“Meu corpo formigava”, diz mulher que teve AVC e faz alerta

Atendimento rápido é a melhor maneira de evitar maiores danos neurológicos às pessoas diagnosticadas com Acidente Vascular Cerebral

Postado em: 28-10-2023 às 07h00
Por: Ronilma Pinheiro
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Aldeny Costa Chaves, de 50 anos, teve um AVC em agosto do ano passado e ficou com todo o corpo paralisado | Foto: Leandro Braz / O Hoje

Aldeny Costa Chaves, de 50 anos, estava com um grupo de evangélicos no Monte Serrinha por volta das 23 horas da noite de um dia comum do mês de agosto do ano passado quando começou sentir algo estranho percorrendo seu corpo. Eram os primeiros sinais do Acidente Vascular Cerebral (AVC).A mulher que já sofria com hipertensão, mas não media a pressão há muito tempo, estava cantando com outros fiéis, quando sentiu a mão direita formigar, o que logo se espalhou para as pernas e depois subiu pelo corpo, até chegar na região do pescoço. “Eu senti um enorme peso no meu pescoço a ponto de não conseguir ficar de pé”, relembra a mulher.

Após passar um dia em casa com os sintomas, ela resolveu ir ao médico, quando soube que se tratava de um AVC. “Fiquei em casa, com o corpo todo formigando, o meu rosto ficou todo vermelho, e eu não conseguia caminhar direito. Era carregada pelos outros”, conta.

A dona de casa passou cinco dias internada na UPA de Aparecida de Goiânia, até receber alta e voltar para casa, onde contou com a ajuda dos familiares para completar tarefas como tomar banho, se alimentar e demais cuidados essenciais do dia a dia. A situação durou cerca de um mês, segundo Aldeny, que hoje está recuperada da doença, mas ainda sente sequelas no braço direito. 

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Marco Túlio Pedatella, médico neurologista, responsável pelo ambulatório de doença cerebral vascular do Hospital Alberto Rassi (HGG), afirma que qualquer pessoa pode sofrer um Acidente Vascular Cerebral (AVC). No entanto, o AVC é mais comum em pessoas com idade acima dos 60 anos. O médico demonstra preocupação ao dizer que nos últimos anos houve um aumento significativo de casos em pessoas mais jovens.

O AVC é causado pela ruptura de uma placa de gordura existente nos vasos do pescoço que levam sangue ao cérebro ou nos vasos cerebrais, segundo o especialista. “Ocorre pela interrupção do fluxo de sangue ao cérebro, seja por uma obstrução ou por rompimento de um vaso cerebral”, explica. Além disso, o acidente vascular pode ser causado por um coágulo que venha do coração.

Marco Túlio destaca ainda outras causas menos comuns, que são aquelas em decorrência de doenças que aumentam a possibilidade de formar coágulos, alterações nas células do sangue e dissecações.

Ao todo, existem dois tipos de AVC, o Isquêmico, ocasionado pela interrupção do fluxo de sangue ao cérebro por um coágulo ou placa de gordura, sendo este o mais comum, e o Hemorrágico, ocasionado pela ruptura de um vaso cerebral. 

Como tabagismo, alcoolismo, sedentarismo e problemas de pressão alta, são os principais fatores de risco para o AVC, os homens, que estão mais sujeitos a essas causas, são mais propensos a ter um acidente vascular. No entanto, Marco Túlio pontua que nos últimos anos é observado um aumento entre as mulheres.

Para aquelas que sobrevivem ao acidente, as consequências podem ser diversas, como incapacitantes na fala, no andar, perda de força, dentre outras. Por isso é importante ficar atento aos sinais que indicam um possível AVC. O médico neurologista destaca alguns sintomas, como a perda da força ou da sensibilidade de um ou ambos os lados do corpo, alteração da fala, alteração da coordenação motora, visão dupla, perda da visão de um ou ambos os olhos, dor de cabeça intensa e diferente do padrão habitual e alteração do equilíbrio.

Marco Túlio alerta que ao sentir qualquer sintoma que possa indicar um possível AVC, a pessoa deve procurar um atendimento imediatamente. “A presença desses sintomas ocorrendo de forma repentina são sinais de alerta e recomendamos procurar a emergência o mais breve possível ou ligar para 192”, alerta.

Marco Túlio Pedatella, médico neurologista, responsável pelo ambulatório de doença cerebral vascular do Hospital Alberto Rassi (HGG) | Foto: Leandro Braz / O Hoje

Isquêmico: cateterismo precisa ser feito com rapidez 

Os tratamentos do AVC dependem do tipo de acidente. No caso do AVC Isquêmico quando até 4 horas e 30 minutos do início dos sintomas o tratamento é feito com uso de medicamento para desobstruir o vaso cerebral. Em até  6 horas após os sintomas, o procedimento é feito por cateterismo.

Em relação às sequelas deixadas pelo AVC, como perda dos movimentos, força, sensibilidade e outras, podem ser melhoradas com a reabilitação. Diogo Suriani Ribeiro, fisioterapeuta, explica que o acompanhamento com o profissional em fisioterapia deve iniciar o quanto antes, após o acidente, uma vez que nos primeiros meses, o sistema nervoso apresenta uma maior capacidade de recuperação.

“Após 48 horas do evento, a Fisioterapia já pode ser iniciada com objetivos de funcionalidade. Pode ter início no próprio hospital e posteriormente em casa ou em clínica”, detalha o fisioterapeuta. 

Ao falar sobre os tipos de exercícios, Diogo Suriani afirma que eles devem ser personalizados, ativos e focados na funcionalidade, de acordo com a necessidade e capacidade de cada paciente. “Por exemplo: devem incluir exercícios de rolar na cama, sentar e levantar de uma cadeira, caminhar, subir escadas…”, exemplifica.

Os exercícios melhoram diversos componentes corporais necessários para as atividades do dia a dia, como coordenação motora, força muscular, equilíbrio e alongamento, segundo o especialista. “Além da melhora desses aspectos físicos, as atividades diárias irão se tornando cada vez mais fáceis de realizar”, pontua.

Para aquelas pessoas que não tem a possibilidade de fazerem o acompanhamento com um fisioterapeuta, como é o caso de Aldeny, que faz os exercícios por conta própria na pracinha próxima à sua casa, Diogo orienta que o ideal é que ela faça os exercícios sempre acompanhada por um profissional, mas caso não seja possível, que faça pelo menos uma consulta inicial com um Fisioterapeuta especialista em Fisioterapia Neurofuncional.

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