Pecuaristas destacam a importância da mulher no agronegócio durante evento

“Eu tenho uma memória afetiva muito grande com o barulho do gado comendo, o cheiro do campo, o barulho do curral”, diz a pecuarista Michelle Valente, de 43 anos, ao jornal O Hoje, enquanto fala sobre a sua paixão pelo agronegócio, durante o primeiro Encontro SGPA de Mulheres, promovido pela Sociedade Goiana de Pecuária e Agricultura (SGPA) nesta terça-feira (10).

Michelle Valente nasceu “no meio da pecuária”, vem de uma família de fazendeiros, tanto por parte dos familiares paternos, quanto maternos. “Sempre tiveram fazenda, trabalharam com gado, e aí eu segui o mesmo ramo”, afirma. 

Ao falar sobre as dificuldades que a mulher enfrenta ao ocupar posição de liderança, a pecuarista afirma que já foi mais difícil a situação, mas que atualmente, não vê tanta resistência. “Hoje as mulheres estão muito na liderança do agronegócio, a mulher do campo hoje, ela consegue se virar bem. É claro que no começo existia um pouco da dificuldade dessa relação do funcionário com a mulher, a formalidade, mas hoje em dia está bem bacana”, enfatiza.

Para Michelle, o evento tem um importante papel de unir esse público para que haja fortalecimento e inovação no meio do agronegócio feminino. Ela destacou ainda que este ano está sendo difícil para o produtor em relação aos lucros. Tanto a arroba do boi quanto a saca de soja nunca tiveram um cenário tão ruim no preço. E quem não estava preparado sofreu um prejuízo muito grande”, conta.

A nutricionista e pecuarista, Monique Ferreira Valente de Faria, também de 43 anos, destaca a importância do evento no sentido de chamar atenção e incentivar as mulheres a se engajarem nos trabalhos que muitas vezes somente os seus maridos exercem. “Porque muitas das mulheres aqui têm maridos fazendeiros, outras são herdeiras, outras acompanham só a parte financeira, outras já vão para campo com o marido, que é o meu caso, por exemplo”, destaca.

Mas por estar no campo, a pecuarista não precisa deixar de se arrumar à sua maneira, afinal de contas, a mulher tem várias versões de si mesma, pelo menos é o que afirma a nutricionista ao falar do termo criado por elas, o “Agropaty”. “Agropaty é a mulher que pode ser feminina, pode ser do campo. Mas ela pode se arrumar, estar produzida, ela pode gostar de moda”, afirma.

“Não é porque a mulher é do campo ou é da fazenda, que é aquela coisa: ah, é de botina e chapéu. Não, a gente pode ser feminina, usando todos os acessórios”, acrescenta a pecuarista.

Com o tema “A mulher e suas versões”, o evento trouxe discussões sobre os desafios e as oportunidades que muitas vezes as mulheres deixam passar despercebidas; a integração das mulheres em vários cargos essenciais para o crescimento dos diversos setores em que trabalham e a saúde emocional da mulher.

O objetivo do encontro, foi reunir mulheres determinadas, envolvidas em papéis de liderança, que trabalham diretamente com o agronegócio ou que simplesmente simpatizam com esse setor que tanto movimenta a economia do nosso país e coloca alimentos nas mesas das famílias dos brasileiros e também de pessoas de outros países.

A organização do evento destacou ainda que o propósito é integrar, aumentar, valorizar e fortalecer a participação feminina no agro. Através desse encontro voltado para as mulheres, serão criados vínculos. Além disso, cria-se um ambiente de cooperação, com troca de experiências e informações, uma oportunidade para se integrar ao Comitê Feminino da SGPA, com o intuito de contribuir com o futuro dos nossos negócios.

A deputada Federal Marussa Boldrin esteve no evento e destacou o quanto o encontro é significativo para o engajamento de mulheres no agronegócio. “Muitas das vezes a maioria das mulheres que estão aqui no evento, acompanham os pais, os maridos, nas atividades”. No entanto, o encontro vem para mostrar o quanto as mulheres são capazes.

“Nós somos capazes, como que a gente pode estar à frente, porque preparação, eu acredito que a gente já tem um tanto suficiente para que a gente possa ir atrás e buscar essas capacitações, buscar no mercado de trabalho, buscar dentro das associações, dos sindicatos, das federações, para que a gente possa se preparar”, afirma a deputada.

Ainda no seu discurso, Marussa relembrou a sua carreira política e destacou o legado de Iris Rezende para o estado de Goiás.