Ceasa entra na festança pelo Dia do Pequi 

Iguaria “loira”, o ouro goiano, o Pequi tem recebido grande atenção para o dia 23 de outubro, data escolhida para ser o seu dia

Postado em: 21-10-2023 às 07h59
Por: Rondineli Alves de Brito
Imagem Ilustrando a Notícia: Ceasa entra na festança pelo Dia do Pequi 
Adriana Bernardes, comerciante de pimentas e especiarias, incluindo o pequi | Foto: Leandro Braz/O Hoje

O Pequi é uma fruta nativa do Cerrado, que possui um aroma e sabor fortes e inesquecíveis, e que faz a alegria de muitos goianienses. A importância é tão grande que os goianos ganharam uma data no calendário: 23 de outubro é o Dia Estadual do Pequi.

A árvore que produz as frutas do pequi é conhecida como pequizeiro e pode atingir até 12 metros de altura, gerando seus frutos de novembro a janeiro. Goiás está entre os estados que mais cultivam o pequi no Brasil, e a demanda pelo fruto no estado é tão significativa que impulsiona a economia das Centrais de Abastecimento de Goiás – Ceasa/GO.

No Ceasa de Goiânia, produtores experientes compartilham seus métodos únicos de colheita e comercialização. Fabrício Oliveira, 44 anos, é um desses apaixonados pelo Pequi. Sua ligação com a fruta remonta à infância, quando observava as vendas na porta de casa. “Com 17 anos, peguei uma Belina e comecei a trazer Pequi para o Ceasa para outros vendedores e aquilo me chamou a atenção e despertou minha vontade de trabalhar com a fruta. Hoje, busco dois caminhões por semana; é minha principal fonte de renda”, conta Fabrício.

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O comerciante revela que a venda do pequi ao longo dos anos melhorou bastante se comparado com a época no qual ele começou no mercado da fruta. “Com a exposição da fruta nas cidades grandes, as vendas do comércio triplicaram”, afirmou o comerciante. 

Com o amor pelo fruto e o enorme sucesso de vendas, Fabrício diz que alcançou clientes em várias regiões do país onde os amantes da fruta estão espalhados. “Hoje vendo pequi para Minas Gerais, para Santa Catarina e São Paulo, fregueses no Brasil inteiro”, afirma o vendedor. 

Fabrício  ainda responde uma curiosidade, sobre como colher o pequi e saber se ele está maduro e no ponto pra ser colhido. “No tom de maduro, a gente conhece só de olhar a fruta. O fosco é maduro, se você olhar bem para fruta e ela estiver brilhando é porque está verde e pra saber qual é mais ‘carnudo’ só depois que abre o fruta”, contou o produtor. 

Quem cresceu dentro do Ceasa ou perto recebeu grandes influências do comércio e da culinária goiana. Não é à toa que é comum, em época de pequi, nos depararmos com algum conhecido cozinhando aquele pequi com frango na hora do almoço para toda a família no domingo.

Felipe Costa, outro produtor dentro da Central de Abastecimento, afirma que o pequi está na sua vida desde que era criança. “Eu fui criado perto do Ceasa, então desde pequeno estou convivendo com o pequi, hoje ele é minha fonte de renda e estou sempre vendendo para outros estados”, contou o produtor. 

O produtor ainda revela que existe todo um processo antes de chegar na mesa do consumidor. “A gente tem uma equipe que é mandada para colher o pequi no mato, se ele cair do pé é porque estará maduro. Logo após, quando chegar nos depósitos, outra equipe irá aplicar ele na bandeja e disponibilizar para venda“, explicou Felipe.  

Os produtos derivados do pequi são diversos e refletem a riqueza culinária e cultural das regiões onde a fruta é predominante. Entre os mais populares, destacam-se: Óleo de Pequi, Conservas de Pequi, Licor de Pequi, entre outros. 

Esses produtos não apenas enriquecem a gastronomia local, mas também oferecem oportunidades para a comercialização. É o que relata Adriana Bernardes, comerciante de pimentas e especiarias, incluindo o pequi. 

Para ela, a paixão pela fruta inspirou a criação de produtos diferenciados. “Pensando no amor pelo pequi que eu sempre tive, decidi trabalhar com a fruta e  trazer o pequi sem caroço e em lascas para atender a esse público. Ele está disponível o ano inteiro, pois a conserva dura o ano todo”, compartilhou Adriana. Ela destaca que, entre os diversos produtos, como conserva, pimenta e óleo, o pequi em conserva é o que se destaca e é o mais pedido pelos seus clientes. 

Pequi fortalece economia em Goiás, gerando empregos 

Com a temporada do pequi, é comum ver o produto nas ruas e prateleiras das lojas de frutas e verduras, gerando uma movimentação econômica significativa e oportunidades. 

A fruta pode ser usada tanto sozinha como com caldo, no arroz, no frango caipira e até mesmo na cachaça. O uso dela é tão diversificado que existem vários tipos de receitas, mas todas são adoradas. Além da sua riqueza gastronômica, o pequi é importante para a saúde, pois com ele você pode obter as vitaminas A, C e E, além de ganhar apoio na imunidade.

Em 2022, Goiás colheu 3 mil toneladas de pequi, resultando em R$4,6 milhões, conforme estimativa do IBGE, um aumento de 10% em relação a 2021. Destacam-se municípios como Damianópolis, Santa Terezinha de Goiás, Sítio d’Abadia, Campos Verdes e Crixás, que lideraram a produção no estado.

Goiás é o terceiro maior produtor de pequi no país, ficando atrás de Minas Gerais e Tocantins em volume de extração. Apesar disso, o estado possui a maior quantidade da fruta sendo vendida em uma Central de Abastecimento (Ceasa) do Brasil. Durante a temporada, a presença do pequi na Ceasa é tão grande que resulta em um aumento significativo na produção de lixo devido às cascas do fruto.

Os primeiros pequis chegaram à Ceasa de Goiás em setembro, estendendo-se até outubro com o envio do Tocantins, que representa cerca de 30% do total na central goiana. Somente em outubro é que os primeiros pequis de origem no Goiás começam a ser comercializados, muitos provenientes do norte, de municípios como Porangatu, Crixás e Santa Tereza.

Outros pequis, como os de origem mato-grossense e mineira, só entram no mercado em novembro e dezembro na Ceasa. A demanda pela fruta continua até janeiro.

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