Conflito Hamas-Israel pode impactar economia do Brasil e Goiás

Guerra impacta as negociações e a balança comercial de vários países

Postado em: 11-10-2023 às 08h00
Por: Alexandre Paes
Imagem Ilustrando a Notícia: Conflito Hamas-Israel pode impactar economia do Brasil e Goiás
Especialista explica que ainda não é possível prever impacto na economia | Foto: Arquivo Pessoal

Já se passaram cinco dias desde o início da guerra entre Israel e Hamas, que teve começou na madrugada de sábado (7), após o grupo islâmico iniciar uma série de ataques contra o território israelense. Um dos reflexos desse conflito é que o preço do petróleo subiu em todo o mundo, enquanto os mercados globais operam com grande volatilidade. O conflito impacta diretamente as negociações e a balança comercial de vários países, principalmente o mercado internacional de exportação.

Especialistas ouvidos pelo Jornal OHoje, explicam que a curto prazo os impactos no Brasil e no estado de Goiás podem ser menores, e que a economia do país pode ser impactada, justamente pela disparada da commodity. No entanto, caso a guerra se agrave ainda mais e persista por muito tempo, haveria impactos mais diretos por conta das travas na produção e distribuição do combustível.

No âmbito regional, o Mercosul possui um acordo de livre comércio com Israel desde 2007 e, em 2011, assinou um acordo semelhante com a Palestina. “A diplomacia brasileira defende que as autoridades israelenses e palestinas busquem uma solução negociada sobre os principais pontos do conflito. Mas qualquer efeito negativo sobre a economia brasileira/goiana vai depender de dois fatores: a duração do conflito e de quais países se envolverão nele”, comenta Adriano Pires, doutor em Estudos Estratégicos Internacionais.

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Vale lembrar que a Faixa de Gaza sofreu intensos bloqueios econômicos impostos por Israel desde 2006 mas na última segunda-feira (09/10), o Ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, anunciou a imposição de um bloqueio total com a proibição da entrada de alimentos e água e com cortes no fornecimento de gás e eletricidade. Para Israel, o Brasil exportou o equivalente a 1,9 bilhões de dólares e importou pouco mais de 2 bilhões de dólares em 2022. “As exportações brasileiras são compostas majoritariamente por óleo bruto de petróleo e por carne bovina desossada (o que interessa muito ao produtor goiano) e as importações, por sua vez, compostas por cloreto de potássio e inseticidas”, apontou o especialista.

Adriano destacou ainda que em 2022, as exportações goianas para Israel foram compostas principalmente por milho (pouco mais de 10 milhões de dólares) e carne bovina desossada (quase 6 milhões de dólares). No mesmo ano, Goiás importou de Israel aproximadamente 55 milhões de dólares em cloreto de potássio. “O Brasil possui um rol diversificado de parceiros comerciais. Portanto, no momento, a balança comercial brasileira não deve ser afetada drasticamente por esse conflito”, pontuou.

Em relação ao comércio exterior entre Brasil e Israel, o Presidente da Câmara de Comércio Exterior da ACIEG e CEO da Expert Brasil Soluções Corporativas, Getúlio Faria, comenta que embora possa ocorrer atrasos no curto prazo, o conflito não deve afetar investimentos, parcerias e negócios no longo prazo, pois entre dois países existe uma crescente e sólida relação comercial. 

A depender da extensão dos resultados do conflito, especialmente na infraestrutura portuária de Israel, pode haver interrupções temporárias, mas devem ser buscados outros destinos para o desembarque de produtos. “No curto prazo, os principais efeitos do conflito em Israel sobre a economia brasileira e goiana é sobre o preço do petróleo e o câmbio, com a possível valorização do dólar, possibilitando aumento da inflação. E isso poderá reduzir o ritmo de queda da taxa básica de juros, a SELIC”, argumenta Getúlio Faria.

Na opinião do analista de relações internacionais do Centro Internacional de Negócios CIN da Fieg, evidentemente o atual conflito fez disparar o preço do petróleo. “No mercado internacional a tendência é ele ficar oscilando quando há conflitos no Oriente Médio, e o primeiro impacto que a população brasileira e goiana tem é na bomba de combustível.  Importante saber que o preço do petróleo sobretudo vai impactar quase toda a cadeia produtiva da economia brasileira porque a grande maioria dos produtos, serviços em nosso país são transportados pela rodoviária”, ressaltou Carlos Stuart.

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