Segunda-feira, 22 de julho de 2024

Baixa qualificação em cursos da área de engenharia preocupa mercado atual

Com a baixa qualificação nos cursos 70% das empresas demonstram dificuldades para contratar

Postado em: 13-11-2023 às 08h37
Por: Matheus Santana
Imagem Ilustrando a Notícia: Baixa qualificação em cursos da área de engenharia preocupa mercado atual
Com a baixa qualificação nos cursos 70% das empresas demonstram dificuldades para contratar | Foto: Reprodução

A capacitação insuficiente dos profissionais na área de engenharia está causando uma preocupação significativa no mercado atual, onde a demanda por habilidades especializadas está em constante crescimento. A falta de qualificação adequada entre os engenheiros levanta questões sobre a eficácia dos programas de formação.

Com o mercado de trabalho em engenharia em baixa, em comparação ao que era no início desta década, os profissionais de hoje precisam se diferenciar para conquistarem as vagas remanescentes. Para isso, as principais ferramentas para se destacar no mercado de trabalho são a especialização e as certificações.   

O mercado de trabalho em engenharia passou por muitas mudanças significativas nos últimos tempos. Essas mudanças vieram na década de 2010, com o alto índice da construção civil, e com a falta de mão de obra qualificada para atender à demanda das empresas, hoje no mercado atual a situação é totalmente diferente de anos atrás. Com a crise econômica, a partir de 2015 investimentos em muitos setores que necessitam de engenheiros caíram, devido a isso o mercado de trabalho em engenharia diminuiu. Na busca por vagas, ganham destaque aqueles profissionais que possuem qualificações e certificações específicas.

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Hoje a baixa qualificação profissional nos cursos das várias áreas da Engenharia tem preocupado bastante o mercado atual, isso pode causar impactos econômicos seríssimos que irão causar prejuízos ao crescimento do País. Segundo uma pesquisa feita pelo Mútua – Caixa de Assistência dos Profissionais do Crea, 70% das empresas apontam dificuldades para contratar engenheiros com uma qualificação adequada.

No Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), mais de 50% dos profissionais são egressos de cursos de engenharia com conceitos 1 e 2 (baixo desempenho). Esse resultado da baixa qualificação dos profissionais da área, implica na inserção desses profissionais no mercado. Ainda de acordo com o levantamento do Mútua, dos quase 1,3 milhão de egressos de cursos entre os anos 2000 e 2020, quase 477 mil não se registraram no Sistema Confea – Crea.

Para o engenheiro Agrônomo, diretor presidente licenciado da Mútua e ex-presidente do Crea-GO (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Goiás), Francisco Almeida, assusta o fato de metade dos profissionais estarem exercendo a profissão, entre engenheiros com carteira assinada ou empresários, apesar da grande demanda do mercado. Segundo ele, o grande problema é que muitos estão se formando apenas para receber um diploma, sem nenhuma capacidade técnica, enquanto o mercado está exigente, pois tem custos apertados e não pode ensinar profissionais a trabalhar.       

A principal preocupação para o ex-presidente do Crea-GO é com a baixa qualidade na formação proporcionada por um grande número de cursos no método EAD (ensino à distância). Além da baixa qualidade de ensino EAD, estão a falta de infraestrutura, como a falta de abarrotamento, e segundo o diretor presidente da Mútua, muitos cursos praticam o verdadeiro mercantilismo e não reprovam os maus alunos por conta das questões financeiras.

Francisco Almeida também garante que não falta mercado de trabalho para aqueles que têm competência técnica, diante de uma alta escassez de mão de obra com qualidade, isso é um problema recorrente em outras profissões. Ele também alega que caso o país venha a crescer 3%, é perigoso que não tenha profissionais capacitados suficientes para atender a demanda.

Diante disso, através do estudo feito pela Mútua, entre 2014 e 2020 é possível ver uma queda de 30% no número de candidatos inscritos em processos de seleção na área de Engenharia. Essa porcentagem representa cerca de 500 mil jovens que perderam o interesse em atuar nestas profissões. Mesmo assim, um levantamento feito pelo Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Educação Superior de Goiás (SEMESG), mostra que existem 338 cursos das diversas áreas da Engenharia em atividade no estado, desses 338, apenas 165 são presenciais e 173 utilizam o método EAD. Porém, somente 6% desses cursos foram avaliados com um alto desempenho pelo Enade.

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