Goiás registra mais de 600 picadas de escorpiões

HDT atendeu quase 2 mil casos de acidentes envolvendo animais peçonhentos, entre agosto de 2022 e o mesmo período de 2023

Postado em: 09-10-2023 às 08h25
Por: Ronilma Pinheiro
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HDT atendeu quase 2 mil casos de acidentes envolvendo animais peçonhentos, entre agosto de 2022 e o mesmo período de 2023 | Foto: Alexandre Paes/O Hoje

O Hospital Estadual de Doenças Tropicais Dr Anuar Auad (HDT), unidade que é referência no atendimento de pacientes vítimas de acidente com animais peçonhentos, recebeu quase 2 mil casos de acidentes envolvendo animais peçonhentos, entre agosto de 2022 e o mesmo período de 2023. Ao todo foram 1.672 acidentes.

Os animais com o maior número de casos foram: as aranhas, escorpiões, abelhas, lagartas e serpentes. Os acidentes envolvendo escorpiões somaram 652, seguido de serpentes com 371, aranha com 239, abelha com um número de 70 e a lagarta com 22 casos. Outros animais e insetos como formigas, marimbondos, arraia e taturanas também tiveram incidências.

A Manicure em domicílio, Márcia Fernanda Santos foi picada no polegar esquerdo, mais precisamente, próximo da unha, por um escorpião, há cerca de três meses. O animal estava escondido no pano de prato que fica na cozinha da mulher.

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A dor da picada é inexplicável, segundo Márcia. “Começa queimando, depois como se estivesse enfiando uma agulha muito forte no local, e a dor subiu no meu braço e andou nas costas”, detalha a manicure ao tentar explicar a dor causada pelo animal.

O incômodo tanto confunde-se com a uma queimadura, que inicialmente a manicure achou que poderia ter queimado o dedo na gordura quente com que fritava comida no momento. “Coloquei embaixo da água e lavei”, acrescenta. Ao perceber que não se tratava de queimadura, a mulher pensou que uma formiga a havia picado. “Mas como a dor aumentou, comecei a procurar no pano de prato, foi onde achei o escorpião”, relata.

Quando encontrou o animal, imediatamente Márcia se dirigiu ao atendimento médico. Para isso, contou com o auxílio da vizinha mais próxima. “Fui atendida 15 minutos após a picada”, detalha.

“Foi feito anestesia no local da picada para aliviar a dor e neutralizar o veneno. Depois tomei uma dipirona, uma hora e meia depois, um Tramal”, na ocasião, ela passou uma noite tomando soro no hospital e não recebeu o soro antiescorpiônico, pois não havia antídoto no local.

Já faz mais de três meses desde que a manicure foi picada pelo escorpião, no entanto, as sequelas são sentidas até hoje. “Sinto muita dor no braço, é uma dor como se o veneno ainda estivesse no local”, conta. Além disso, Márcia relata que devido à dor, tem dificuldade em segurar a embreagem da moto que dirige para realizar os atendimentos em domicílio. “E tenho dificuldade para escovar os cabelos das clientes, pois também sou cabeleireira”, acrescenta.

O médico infectologista Luiz Felipe, responsável pelo controle dos acidentes com animais peçonhentos no HDT orienta que, ao ser picado por um escorpião, a pessoa deve higienizar o local com água e sabão e procurar atendimento médico para que seja avaliada a indicação do soro antiescorpiônico. O Soro antiescorpiônico é indicado geralmente em casos moderados a graves, segundo o médico.

O veneno do escorpião se liga às terminações nervosas, causando uma dor local importante, afirma o especialista. “Além disso, podem provocar a liberação de substâncias que levam à insuficiência cardíaca e edema agudo de pulmão”, acrescenta o médico. No caso das crianças e idosos a atenção precisa ser redobrada, já que esse público está mais suscetível a morrer por infecção do veneno escorpiônico, segundo Luiz.

O infectologista afirma que, em geral, não existem sequelas após a picada. “Pacientes com quadro grave, com internação prolongada em UTI, podem ter as sequelas gerais deste tipo de internação, não necessariamente associadas diretamente ao envenenamento”, afirma.

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