Animais silvestres são resgatados desidratados na BR-153, em Porangatu

A retirada dos animais na natureza causa um desequilíbrio na população e ecossistema do local que pode levar ao declínio da população ou até mesmo à extinção da espécie, afirma bióloga

Postado em: 20-10-2023 às 07h00
Por: Ronilma Pinheiro
Imagem Ilustrando a Notícia: Animais silvestres são resgatados desidratados na BR-153, em Porangatu
Os policiais encontraram um filhote de macaco prego, cinco papagaios e 224 curiós dentro de caixas de papelão e madeira | Foto: Divulgação/PRF

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) resgatou mais de 200 animais silvestres que estavam dentro de caixas de ônibus durante uma abordagem na Unidade Operacional da PRF. Na ocasião, um idoso foi preso pela quinta vez por tráfico de animais silvestres na BR-153, em Porangatu, região norte de Goiás.

O idoso, de 67 anos, foi preso com os animais silvestres em um ônibus interestadual durante uma abordagem dos agentes da PRF, km 67, na tarde desta quarta-feira (18). De acordo com os policiais, o detido viajava em um coletivo que saiu do  Maranhão com destino a São Paulo.

Ao todo 230 animais foram resgatados após os agentes fiscalizarem o veículo. Os policiais encontraram um filhote de macaco prego, cinco papagaios e 224 curiós dentro de caixas de papelão e madeira. Os animais foram apreendidos e encaminhados para um centro de reabilitação em Porangatu.

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A Bióloga, Mestre em Genética e Biologia Molecular, Amanda Alves de Melo Ximenes é membro da diretoria do Floresta Cheia Instituto de Conservação Ambiental, instituto que promove e executa ações voltadas para conservação ambiental, visando a restauração e proteção dos serviços ecossistêmicos e ambientais. “Um dos nossos parceiros é o Centro de Triagem de Animais Silvestres de Goiás (CETAS-GO), do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA)”, afirma a bióloga.

Amanda Alves explica que os animais traficados normalmente são retirados da natureza muitos novos e, consequentemente, ficam expostos a doenças que podem causar a morte deles. “Além disso, a forma com que eles são retirados da natureza e o transporte para o local de venda são extremamente inapropriados, como foi visto no caso de Porangatu, que aumenta o sofrimento e chance de óbito, com muitos indivíduos chegando mortos no local de destino”, explica.

A retirada dos animais na natureza causa um desequilíbrio na população e ecossistema do local que pode levar ao declínio da população ou até mesmo à extinção local da espécie, é o que afirma a bióloga.

Amanda acredita que o principal ponto para reduzir o tráfico de animais silvestres é aproximar a população da natureza, trazendo informações e conhecimento sobre a importância ecológica que cada espécie tem no funcionamento do ecossistema natural. “E isso é possível através da divulgação do conhecimento científico e da educação ambiental. Além disso, ações de fiscalização e punições mais severas para os crimes ambientais podem auxiliar a reduzir o tráfico também”, finaliza.

Ao ser abordado pelos policiais, o homem informou que adquiriu os silvestres em Araguaína, no estado do Tocantins e que eles seriam comercializados com traficantes na capital paulista. Após consultar os sistemas policiais, a PRF identificou que o idoso responde por quatro antecedentes criminais por tráfico de animais. Ele foi autuado na Lei de Crimes Ambientais e maus tratos.

Segundo a Lei 9.605/98 também conhecida como Lei de Crimes Ambientais, é crime a caça predatória, o tráfico e a criação ilegal de animais silvestres. A lei prevê também que as infrações, penalidades e sanções a todos aqueles que causem dano ou prejuízo aos elementos que compõem o meio ambiente, ou seja, a fauna, a flora, os recursos naturais e o patrimônio cultural brasileiro.

As multas para quem comete crimes ambientais são de até R$ 5 mil, por animal encontrado irregularmente, e até um ano e seis meses de prisão.

O inspetor da PRF, Newton Morais falou ao jornal O Hoje que esse tipo de incidência e ocorrência são frequentes nas rodovias que cortam o estado de Goiás. Segundo ele, em média, o número de casos varia de três a cinco ocorrências por mês. No entanto, o inspetor ressalta que situações de pessoas transportando animais silvestres em grande quantidade não é comum. Ele afirma ainda que esta foi a sexta ou sétima ocorrência registrada pelos agentes no estado, neste ano de 2023.

Após ter sido autuado, o idoso foi liberado por ser um crime de menor potencial, segundo o inspetor. Morais disse ainda que a legislação é muito branda para esse tipo de crime. “Foi lavrado um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) para o idoso e ele será chamado para comparecer em juízo. O homem foi multado em R$ 115 mil pela SEMMA”, acrescenta.

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