Voluntários constroem casas em comunidades goianas

A ONG Teto, com a ajuda de empresas, profissionais e voluntários se dedicam a construir e doar casas a famílias em vulnerabilidade

Postado em: 07-10-2023 às 12h00
Por: Luana Avelar
Imagem Ilustrando a Notícia: Voluntários constroem casas em comunidades goianas
Além da casa, existe a tomada de consciência de direitos | Foto: ONG Teto Br

Uma ONG está se empenhando em transformar a vida de famílias que não têm condições de construir uma casa que lhes ofereça dignidade. Trata–se da  Teto Brasil, que, com início no Chile, já tem ações em Goiás, com a construção de 66 residências em comunidades carentes.

Felipe Matheus Ribeiro da Silva tem 28 anos e trabalha como gestor na Teto Brasil, em Goiânia, há pelo menos um ano. Ele gerencia as operações da Teto em Goiás e Distrito Federal. Antes de chegar ao cargo, passou sete anos como voluntário no Rio de Janeiro, onde há uma grande demanda devido às comunidades por lá.

Apesar de não ter formação em engenharia, Felipe entende que a união de pessoas, com ou sem conhecimento técnico em construção, é essencial para o sucesso dos projetos dessas casas feitas com madeira, prego e tinta. O projeto funciona como que para, além de doar as casas, ensinar a comunidade como construí-las. 

Continua após a publicidade

Felipe se entusiasma, ao comentar o projeto, em uma das ações na Beira da Mata, uma das comunidades onde a Teto atua: “Nosso papel aqui é de apoio à comunidade. Nosso processo é empoderar os moradores e as lideranças comunitárias para que compreendam sobre o processo de construção de moradias de emergência”. 

Outro voluntário, Pedro Murakami, com 25 anos, ressalta a importância da construção das casas. “O contato estabelecido com a comunidade pela Teto foi de grande importância para mim”, disse ele, antes de descrever a rotina de transpiração na realização do sonho de uma casa. “Cada fase, desde cavar o solo até fincar os pilotis, possui uma beleza e um significado poético que me encantaram”, conta ele. 

A arquiteta Victoria Barreto conheceu a Teto durante seus estudos na faculdade. Naquela época, a organização ainda não tinha presença no Centro-Oeste, abrangendo cidades como Brasília e Goiânia. Quando surgiu uma oportunidade para uma vaga de coordenação e atuação territorial, ela se candidatou e foi bem-sucedida. Assim, Victoria ingressou na Teto como contratada, apesar de nunca ter participado de uma ação anteriormente, uma vez que a organização ainda não havia estabelecido sua presença em Brasília.

Durante seu curso, Victoria percebeu um interesse mais profundo na urbanismo, na configuração das cidades e em como melhorá-las, em contraste com a arquitetura em si ou o design de interiores. Nos estágios iniciais de sua carreira como arquiteta, ela se dedicou principalmente a reformas de interiores, mas essa não era sua área de interesse. Victoria sempre preferiu trabalhar diretamente com a comunidade e no desenvolvimento urbano.

Ela compartilha uma reflexão sobre a percepção da arquitetura como uma área frequentemente associada à elite: “Geralmente, arquitetos são contratados por pessoas de alto poder aquisitivo”.

Em setembro de 2022, cinco residências com banheiros foram erguidas na comunidade Beira da Mata em Aparecida de Goiânia sob a supervisão da Teto. A organização acompanha as famílias desde o processo de seleção até o dia da construção, o que implica cerca de três meses de dedicação e estabelecimento de vínculos.

“Quando ocorreu a entrega das casas para uma família específica, fiquei profundamente emocionada. Isso porque representa a realização concreta de todos os nossos planos e esforços”, lembra Victoria. “Houve uma frase de uma moradora que deixou uma marca indelével em mim: ‘Pessoal, por favor, não me abandonem’. É nesse momento que percebemos que a casa é muito mais do que simplesmente um lugar para viver, não é mesmo? Ela representa uma oportunidade, é a criação de laços duradouros”.

Veja Também