Goiânia lida com impacto das chuvas na arborização

Especialistas enfatizam necessidade de priorizar a arborização urbana

Postado em: 14-10-2023 às 08h30
Por: Tathyane Melo
Imagem Ilustrando a Notícia: Goiânia lida com impacto das chuvas na arborização
Especialista diz que quedas de árvores e problemas com chuvas podem estar acontecendo por baixa manutenção e planejamento ambiental em Goiás | Foto: Reprodução

Durante a semana passada, várias regiões do estado de Goiás têm enfrentado chuvas e ventanias intensas que causaram prejuízos e transtornos em diversas áreas. Goiânia, em especial, está sofrendo com a queda de árvores devido às condições climáticas adversas. Embora as chuvas tenham sido passageiras, os impactos persistem, interditando avenidas e causando danos nas fiações elétricas e entre os moradores.

Para lidar com os estragos causados pelas chuvas e ventos fortes, a Prefeitura de Goiânia mobilizou equipes da Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) para a remoção rápida e eficaz de árvores e galhos caídos. No total, 20 árvores e 13 galhadas foram retiradas das vias públicas, devolvendo a mobilidade e a segurança para a população.

O Setor Marista foi uma das áreas mais afetadas, com cinco árvores e cinco galhos quebrados, registrados nas ruas 9, 135, 136 e 1.129. Após o episódio de chuvas intensas, a Comurg intensificou suas ações de poda preventiva, uma medida essencial para evitar que árvores interfiram nas redes elétricas e suportam condições climáticas adversas.

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A Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma) informou que oferece uma abertura de processos de ressarcimento em casos de danos causados pela queda de árvores. Para solicitar a compensação, os cidadãos podem recorrer às unidades do Atende Fácil ou à sede da Amma.

Em uma entrevista ao Jornal O Hoje, o biólogo e botânico, Carlos de Melo e Silva Neto, trouxe à tona preocupações sobre a arborização urbana nas cidades, destacando a necessidade de planejamento e prevenção para evitar acidentes relacionados a árvores em áreas urbanas.

Carlos aponta um problema generalizado nas cidades brasileiras: a falta de planejamento e organização por parte dos órgãos municipais e prefeituras em relação à arborização urbana. Ele enfatiza que a maioria das cidades, incluindo Goiânia, carece de um plano de arborização atualizado e um monitoramento contínuo, que são essenciais para compreender as condições da arborização na cidade.

Segundo o especialista, a falta de clareza no planejamento torna a arborização urbana reativa, com árvores sendo plantadas e podadas apenas em resposta a demandas pontuais, em vez de seguir um plano estratégico. Isso leva a situações em que a poda e a remoção de árvores ocorrem apenas quando elas apresentam risco iminente de queda, especialmente durante as estações chuvosas, resultando em um cenário de desorganização.

“Se a autoridade competente fizesse todo monitoramento prévio, acompanhamento de fato, evitaria muitos transtornos de árvores caindo nessa época de chuva, por exemplo. Então, se eu sei as árvores que têm que ser retiradas e porque elas têm que ser retiradas, e retiradas antes de começar a chuva, quando começar esse agravante temporal, a gente vai ter bem menos árvores caindo, né?”, enfatiza. 

O especialista destaca que a grande maioria das árvores que caem nas cidades são afetadas por doenças, danos ou não foram plantadas nas condições ideais. A abordagem preventiva e o acompanhamento eficaz poderiam reduzir significativamente os riscos relacionados às árvores em áreas urbanas. 

Com as mudanças climáticas previstas, que incluem chuvas e tempestades mais intensas, a importância do monitoramento da arborização urbana torna-se ainda mais crucial. Carlos Neto enfatiza que, embora a ação dos cidadãos seja importante, a responsabilidade principal recai sobre o poder público municipal. “Em áreas públicas, como calçadas e canteiros centrais, a responsabilidade pela manutenção recai sobre o órgão ambiental municipal”, diz.

A arborização urbana não é apenas uma questão de paisagem, mas uma questão de segurança pública e qualidade de vida. A colaboração ativa entre cidadãos e autoridades é fundamental para garantir um ambiente urbano mais seguro e agradável. A preocupação levantada pelo especialista Carlos Neto destaca a necessidade de ação imediata e eficaz para abordar os desafios da arborização urbana, garantindo um futuro mais seguro às cidades.

Goianienses sentem os impactos das chuvas por transtornos com quedas de árvores | Foto: Reprodução

Especialista diz necessário plano de arborização urbana

Em uma conversa com o engenheiro florestal, mestre em Genética de Plantas, Rodrigo Carlos Batista de Sousa, o Jornal O Hoje desvenda os mistérios que envolvem a queda de árvores e os segredos da arborização urbana.

A supervisão de podas e a prevenção delas são conceitos-chave quando se trata da arborização urbana. Cada espécie de árvore requer uma atenção especial, com prazos específicos para podas. Para ilustrar essa ideia, Rodrigo destaca o mogno brasileiro, uma presença notável nas ruas da cidade. Ele explica que essa espécie exige podas anuais, pois, com o tempo, suas folhas caem, e consequentemente, os galhos também. Portanto, a manutenção frequente é essencial.

Rodrigo acredita que a modernidade pode desempenhar um papel vital na conservação da arborização urbana. Ele sugere o uso de aplicativos de monitoramento que agendam a manutenção das árvores e registram momentos críticos para a poda de diferentes espécies. “É comum ver no flamboyant a necrose ocorrendo dentro do caule e isso pode ser visualizado por meio do tomógrafo, esse aparelho utilizado na arborização urbana e que pode ajudar a prevenir problemas”, explica.

A escolha do local de plantio de uma árvore é outra consideração fundamental. É vital avaliar o espaço disponível na calçada, a presença de fiação elétrica e o tipo da árvore a ser plantada. Locais inadequados podem resultar em problemas futuros, como galhos atingindo fiações. “Outra situação que deve ser analisada é se é uma árvore frutífera. Por exemplo, em avenidas não é indicado esse plantio. Temos o exemplo na cidade de Goiânia, que são jamelões, e na época da frutificação eles caem e causam risco para a população”, enfatiza.

Quando se trata dos cuidados que os cidadãos podem ter em relação às árvores, Rodrigo enfatiza a importância de observar qualquer anomalia, como presença de insetos, deformidades ou copas muito grandes. A notificação à prefeitura é a etapa crucial para que as medidas necessárias, como poda ou remoção, sejam tomadas.

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