Policiais pediam propina para manipular investigação

Ainda segundo o MP-GO, eles são policiais de primeira classe e têm mais de 10 anos de carreira na corporação

Postado em: 12-09-2018 às 06h00
Por: Fabianne Salazar
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Ainda segundo o MP-GO, eles são policiais de primeira classe e têm mais de 10 anos de carreira na corporação

Presos desde a última quinta-feira (6), dois policiais civis são acusados de pedir propina de R$ 30 mil para inocentar um investigado em um inquérito de estelionato em Goiânia. Gravações de telefone dos policiais, um homem e uma mulher, foram divulgadas nesta semana expondo detalhes das negociações. De acordo com o Ministério Público de Goiás (MP-GO), um dos agentes chegou a exigir dinheiro da vítima enquanto o órgão, bem como a Polícia Civil e a Corregedoria da corporação, cumpriam mandados na delegacia.

Ainda segundo o MP-GO, eles são policiais de primeira classe e têm mais de 10 anos de carreira na corporação. As irregularidades foram descobertas, segundo o órgão, depois que a investigação instalou escutas dentro do 4º Distrito Policial da Capital, onde trabalham. Conforme o promotor de Justiça Paulo Vinicios Parizzoto, as escutas não foram divulgadas porque a apuração é feita sob sigilo. Ele revelou que, após os agentes fazerem o pedido de propina, no valor de R$ 30 mil, negociaram o valor com o investigado, até chegarem a um acordo de R$ 10 mil. “A promessa era a de que a vantagem indevida, exigida por estes agentes era de afastar ou manipular o direcionamento destes fatos para excluir as responsabilidades de uma das pessoas”, explicou. 

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Os envolvidos devem responder pelo crime de concussão, que é quando um agente público utiliza o cargo para exigir vantagem ilícita.

A Polícia Civil disse que vai aguardar o posicionamento da Justiça e, caso seja comprovado a culpa dos policiais, vai tomar medidas cabíveis. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-GO), por sua vez, disse que abriu processo contra os advogados envolvidos no esquema e que, dentro de 30 dias, vai decidir sobre uma suspensão preventiva do registro profissional dos envolvidos.

Operação Arapuca

A mesma delegacia já foi alvo de investigações pelo similar desvio de conduta de policiais. Em agosto deste ano, seis agentes policiais, dois advogados, um homem que se passava por policial e um fornecedor de medicamentos foram presos durante a Operação Arapuca, deflagrada pelo MP-GO em parceria com a Polícia Civil. Eles eram suspeitos de integrar um grupo que extorquia pessoas detidas em Goiânia. Na época, foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão como parte da investigação do Grupo Especial de Controle Externo da Atividade Policial (GCEAP) e do Centro de Inteligência do MP. As ações ocorreram na Capital e em Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana. (Fafael Melo)

 

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