Idade avançada aumenta risco de câncer de mama

45% do total de óbitos em decorrência do câncer de mama são de mulheres com idade entre 50 a 69 anos

Postado em: 18-10-2023 às 08h00
Por: Ronilma Pinheiro
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O diagnóstico é realizado por meio do autoexame, onde é possível detectar um nódulo no seio, e exames de imagem | Foto: Divulgação

O câncer de mama é um conjunto de mais de 100 tipos de doenças que têm em comum a multiplicação desordenada das células de determinado tecido e a disseminação dessas células, de acordo com Rubens Pereira, oncologista do Cebrom Oncoclínicas. “É uma proliferação desordenada das células que produzem leite, ou seja, das células dos ductos mamários e que depois dessa multiplicação celular tendem a se disseminar pelo corpo”, explica o médico.

A neoplasia maligna é a primeira causa de morte de mulheres no Brasil, representando 16,1% do total de óbitos, de acordo com dados do Instituto Nacional De Câncer (Inca). Em relação ao público masculino, a porcentagem é de 1%. Para cada 100 casos em mulheres, há 1 caso em homens, segundo a mastologista Erika Pereira de Sousa, chefe do serviço de mastologia do Hospital Estadual Geral de Goiânia Dr. Alberto Rassi (HGG).

A mastologista afirma que não existem causas específicas para o câncer de mama, já que é uma doença multifatorial, mas há os denominados fatores de risco. O principal está relacionado à idade, ou seja, quanto mais velha a mulher fica, mais riscos de ter a doença, no caso das mulheres com idade acima dos 50 anos, as chances de terem câncer são maiores. Além disso, a história familiar, obesidade, sedentarismo, consumo de bebida alcoólica e tabagismo, são exemplos de fatores de risco.

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Os dados do Inca revelam que entre as mulheres de idade mais avançada, as taxas de mortalidade por câncer de mama são mais elevadas, porém a mortalidade proporcional é maior no grupo de 50 a 69 anos, que responde por cerca de 45% do total de óbitos em decorrência da doença. Os dados revelam ainda que ao longo de 2022 houve um aumento na proporção de óbitos acima de 80 anos e diminuição na faixa etária de 40-49 anos.

Os principais sintomas do câncer de mama são os nódulos na mama, pele ondulada ou enrugada, retração do mamilo, vermelhidão ou descamação da pele da mama ou do mamilo e inchaço nos linfonodos axilares. segundo a mastologista. 

Rubens Pereira acrescenta ainda que apesar de na grande maioria, o nódulo ser o principal sintoma, existem outros que podem aparecer, como uma retração da pele, ulceração da pele, nódulos e secreção hemorrágica pelo mamilo.

O diagnóstico é realizado por meio do autoexame, onde é possível detectar um nódulo no seio, exames de imagem, principalmente mamografia, acompanhada ou não por ultrassonografia ou ressonância. Além disso, é possível detectar a doença por meio da biópsia. 

Existem diversas formas de tratamentos da doença, dependendo do tipo de tumor, uma vez que existem vários tipos de câncer, alguns mais agressivos, outros menos agressivos, segundo o especialista. Após identificar o tipo da doença, por meio da análise da biópsia e da imunoistoquímica, e identificar o seu agravamento, o especialista direciona os tratamentos necessários.

“Nos cânceres iniciais, a gente opta por começar com cirurgia, nos tumores mais avançados e aqueles metastáticos, entramos com tratamento sistêmico, como a quimioterapia. Existe também a radioterapia, a imunoterapia, que são outros tipos de tratamento que a gente associa”, explica Rubens Pereira.

O câncer de mama é o mais incidente entre as mulheres tanto no Brasil , quanto no mundo. A estimativa de incidência da doença no país, do Inca para o triênio 2023-2025 é de até 73 mil novos casos, respectivamente. Ao todo, são esperados 704 mil casos novos de câncer para o triênio até 2025. Em relação à população mundial, na última década, houve um aumento de 20% na incidência de câncer e espera-se que, para 2030, ocorram mais de 25 milhões de casos novos.

O HGG promove durante todo este mês de outubro, um mutirão de cirurgias para retirada de nódulos nas mamas. Ao todo, já foram efetuados 13 procedimentos, até esta terça-feira (17). Dentre eles, a  Setorectomia ou quadrantectomia, cirurgia conservadora da mama, também chamada de tumorectomia; ressecção setor mamário,  procedimento cirúrgico realizado para remover um segmento específico da mama, juntamente com o tumor ou lesão presente nessa região; mastectomia, cirurgia que consiste na retirada de toda a mama.

Especialista explica procedimentos cirúrgicos em câncer de mama

Atualmente o tratamento do câncer de mama é individualizado, ou seja, no geral, existem quatro etapas, segundo a mastologista Erika Pereira de Sousa, chefe do serviço de mastologia do Hospital Estadual Geral de Goiânia Dr. Alberto Rassi (HGG), são elas: a cirurgia, quimioterapia, radioterapia e a hormonioterapia. A especialista ressalta que nem sempre uma pessoa irá passar por todos esses procedimentos. No entanto, todas vão fazer a cirurgia.

O procedimento cirúrgico, por sua vez, se adequa de acordo com o tipo e tamanho do tumor, com o tamanho da mama da paciente e se esse tumor está concentrado somente no seio ou também já tenha se alastrado por outras partes do corpo. Erika Pereira destaca ainda outros fatores que corroboram para a indicação da cirurgia: tamanho da lesão; idade da paciente; comprometimento da axila; presença ou não de metástase; se mulher tem outras doenças associadas; se tem história familiar positiva; se a paciente quer fazer reconstrução ou não.

Antes de serem submetidas aos procedimentos cirúrgicos, as pacientes passam por uma série de exames. “Todas realizaram exames de imagem como mamografia e ultrassonografia,  além das biópsias mamárias, para então serem encaminhadas para o procedimento cirúrgico”, explica Erika Pereira.

A mastologista pontua que os dois principais  tipos de tratamentos são a quadrantectomia e a mastectomia. “Quando nós fazemos a mastectomia, nós temos a opção de fazer uma reconstrução, que é reconstruir a mama da paciente”, afirma. Essa reconstrução pode ser feita com prótese ou com retalho, que consiste em pegar um pedaço da barriga e colocar no lugar da mama. Mas esse procedimento vai depender do tamanho e das características da mama da paciente. No caso da quadrantectomia se retira apenas o tumor.

De acordo com as características do tumor, a cirurgia é efetuada antes ou depois da quimioterapia. “Alguns tipos de tumores como os triplos negativos ou tumores muito grandes, antes de operar nós fazemos a quimio porque ela vai reduzir o tumor para que nós consigamos fazer a cirurgia”, detalha a mastologista.

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