequência, atraindo novos interessados na multimodalidade entre rodovias e ferrovias”, afirma Fiatkoski.
A primeira viagem de retorno levará pluma de algodão da safra que se inicia na Bahia ao Porto de Santos para exportação. A operação multimodal da Brado combina a movimentação de cargas pela ferrovia nas distâncias longas e pelas rodovias nos trechos curtos. Diferente dos vagões “tradicionais”, os contêineres permitem diversificar o atendimento acomodando cargas diversas, desde produtos agropecuários até industrializados.
A partir do Porto Seco Centro-Oeste, em Anápolis, serão atendidos por ferrovia os mercados de exportação de algodão, mineração, siderurgia e alimentos, incluindo açúcar, farelo de soja e grãos em contêineres, além de proteínas bovinas por meio das operações com contêineres reefer (refrigerado). Atualmente, estes mercados já movimentam cerca de 45 mil contêineres ao ano e mais de 65% têm como destino o Porto de Santos.
Na rota oposta, serão captados os mercados de importação de insumos que abastecem as indústrias e o agronegócio do estado goiano, além dos bens de consumo que passam a ser distribuídos para as populações de Goiás, Distrito Federal, sul do Tocantins e Minas Gerais.
Desde que assumiu a concessão da Malha Central, a Rumo já investiu R$ 4 bilhões em obras de infraestrutura, terminais e material rodante nos ramos central e sul da Ferrovia Norte-Sul. E gerou 5 mil empregos para a execução das obras e para a operação nos terminais.
A Ferrovia Norte-Sul tem uma extensão total de 1.527 km entre Estrela D´Oeste (SP) e Porto Nacional (TO). Passa por 4 das 5 regiões do Brasil (Centro-Oeste, Norte, Sudeste e Nordeste – este último, em trecho sob concessão da VLI).
A Brado tem estrutura própria composta por 20 locomotivas, mais de 5 mil contêineres e 2,2 mil vagões, equipamentos, armazéns e terminais, complementadas por meio de parcerias estratégicas nos principais centros de consumo do país.
A Rumo é a maior operadora de ferrovias do Brasil e oferece serviços logísticos de transporte ferroviário, elevação portuária e armazenagem. A Companhia opera 9 terminais de transbordo, está presente em quatro portos e administra cerca de 14 mil quilômetros de vias férreas nos estados de Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Minas Gerais, Goiás e Tocantins. A base de ativos é formada por 1.400 locomotivas e 35 mil vagões. A Rumo está presente na 18ª carteira do ISE B3, o Índice de Sustentabilidade Empresarial da B3 que reconhece as empresas que são referências em práticas ESG.
O Grupo Porto Seco Centro-Oeste (PSCO) atua na armazenagem e movimentação de cargas nacionais e de comércio exterior desde 1999. Primeira Estação Aduaneira do Interior instalada na Região Centro-Oeste do Brasil, transforma desafios em soluções para entregar serviços logísticos de excelência e com competitividade, impulsionando resultados que superam expectativas, nos setores automobilístico, farmoquímico, agronegócio, siderurgia, mineral e cargas gerais. Na sede do Grupo PSCO, em Anápolis, há 1 milhão de m² de área para armazenagem e movimentação de cargas, somadas às unidades de mercado interno, área alfandegada e granéis sólidos, cuidadosamente designados para atender às necessidades específicas de cada cliente. O Grupo PSCO dispõe, em Anápolis, de dois terminais multimodais de contêineres, um na Ferrovia Centro Atlântica, que atende a VLI, e outro, recém-inaugurado, na Ferrovia Norte Sul, que atende a BRADO Logística.
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