Bispo e padres que desviaram dízimo passam pela 1ª audiência

Investigação do Ministério Público apontou que grupo usou dinheiro para comprar fazenda de gado, carros de luxo e casa lotérica

Postado em: 10-09-2018 às 15h10
Por: Katrine Fernandes
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Investigação do Ministério Público apontou que grupo usou dinheiro para comprar fazenda de gado, carros de luxo e casa lotérica

Da Redação

Após a Justiça adiar a primeira sessão do julgamento, o bispo Dom José Ronaldo Ribeiro e outros cinco padres passaram nesta segunda-feira (10), pela primeira audiência de instrução. Eles são acusados de desviar mais de R$ 2 milhões em dízimos da Diocese de Formosa. 

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O Ministério Público Estadual de Goiás (MP-GO) foi o responsável pelo adiamento da sessão, o MP apresentou novos documentos ao processo, e a defesa, alegando que não teve acesso aos papéis previamente, solicitou o adiamento.  

A audiência começou às 8h45, no Fórum de Formosa, presidida pelo juiz Fernando Oliveira Samuel, da 2ª Vara Criminal. O bispo chegou às 8h ao local. Ele entrou pela porta lateral ao Tribunal do Júri, onde acontece a sessão. Ele chegou sem os advogados e não falou com a imprensa. Já o padre Tiago Wenceslau não compareceu à sessão.

“Com relação à hoje, esperamos ouvir as três testemunhas de acusação, que consideramos ser peças chaves para esse caso, pois sabem de todos os fatos cometidos antes e trabalham agora na gestão do interventor”, disse o promotor de Justiça Douglas Chegury.

Testemunhas

Ao todo, 33 testemunhas forram arroladas. A primeira a ser ouvida foi listada pela acusação e se trata do padre João Manoel Lopes, que exerce a função há 9 anos. Ele disse que aconteceram expressivos aumentos nos gastos da diocese e também mudanças nas tomadas de decisões.

O religioso contou que a renda da paróquia vem do pagamento de dízimos taxas de casamentos e batizados, doações e festas. Desse montante, parte iria para a Cúria diocesana, chefiado pelo bispo José Ronaldo.

Toda essa movimentação era documentada com anotações em livros caixas e comprovantes bancários. Porém, em 2015, com a chegada de Dom José Ronaldo, a situação começou a mudar.

“Houve um aumento muito grande dos gastos. Os gastos da casa onde o bispo morava passaram de R$ 5 mil para até R$ 30 mil. A casa passou a abrigar muitas pessoas também. O dinheiro da crisma, que deveria ser repassado à diocese, era usado diretamente pelo bispo. Questionamos e nos foi informado que era para gastos em áreas sociais mas nunca foi prestado nenhuma conta sobre isso”, explicou.

O valor dessa taxa variava de R$ 1 mil a R$ 8 mil por ano, dependendo da paróquia. Além disso, havia o sumiço de alguns valores da igreja. “Em outros casos, o dinheiro que deveria ser depositado na conta da Cúria era entregue diretamente para o bispo”, completou.

O padre definiu ainda a gestão do bispo como “autoritária”. “É de praxe que, para ser tomada uma decisão, o bispo pelo menos escute o Conselho Paroquial. Porém, ele não seguia o que o Conselho falava”, explicou.

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