Segunda-feira, 01 de julho de 2024

Casais oficializam matrimônio no programa ‘Pai Presente’

Os 71 casais e reforçaram os valores de missão social do poder público

Postado em: 06-09-2018 às 06h00
Por: Fabianne Salazar
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Os 71 casais e reforçaram os valores de missão social do poder público

Rafael Melo

Ao todo, o Programa Pai Presente, um projeto da Corregedoria-Geral da Justiça de Goiás (CGJGO), já concretizou a união de 220 casais em Goiás. Foram 75 na primeira edição e 74 na segunda. A última edição, realizada nesta, semana contou com a participação de outros 71 casais que desejavam fortalecer os laços do compromisso e formalizar a devida união. A cerimônia foi realizada na sede da Associação dos Magistrados de Goiás. Os casais já saíram com a certidão de casamento em mãos e arcaram somente com os custos das alianças e do vestuário. 

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Para o corregedor-geral da Justiça de Goiás, desembargador Walter Carlos Lemes, os serviços gratuitos oferecidos por meio destes programas reforçam a missão social do judiciário no contexto atual. “Por meio desses projetos, a vida das pessoas são transformadas e os laços familiares fortalecidos com celeridade, eficiência, humanidade e simplicidade. Não podemos mais ficar inertes, enclausurados nos gabinetes. A Justiça tem hoje uma grande parcela de responsabilidade social, e a Corregedoria tem trabalhado com afinco para aprimorar e melhorar a qualidade dos serviços prestados à população. O Pai Presente já está instalado em todas as comarcas do Estado e já foram efetuados mais de 10 mil reconhecimentos de paternidade desde a sua implantação em Goiás. O casamento comunitário é fruto do Pai Presente e os resultados são extremamente positivos”, pontuou.

A juíza Sirlei Martins da Costa, coordenadora estadual do Pai Presente, deixou claro que o casamento comunitário é um desdobramento do Pai Presente e falou um pouco sobre o sentimento de segurança despertado nos menores com a paternidade reconhecida, principalmente quando acompanhado de afetividade recíproca. “O Pai Presente dá a oportunidade ao filho de não só conhecer a identidade do pai, mas de estabelecer vínculos afetivos verdadeiros. Promove a paternidade responsável, a convivência do filho com o pai e com a família paterna. Na medida em que só é possível essa proximidade afetiva com a convivência. O casamento comunitário é outro exemplo de como o fortalecimento dos laços familiares é importante para as pessoas. No final das contas, o amor supera todas as barreiras”, acentuou.

Já o delegatário do 1º Registro Civil e Tabelionato de Notas de Goiânia, Mateus Silva, responsável pela execução da cerimônia, demonstrou satisfação com o resultado do evento e evidenciou a importância da formalização da união dos casais pelo viés do casamento comunitário que oferece a oportunidade para as pessoas na realização de um sonho acalentado, muitas vezes, por anos a fio. “A própria palavra casamento gera medo em alguns pela responsabilidade que impõe. Mas, aqueles que se propõem a regularizar a situação de convivência, fundamental na minha opinião, devem sempre primar pelo diálogo como ponto principal para a convivência diária”, declarou.

A cerimônia

Em um ambiente preparado especialmente para receber os noivos, eles foram agraciados com uma mesa recheada de bem casados (doce típico para esse tipo de festividade) e recepcionados com todas as honras inerentes à cerimônia, como tapete vermelho para a entrada e a famosa marcha nupcial. Um dos momentos mais esperados foi o sorteio de um par de alianças 18 quilates, doado pelo Laboratório Biocroma, responsável pela realização dos exames de DNA do Programa Pai Presente.

A felicidade estonteante do casal sorteado, a professora Noeli Messias, 36, e o pedreiro Lorisvaldo Oliveira da Rocha, 37, contagiou todo os presentes. Determinando o fato de terem sido os ganhadores com um “sinal dos céus” para abençoar a união, Noeli e Lorisvaldo mostram as alianças já nos dedos das mãos, cujo encaixe foi perfeito, sem necessidade de ajustes. “Parece até que as alianças foram feitas para nós, sob medida. Depois de tantas dificuldades financeiras que enfrentamos com nosso filho doente, percorrendo vários estados desse País, o nosso casamento ficou esquecido no fundo do baú. No entanto, Deus nos presenteia hoje para nos mostrar que tudo valeu a pena. O casamento comunitário superou as nossas expectativas, nunca imaginávamos que seria tão lindo assim”, comemorou.

Nesta terceira edição do casamento comunitário foram contemplados casais que realizaram reconhecimentos de paternidade pelo Pai Presente, que prestam serviço ao Poder Judiciário ou foram indicados por algum servidor da Justiça estadual, bem como os funcionários terceirizados do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO). Após reunião feita com a equipe do programa, os noivos receberam um ofício com os procedimentos necessários para a habilitação do casamento e munidos da documentação específica ingressaram com o pedido no 1º Registro Civil e Tabelionato de Notas de Goiânia. Todo o trâmite legal (inclusive taxas de cartório e as certidões de casamento) foi gratuito. 

