Trecho da Antiga Estrada de Ferro está em manutenção

Gabriel Araújo*

Um trecho da Antiga Estrada de Ferro no perímetro urbano entre as cidades de Goiânia e Senador Canedo, que pertence hoje a VLI Logística, passará por manutenção neste fim de semana e o trânsito no cruzamento das avenidas Buenos Aires e das Cerâmicas será interditado entre as 6h30 e 19 horas.

Com a interrupção do fluxo é possível utilizar dois desvios. O motorista que sai de Senador Canedo no sentido Goiânia, a melhor opção é acessar à direita pela Avenida Hamburgo e depois seguir pela Avenida Manchester. Já o motorista que sai de Goiânia deve fazer o percurso contrário, partindo da Avenida Manchester à Avenida Hamburgo.

A VLI controla a Ferrovia Centro-Atlântica, que possui cerca de 7.080 quilômetros de extensão e é considerada o principal eixo de conexão entre as regiões Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste do país. São mais de 250 municípios brasileiros em sete Estados cortados pela ferrovia, que é responsável pelo escoamento de produtos para os grandes portos como os de Vitória, Santos, Rio de Janeiro, além de outros nos Estados da Bahia e Minas Gerais.

A FCA ainda faz conexão com a Estrada de Ferro Vitória/Minas (EFVM), MRS Logística, Companhia Ferroviária do Nordeste (CFN) e Brasil Ferrovias, sendo um grande corredor de importação e exportação do País.

Outra parte da Antiga Estrada de Ferro deve se tornar o restante da Avenida Leste Oeste. Em 1997, o projeto de construção da atual Avenida Leste Oeste foi iniciado. Partindo do prédio da Câmara Municipal de Vereadores e seguindo até a Avenida Bernardo Sayão, no Setor Fama. Até o momento o projeto não foi completo e somente o sentido oeste da via foi construído, com o tempo, construções tomaram o entorno da antiga ferrovia e se tornaram obstáculos para a conclusão da obra.

Antiga Estrada

A Estrada de Ferro Goiás foi uma das principais linhas de movimentação ferroviária do Estado durante grande parte do século XX. As tentativas de se instalar ferrovias começaram ainda em 1873, quando foi autorizado a implantação de uma linha que ligasse a capital do Império, Rio de Janeiro, à margem do Rio Vermelho. Apesar do apoio e investimento, o projeto não pode ser concluído e uma nova tentativa teve início em 1886.

Na época, foi liberada uma concessão à Companhia Mogiana de Estrada de Ferro para a ampliação das linhas do Rio Paranaíba ao Rio Araguaia, mas os trilhos só começaram a chegar em 1890 e, apesar disso, a cidade de Araguari foi definida como ponto inicial para a estrada de ferro e a Cidade de Goiás como ponto final apenas em 1904.

A ferrovia foi fundada, então, em três de março de 1906 e já era considerada uma solução para o escoamento e chegada de produtos no Estado. Inicialmente chamada de Estrada de Ferro Alto Tocantins, era uma empresa de capital privado que foi autorizada a explorar trechos em Goiás.

Em maio de 1911, dois anos após o início da implantação do maroo zero da ferrovia, os trilhos começaram a ser instalados no Estado de Goiás e, já em 1920, o Governo Federal assumiu a administração da ferrovia. Com os anos, a linha Araguari-Roncador, com 234 quilômetros de extensão, foi incorporada à nova Estrada de Ferro Goiás e, já em seu auge, a Estrada de Ferro Goiás já contava com todos os seus 480 quilômetros de extensão.

Em Goiânia, o principal ponto da Estrada de Ferro é a estação ferroviária. Inaugurada em 1950, o local só passou a receber trens de cargas e passageiros da Estrada de Ferro Goyaz no ano de 1952. A estação funcionou até a década de 1980, quando a área férrea da capital passou para o município vizinho de Senador Canedo.

Foi a partir do início da década de 1970 que a decadência do setor de transporte ferroviário chegou à Capital. A falta de investimento e de uma melhor estrutura contribuiu para a queda na utilização de locomotivas e resultou na diminuição do transporte de passageiros. A antiga Estrada de Ferro Goyaz perdeu sua importância para o mercado e população, acabando aos poucos e já teve trilhos retirados e a estação de Campinas fechada em 1972.

 Ferrovia é um dos principais meios de escoamento da produção

A estrada de ferro é umas das formas mais utilizadas para o transporte de cargas, sendo que somente os cinco países que mais exportam de Goiás pelo Porto Seco de Anápolis, a cerca de 60 km da Capital, geraram um rendimento de R$ 3,5 bilhões no ano passado.

De acordo com a Superintendência Executiva de Comércio Exterior (SED), os principais produtos exportados foram grãos, com milho e soja no topo da lista. Entre os produtos importados estão os automóveis, fertilizantes e equipamentos farmacêuticos.

No último mês de abril, o transporte de contêineres no Porto Seco de Anápolis foi retomado. O serviço estava paralisado entre Anápolis e Sumaré, no interior de São Paulo. Na época, o gerente geral comercial da VLI, Diego Zanela, afirmou que a paralisação ocorreu devido à queda do rendimento do serviço. “Muito esclarecimento foi dado. A VLI teve a oportunidade de conhecer melhor a região para um redesenho desse serviço, com qualidade e competitivo”, afirmou.

Porto

O Porto Seco Centro-Oeste é um porto de escoamento localizado no município de Anápolis, no centro de Goiás. O porto movimenta US$ 2,5 bilhões em volume de mercadorias por ano e é o terceiro maior porto seco do Brasil e foi inaugurado em outubro de 1999, já movimentando cerca de US$ 34,8 milhões em importações em 2010.

O porto está situado dentro do Distrito Industrial de Anápolis e possui uma área total de 500.000 m², está em uma região estratégica do Estado, a 54 km de Goiânia, e 150 km de Brasília. É cortado pelas rodovias federais BR-060, 153 e 414, além da ferrovia Centro Atlântica e a Ferrovia Norte-Sul, o que facilita o escoamento dos produtos para os portos de Santos, do Rio de Janeiro e de Vitória.

Corrupção

Em agosto de 2017, o Núcleo de Combate à Corrupção do Ministério Público Federal (MPF) denunciou nove pessoas por fraudes na construção da Rodovia Norte-Sul, em Goiás. Segundo as investigações, o valor atualizado causado pelas irregularidades ultrapassa R$ 36 milhões. A rodovia é responsável pelo transporte de produtos do principal porto de Goiás, o Porto Seco de Anápolis.

A denúncia do MPF afirma que houve formação de cartel, fraude em licitação e sobrepreço na construção de um trecho de 12 km da ferrovia, entre o Porto Seco de Anápolis e a cidade de Campo Limpo de Goiás. Segundo o órgão, as investigações começaram como um desdobramento da Operação Lava Jato. Os executivos são investigados pela Operação Tabela Periódica, deflagrada em junho de 2016. (Gabriel Araújo é estagiário do jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian).