Governo quer orientar população sobre como funciona unidades básicas de saúde 

Em entrevista coletiva, secretários afirmam que vão se esforçar para explicar pacientes a procurar unidades básicas ao invés de hospitais que atendem alta complexidade

Postado em: 10-11-2023 às 08h00
Por: João Victor Reynol de Andrade
Imagem Ilustrando a Notícia: Governo quer orientar população sobre como funciona unidades básicas de saúde 
Hospital tem alta demanda de procura de casos mais simples que poderiam ser atendidos em unidades básicas | Foto: Leandro Braz/O Hoje

A Secretaria de Saúde do Estado de Goiás (SES-GO) anunciou em coletiva de imprensa nesta quinta-feira (9) a reestruturação das demandas de dois hospitais estaduais em Goiânia, o Hospital de Urgências Otávio Lage de Siqueira (Hugol) e o Hospital da Criança e do Adolescente (Hecad). A intenção é alinhar os atendimentos médicos para diminuir a alta taxa assistência aos casos considerados como menos urgentes, e levá-los para unidades básicas de saúde. 

De acordo com a pasta do governo, após o paciente passar na triagem estabelecido a ele um sistema hierárquico de risco, do baixo ao elevado. Os hospitais estaduais como Hugol e Hecad são previstos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) como unidades de atendimento de casos de urgência e emergência. Já para os casos mais leves é indicado ao usuário frequentar as unidades de Unidades de Pronto Atendimento (APS), as Unidades Básicas de Saúde (UBS). 

A questão é que, por falta de informação, os pacientes recorrem aos hospitais mesmo em casos mais leves. De acordo com o órgão, 57% dos atendimentos nestas unidades são quadros leves que não necessitam de tratamentos de urgência. Por causa disso, há um superlotamento destas unidades de saúde que deveriam priorizar casos mais graves.

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Ou seja, os atendimentos de condições leves chamadas de atendimentos espontâneos correspondem a um número maior postulado pelo SUS e pelo Ministério de Saúde. De acordo com a Superintendente de Políticas de Atenção Integral à Saúde, Paula Fernandes, o Hecad possui atendimentos de quadros leves equivalentes ou até mesmo maiores que a metade de seu repertório de acompanhamentos, cerca de 4.000 serviços por mês.

Ainda de acordo com a Superintendente, este plano consiste majoritariamente em educar a população para as devidas unidades de saúde. “Este processo inicial é um processo educativo junto à população, de orientar a população a buscar no local correto o seu atendimento conforme a sua condição”, diz Paula. 

“Nosso trabalho vai consistir em uma orientação do paciente, até mesmo dentro dos hospitais, para a contraindicação das unidades de urgência. Contudo, o estado deixa claro que inicialmente não irá rejeitar o atendimento de pacientes que procuram as UTI’s para situações leves, mas será sujeito a uma fila de espera maior”, acrescenta.

Esse foco tem em mente o fortalecimento das unidades mais básicas de saúde, bem como as unidades mistas como os Centros de Atenção Integrada à Saúde (Cais), estas que também possuem centros de urgência e ambulatórios próprios. “A gente vem fortalecendo junto com os municípios para que os pacientes também reconheçam como a unidade básica de saúde como local de referência em uma situação emergencial e para que eles tenham os acompanhamentos frequentes e evitem uma urgência futura” relata Paula.

Outro ponto destacado como foco de trabalho é, pedagogicamente, mostrar à população como funciona o SUS, como diz Wilson Pollara, secretário Municipal de Saúde de Goiânia. Segundo o titular da pasta municipal, “o grande problema [depois da criação do SUS] ninguém combinou com a população, porque se você perguntar para a população o que é uma UPA, UBS, CAIS [eles não sabem] é uma verdadeira sopa de letrinhas”. 

Além disso, Wilson reforçou a necessidade do fortalecimento com as UBS pela escolha majoritária entre o atendimento de um hospital acima das outras instituições. Para Wilson, “ é o descrédito [pela população] das unidades de saúde, porque chega lá e não tem atendimento, o médico só funciona com consultas agendadas. Então [o cidadão fala] ele fala que não adianta ir para a unidade básica. Nós temos que reverter isso, mostrar que a unidade básica funciona.”

Outro titular presente, Sérgio Vencio, Secretário Estadual de Saúde, esclareceu ainda que faz parte do programa a gradual suspensão no tratamento de quadros leves até que os hospitais estaduais atendam apenas condições mais graves.

Carretas do município vão orientar população em frente a hospitais 

Como adendo, Wilson propôs o funcionamento de carretas como unidades móveis para melhor assistir a transição dos serviços de emergências, começando no dia 13, outro ponto é atender as demandas de condições leves para abrir espaço às unidades urgentes. O secretário informou que as carretas possuem “duas unidades móveis, uma em cada hospital, que têm três consultórios, uma sala de recepção, espera e medicação”, relatou o titular. 

Além disso, informou que estas unidades são temporárias com o intuito de ajudar a transição. Também comunicou que estas unidades já estiveram presentes no aniversário de 90 anos de Goiânia e conta com a familiarização da população, falando que quer instituir na população a segurança das unidades básicas.

A forma como o processo de orientação se dá em prática, envolve a distribuição de panfletos e materiais gráficos com o esclarecimento do que cada instituição cuida e socorre. Paula informou que os panfletos foram criados para serem acessíveis à população em geral, com a localização das unidades.

O intuito do programa, bem como o objetivo final, de acordo com o titular Sérgio, é para se sedimentar a forma como este processo de escolha influenciará na procura de atendimentos médicos. Por fim, para solidificar as instituições básicas como a escolha principal para casos mais leves e casos mais elevados, mas que não necessite de uma emergência.

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