Excesso de celular preocupa por aumento de miopia em crianças

Médica oftalmologista orienta como deve ser o uso de telas para evitar danos

Postado em: 03-11-2023 às 08h36
Por: Ronilma Pinheiro
Imagem Ilustrando a Notícia: Excesso de celular preocupa por aumento de miopia em crianças
Médica oftalmologista orienta como deve ser o uso de telas para evitar danos | Foto: Alexandre Paes/O Hoje

Diversos estudos ao redor do mundo comprovam que com o excesso de telas, principalmente na pandemia de Covid-19, quando crianças, jovens e adultos, precisaram estudar, trabalhar e fazer suas reuniões por plataformas online – já que o contato físico e as reuniões presenciais estavam proibidos para que não ocorresse a transmissão do vírus -, contribuiu para o aumento do número de casos de doenças oftalmológicas.

Um estudo chinês, por exemplo, observou que os casos de miopia aumentaram de 1,4 a 3 vezes entre crianças de 6 a 13 anos de idade em comparação com os 5 anos anteriores. Em São Paulo, um levantamento feito pela prefeitura, observou um aumento no número de diagnósticos de miopia em 134%.

De acordo com uma pesquisa do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), 72% dos profissionais da área relataram ter diagnosticado o problema com maior frequência, ao longo do último ano, em pessoas com idade de até 19 anos. Além disso, sete em cada dez médicos entrevistados pelo levantamento identificaram progressão de miopia em crianças durante a pandemia.

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Cerca de 295 médicos oftalmologistas com diversas especialidades, como pediatria, córnea, catarata, glaucoma e retina, foram entrevistados pela pesquisa. O estudo foi realizado entre abril e junho deste ano. 

A médica oftalmologista Laryssa Ávila diz que em Goiás foi “gritante” o aumento do número de miopia para os oftalmologistas do estado. Ela destaca que esse crescimento foi maior entre as crianças. “Todos nós fomos expostos a esses eletrônicos. Isso faz com que o nosso olho tenha que fazer um esforço maior para enxergar de perto, prejudicando um pouco a visão para longe e isso reflete na miopia”, afirma.

Ao ser questionada sobre qual seria o tempo recomendado para ficar na frente de telas, principalmente entre crianças de até 12 anos, Laryssa Ávila diz que é uma questão complexa. “ É hipocrisia nossa falar assim que hoje você tem que ficar com zero de exposição eletrônica, porque a nossa vida gira em torno disso. Então, os pais têm que ser muito firmes para conseguirem manter este número de horas limítrofes para o uso da criança”.

No entanto, a especialista afirma que de acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria e de Oftalmo Pediatria, está contra-indicado o uso de telas até dois anos de idade. “Ah, mas pode 10 minutinhos? Não, não pode. Até dois anos de idade não pode”, enfatiza. No caso de crianças com mais de 2 anos, a recomendação é de 40 minutos a 2 horas por dia de exposição às telas, seja TV, smartphones, tablets ou celular.

Para os adolescentes e adultos, a orientação é que façam pausas a cada 40 minutos, para que haja um relaxamento dos olhos durante o período em que estiver exposto às telas. “E o que é descansar o olho? Tem gente que fala assim, ah, eu trabalho no computador, deu 40 minutos, agora então vou mexer no celular. Não, você sai de um e vai para o outro e continua fazendo aquele esforço”. Descansar os olhos é você olhar para longe, tomar um café, tomar uma água sem ficar fazendo esforço para perto para poder gerar um relaxamento da musculatura intraocular, afirma a especialista.

A miopia é um erro refrativo comum e caracteriza-se pela dificuldade em ver de longe, no entanto, de perto, a visão é nítida. A exposição às telas, é uma das causas dessa doença, segundo Laryssa Ávila. Além disso, ficar muito tempo no computador ou celular pode contribuir para o problema do olho seco, de acordo com a médica. “Isso acontece porque quando nós estamos concentrados em uma atividade que requer mais da nossa atenção, principalmente no uso de eletrônicos, a gente reduz a frequência do piscar”, diz.

O ato de piscar possui várias funções. A principal delas é a lubrificação ocular. “Então, se você está concentrado em alguma atividade no eletrônico ou lendo um livro mesmo, em invés de você piscar 20 vezes ou 40 vezes por minuto, você vai piscar cerca de 10. E o que acontece, então? Seu olho fica seco”. Juntando a redução da frequência do piscar com o ar condicionado, uma vez que faz muito calor em Goiás e a maioria dos ambientes possuem esse aparelho que ajuda a amenizar os efeitos das temperaturas elevadas, e isso contribui mais ainda para um olho seco, segundo a médica.

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