Em breves palavras, a gerente administrativa do programa Pai Presente, Maria Madalena Sousa, demonstrou grande satisfação por estar à frente dessa importante iniciativa da Corregedoria e se dirigiu aos casais expondo a família como a base essencial para a formação de um indivíduo. “Nosso objetivo principal é reforçar os vínculos familiares e promover a cidadania em todos os sentidos. Realizar o sonho de vocês também é concretizar o nosso. Sabemos que muitas pessoas passam por dificuldades diversas e que o tempo é implacável. Quando percebemos, lá se foram 20, 30 anos de convivência. Que vocês possam agora formar uma família completa, plena, com os alicerces do amor pautados sempre na confiança, respeito e compreensão mútua”, enfatizou.

A solenidade foi prestigiada por magistrados, autoridades, servidores do Judiciário e imprensa em geral. Também compuseram a mesa, Maria Socorro de Sousa Afonso Dias, diretora do Foro de Goiânia; juízes Wilson Ferreira Ribeiro, coordenador do Pai Presente em Goiânia; Cláudio Henrique Araújo de Castro, auxiliar da Corregedoria; Wilton Müller Salomão, presidente da Associação dos Magistrados de Goiás (Asmego). Além da  juíza Maria Cristina Costa, auxiliar da Presidência do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO). 

Recém casados comemoram formalidade da união 

Uma paixão fulminante da vida real, nada convencional, que mais parece retirada de um livro de contos de fada. É dessa forma que pode ser descrita a história da funcionária terceirizada da creche do Poder Judiciário (Centro Educacional Infantil – CEI), Odete Oliveira Batista, de 50 anos, com Natalino Oliveira da Silva, de 72 anos, que assim que se conheceram, dentro de um ônibus que faz o trajeto do Eixo Anhanguera, se apaixonaram à primeira vista e foram morar juntos no mesmo dia.

Avó de três crianças, Odete conta que no mesmo momento em que olhou nos olhos de Natalino, que já é bisavô, teve um sentimento diferenciado, uma espécie de amor “instantâneo”. “Somos pessoas já maduras, experientes, já fui casada por 26 anos e ele por 13 anos. Nunca imaginei que pudesse encontrar o amor da minha vida dentro de um coletivo, em uma situação tão inusitada. Começamos a conversar e parecia que nos conhecíamos há anos. No mesmo dia, ele me levou para a casa dele, peguei minhas coisas no outro lugar onde morava e nunca mais nos separamos”, comentou emocionada.

Odete, que ganhou o vestido de noiva da diretoria da creche, é natural do Piauí e Natalino, de Hidrolândia, mas o destino quis que suas vidas se cruzassem. O amor pautado no companheirismo e no respeito levou ambos a sonharem com a formalização da união, mas eles não tinham condições financeiras para concretizar o sonho. No entanto, Odete acabou tendo conhecimento de que o Programa Pai Presente, da CGJGO, realizaria o casamento comunitário neste mês. “Vimos a oportunidade perfeita para realizar esse desejo e não precisaríamos pagar nada. Sou muito grata à equipe do Pai Presente que nos atendeu de forma maravilhosa e esse projeto da Corregedoria contribui para ajudar as pessoas a realizarem esse anseio, que acaba relegado por falta de recursos. O amor não tem idade e os sonhos nunca morrem nos nossos corações, mesmo que tenhamos 100 anos”, proferiu.

De acordo com a equipe do 1º Registro Civil e Tabelionato de Notas de Goiânia (Cartório Mateus Silva), responsável pela execução da cerimônia, se realizado no cartório, de segunda a sábado, os custos de uma cerimônia no âmbito civil giram em torno de R$ 353, cujo valor se torna mais alto se o casal optar pela celebração do casamento em outro local. Já aos domingos, como o cartório é fechado, os gastos para o casamento civil em qualquer localidade fica entre R$ 950 a 1,5 mil. Esse foi o motivo pelo qual a dona de casa Cristiane Gonçalves da Silva, de 23 anos, e o brocador Jefferson Túlio, de 30 anos, nunca conseguiram se casar, embora já estivessem morando juntos há 2 anos e já tenham um filho, fruto dessa união. A alegria e o contentamento pela ocasião tão almejada é demonstrada no olhar dos dois. “Nos conhecemos por meio de familiares e ficamos amigos primeiro. Com o tempo, passamos a dividir nosso sonhos, que se tornaram comuns. Decidimos morar juntos e sempre tivemos vontade de nos casar, mas o dinheiro era curto e acabamos adiando. Para nós, o casamento comunitário é a melhor cosia que poderia nos acontecer nesse momento das nossas vidas”, celebrou. (Com informações do TJ-GO)

 

 

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