Marcha da Maconha 2023 em Goiânia elucida luta pela democratização do acesso à planta

A Marcha da Maconha 2023 encheu as ruas de Goiânia neste último domingo (8). Com o lema “Para apoiar, não precisa usar”, a manifestação concluiu a 12ª edição da ‘Semana pela Legalização’, que teve início no dia 02 de outubro. Quem organizou o evento foi o Coletivo Mente Sativa da advogada e ex-candidata a deputada estadual Kelly Cristina. O objetivo da Marcha foi elucidar o debate que envolve o movimento, que luta pela legalização da maconha e pelo fim da Guerra às Drogas.

Centenas de ativistas, entusiatas e famílias participaram da Marcha da Maconha, que teve como ponto de encontro inicial a Praça Universitária, no Setor Universitário. A partir das 14h deste domingo, os manifestantes percorreram as ruas da região central da capital goiana até o Beco da Codorna, no Centro. Durante todo o evento, ocorreram diversas apresentações musicais, artísticas e culturais. Além dissou, também houve oficina de cartazes, discursos de conscientização e batalhas de rima.

Marcha da Maconha

Em 2011, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu por unanimidade a liberação da realização dos eventos chamados marcha da maconha. Portanto, trata-se de um movimento social legítimo que reúne manifestantes favoráveis à decriminalização da Cannabis Sativa, nome científico da maconha. Há 12 anos, os ministros da Corte ressaltaram que a realização das marchas é garantida pelos direitos constitucionais de reunião e de livre expressão do pensamento.

À época, o então decano do STF Celso de Mello afirmou que a marcha da maconha é um movimento social espontâneo que reivindica, por meio da livre manifestação do pensamento, a possibilidade da discussão democrática do modelo proibicionista (do consumo de drogas) e dos efeitos que (esse modelo) produziu em termos de incremento da violência. Além disso, o ministro considerou que o evento possui caráter nitidamente cultural, já que nele ocorrem atividades musicais, teatrais e performáticas.

Importância social

A coordenadora do Mente Sativa, Kelly Cristina Gonçalves, salienta que a Guerra às Drogas provoca a dificuldade de acesso às pessoas que precisam da planta para uso medicinal. Além disso, também o encarceramento em massa no país, sobretudo de pessoas pretas e pobres. “Vemos prisões superlotadas no país, no qual grande parte deste excesso de pessoas presas vem das prisões por portes pequenos de drogas. A Guerra às Drogas é uma política fracassada, em que o Estado gasta rios de dinheiro, sem no entanto avançar sobre o ponto principal do problema”, afirma a advogada.

De acordo com Fabrício Rosa, policial que participou da Marcha da Maconha Goiânia 2023, a legalização é uma política para a vida e para a saúde. “É a única forma de descapitalizar facções criminosas e milícias. Com o recurso desse comércio que foi colocado na ilegalidade, se armam e tiram a vida de muita gente. Esses recursos poderiam ir para o Estado investir em saúde, educação e segurança pública. Somente com a legalização, haverá avanço nas pesquisas científicas e criação de novos medicamentos à base de Cannabis. Uma planta que possui mais de 100 elementos terapêuticos e medicinais“, enfatizou.