Morte dos PMs em Cristalina poderia ser evitada

A morte do cabo Wenderson André da Silva Alves, de 31 anos, e do soldado Pedro Felipe Moreira da Nóbrega, de 33, da Polícia Militar poderia ter sido evitada. Militares ouvidos pela reportagem do jornal O Hoje afirmam que não faz parte do Procedimento Operacional Padrão (POP) da corporação entrar, fardado, dentro de rios em uma perseguição. Justamente para preservar a vida dos policiais. 

Os militares de Cristalina estavam à procura de um foragido que não teve sua identidade divulgada. Durante a ocorrência, que aconteceu na tarde da última terça-feira (3), o criminoso entrou no Rio São Bartolomeu, os dois PMs entraram na água fardados para tentar alcançar o criminoso. Porém, a cerca de 50 metros da margem do rio, o cabo Wenderson se cansou e recebeu ajuda na travessia de seu companheiro, o soldado Pedro Felipe. Os dois sumiram no fundo da água e da vegetação. 

O Corpos de Bombeiros e mais doze policiais fizeram uma operação de busca no rio. Com condições desafiadoras para as equipes de mergulho, por conta das águas turvas, lama e galhos submersos, que dificultou um pouco a procura, o corpo foi encontrado apenas por volta das 23h,  a cerca de 15 metros de profundidade. Os dois foram levados ao Instituto Médico Legal (IML) de Luziânia.

Em entrevista ao Jornal O Hoje, policiais da capital relataram que ele teriam feito a perseguição pela margem do rio ou, pelo menos, chamado um reforço aéreo. “Se eu estivesse na ocorrência, eu não pularia no rio, tentaria solicitar um apoio e encontrar ele na margem do rio”, disse um deles. “A gente tem de usar uma farda muito pesada, com coldre, com arma, algemas”, diz outro.

O deputado Major Araújo explicou ao Jornal O Hoje que entrar na água fardado não faz parte do treinamento da Polícia Militar. “Isso é um senso do dever dos polícias, que querem cumprir a missão a todo custo. Os policiais de Goiás não admitem perder para bandido, então a vontade deles era de fazer uma missão bem feita. Mas isso não é recomendado para ninguém, entrar na água fardado e armado, esse ato não está no treinamento de nado da polícia Militar e nem no Procedimento Operacional da Padrão da PM.”

Além disso, o Major Araújo diz que o mais recomendado naquele momento seria solicitar o apoio. “O que está prescrito no nosso Procedimento Operacional Padrão era a solicitação de apoio, para que eles pudessem agir com mais viaturas.”

Com mais de duas décadas de Polícia Militar, o deputado Major Araújo faz um alerta: “Mesmo dentro da água, se esse criminoso fosse um nadador esperto, eles poderiam ter virado alvo fácil do criminoso dentro da água.”

O caso, ainda segundo o legislador, agora serve como um alerta para os outros integrantes da corporação: “Eu recomendo sempre aos policiais que não façam nada além do que está prescrito no pop. Nesse caso eles deveriam contar com um reforço do outro lado, fazendo assim um cerco. O que eu recomendo é que eles sempre solicitem reforço, caso não consiga ajuda, não vão mais além do que está determinado no Procedimento Operacional Padrão.”

Sobre a perda dos PMs, o deputado lembra que as famílias dos militares têm direito a receber uma pensão por motivo de morte, que hoje é integral. Mas o PM precisa ser casado para garantir que a esposa do militar recebe esse benefício a partir da morte do policial. Caso eles sejam solteiros, os familiares não têm direito a receber este benefício.

A reportagem procurou a assessoria de imprensa da PM para comentar o caso, mas não respondeu. Por outro lado, a corporação recebeu uma nota de pesar se solidarizando com a morte dos dois militares, que deram suas vidas em serviço da lei.

Os policiais militares foram velados e sepultados nesta quarta-feira (4). O sepultamento do Cabo Wanderson André Da Silva Alves foi em Cristalina, no Cemitério Municipal Jardim da Saudade, Capela Chapéu do Sol, às 14 horas. Já o Soldado Pedro Felipe Moreira Nóbrega foi sepultado em Brasília, no Cemitério Campos da Esperança, da Asa Sul, por volta das 17 horas.