Os bastidores da cirurgia de aneurisma cerebral 100% digital feita no HGG

Após cirurgia minimamente invasiva no HGG, paciente de alto risco recebe alta e destaca a eficácia da técnica

Postado em: 16-10-2023 às 08h25
Por: Tathyane Melo
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Após cirurgia minimamente invasiva no HGG, paciente de alto risco recebe alta e destaca a eficácia da técnica | Foto: Leandro Braz/O Hoje

Uma paciente de 53 anos internada no Hospital Geral de Goiânia (HGG), enfrentou uma batalha médica excepcionalmente complexa. Ela sofria de um aneurisma cerebral, uma condição que atormentava sua família com uma história genética: tanto seu pai quanto seu irmão haviam perdido a vida devido a aneurismas cerebrais.

Antenor Tavares, um médico neurorradiologista intervencionista do HGG, que havia estado acompanhando o caso da paciente, liderou a equipe na cirurgia inovadora realizada na última sexta-feira (13). Repórter e fotógrafo do jornal acompanharam o procedimento. 

Antes do procedimento, o explicou: “A paciente, além de sua hipertensão arterial, uma comorbidade séria, tinha uma predisposição genética a aneurismas cerebrais, uma condição que se revelou fatal para seu pai e irmão. Um aneurisma cerebral, se não tratado, pode crescer a ponto de causar uma ruptura, levando a uma hemorragia subaracnoide, que tem uma taxa de mortalidade de aproximadamente 50%. Dos sobreviventes, cerca de 25% ficam com sequelas permanentes.”

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Apesar de sua situação ser de alto risco, a paciente vem fazendo o acompanhamento desde de 2020. “Ela foi diagnosticada há apenas dois meses, embora sua predisposição genética já estivesse em seu histórico familiar há anos. Cláudia entrou no sistema de saúde pelo SUS para iniciar o tratamento.”

A cirurgia inovadora realizada em Cláudia representa um grande avanço médico. Esta técnica minimamente invasiva, que não requer a abertura do crânio, tem se mostrado altamente eficaz no tratamento de aneurismas cerebrais. Tavares afirmou: “Essa cirurgia já foi realizada em outros lugares do Brasil, mas é a primeira vez que a realizamos aqui no HGG, usando um dispositivo direcionador de fluxo. Este procedimento, guiado por imagens em quatro monitores, nos permitiu observar e acompanhar cada passo do processo, do acesso na perna até o local do aneurisma. A angiografia é um dos principais exames que nos permite determinar o tratamento adequado para o aneurisma.”

O chefe do serviço de neurocirurgia do Hospital Geral de Goiânia (HGG), Herbert Almeida, enfatizou a complexidade do aneurisma cerebral, destacando-o como uma das patologias intracranianas mais desafiadoras, com um índice de mortalidade significativo. Ele esclareceu que, após o término do procedimento, a recuperação da paciente foi praticamente imediata, graças às medicações anestésicas que permitem um despertar rápido e seguro. A paciente recebeu alta no dia seguinte e está se recuperando bem. 

“Ela não apresenta mais pressão arterial elevada e não relata dores de cabeça. Sua recuperação tem sido notavelmente rápida e sem déficits. Ela continuará com tratamento médico, incluindo o uso de medicamentos e exames de prevenção para monitorar sua saúde a longo prazo”, diz. O acompanhamento pós-cirúrgico é de longo prazo, com controles regulares para garantir a saúde contínua da paciente.

A cirurgia teve um custo estimado de R$ 76 mil, incluindo materiais especiais (OPMEs) e outros custos diretos e indiretos, todos cobertos pelo Fundo Estadual de Saúde. 

Michel Frudit, neurocirurgião de São Paulo, trouxe seu conhecimento e experiência para apoiar a equipe do HGG, especialmente em um procedimento que, embora não seja novidade para ele, exige uma abordagem precisa. “Essa técnica minimamente invasiva serve para tornar algo que é muito complexo em algo muito simples”, explicou o Dr. Frudit. “Se for bem executado, o procedimento é tranquilo, rápido, pouco invasivo e não causa dor ou trauma ao paciente, é quase como um cateterismo”, finaliza.

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