Organização criminosa usava mulheres para atrair caminhoneiros

Ação resultou no cumprimento de 97 medidas cautelares, sendo 35 mandados de prisão e 62 mandados de busca e apreensão

Postado em: 31-08-2018 às 06h00
Por: Fabianne Salazar
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Ação resultou no cumprimento de 97 medidas cautelares, sendo 35 mandados de prisão e 62 mandados de busca e apreensão

 O grupo criminoso conseguia inserir nos sistemas de trânsito dos Departamentos de Trânsitos. (Foto: Reprodução)

Raunner Vinícius Soares*

Organização criminosa causou prejuízo de R$ 40 milhões em desvios de cargas em cinco Estados. Bando atuava de inúmeras maneiras. Em uma das táticas era utilizar jovens mulheres de boa aparência, posicionadas de forma estratégica às margens da rodovia para atrair caminhoneiros, que, ao pararem para oferecer carona, eram surpreendidos por criminosos armados e levados ao cativeiro.

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Após o sequestro, o motorista era mantido em cárcere, enquanto, tanto a carga como os veículos eram negociados com receptadores e outros integrantes do grupo. Já com o veículo vazio, efetuavam adulterações nas quais modificavam os identificadores veiculares como chassis e números de motor. 

Então, o grupo criminoso conseguia inserir nos sistemas de trânsito dos Departamentos de Trânsitos (DETRANs) os dados falsos, criando um veículo novo a partir de um roubado, podendo negociá-los como “veículos de boa procedência”.

Acentuando que todo veículo quando fabricado possui um cartão de identificação. Esse cartão de identificação possui as características de fabricação do veículo (chassi,espécie, combustível, cor) e as peças que foram utilizadas para realizar sua montagem. Quando o veículo tem sua montagem terminada, a montadora faz o cadastro das informações na BIN, esse processo é chamado de Pré-Cadastro e todos esses dados são encaminhados ao DENATRAN.

Após de feito o pré-cadastro somente o DENATRAN tem competência para modificá-lo. Se o pré-cadastro tiver algum campo incorreto a fábrica precisa solicitar formalmente ao DENATRAN as devidas alterações. Demonstrando a capacidade da organização criminosa.

Aparato criminoso

O aparato do grupo criminoso era composto por núcleos em diferentes Estados e com diferentes funções, contava com divisões logísticas, motoristas profissionais e criminosos armados. Os chefes lideravam os núcleos enquanto acumulavam um patrimônio considerável. Até agora nove empresas foram identificadas fazendo parte da organização criminosa. 

Outra estratégia do grupo criminoso era, com uso de caminhões previamente adulterados, ofertar fretes para empresários que, acreditando-se tratar de pessoas honestas, carregavam suas cargas, e assim lucrar com a boa fé de quem contratava o serviço.

Ação policial

O trabalho integrado entre a Polícia Civil de Goiás (PC-GO) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) resultou no cumprimento de 97 medidas cautelares, sendo 35 mandados de prisão e 62 mandados de busca e apreensão, todos cumpridos em sincronia nos estados de Goiás, São Paulo, Mato Grosso, Pará e Rondônia.

A investigação durou 18 meses, sendo identificada a organização criminosa responsável por vários crimes. A operação contou com a atuação de 150 Policiais Civis, incluindo delegados, escrivães e agentes; 200 Policiais Rodoviários Federais; 01 aeronave de asa fixa no transporte de presos entre Pará e Goiás. (Raunner Vinícius Soares é estagiário do jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian)

 

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