Como benefício Mães de Goiás salvou mulher e a filha da fome

Marta chegou a Goiás grávida e recomeçou a vida sozinha do zero, encontrando em benefício social oportunidade de sobrevivência

Postado em: 15-11-2023 às 12h00
Por: João Victor Reynol de Andrade
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Marta Ferreira, agora, precisa de cirurgia de hérnia de disco | Foto: João Reynol/O Hoje

O ano era 2020 quando Marta Ferreira Cruz percorria o longo caminho entre Porto Nacional, no Tocantins, para Goiânia com quase nada. A única coisa que carregava era um bebê na barriga. Tinha acabado de se divorciar com o marido e planejava dar um passo à frente. 

Contudo, fazendo isso estaria deixando para trás mais de 34 anos de sua vida no estado natal, incluindo família, um lote próprio, e sobretudo, uma filha mais velha. “Vim com quase nada para mim e para o meu bebê. Fui conseguindo as coisas em Goiânia”. 

A motivação principal para esta mudança de vida repentina, segundo ela, era melhores oportunidades para si e para sua filha Ester, que agora tem 2 aninhos. Para a sorte de Marta, a sua irmã já morava na cidade e a ajudou na transição. “Ela foi a única que se simpatizou comigo e veio para cá, vem me ajudando também desde então”.

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Mesmo assim, este período ainda foi difícil para Marta pois estava no começo da pandemia e o trabalho era escasso neste período. Com a ajuda de sua igreja local para roupas e a Organização de Voluntárias de Goiás (OVG) para leite materno conseguiu passar a pandemia com o apoio comunitário. “Foi uma ajuda muito boa, [consegui] um apoio grande”, disse enquanto pensava dos seus amigos próximos.

Após não conseguir mais o sustento pela OVG, foi indicada para o Programa Mães de Goiás da Secretaria do Desenvolvimento Estadual (Seds). Marta conta como uma simples sugestão conseguiu salvar a sua situação financeira.  “Estava acontecendo um mutirão perto da minha casa e consegui me cadastrar para ganhar o benefício. Está sendo muito bom, o dinheiro tá ajudando a comprar fralda, leite e comida pro bebê.”

Enquanto isso, Marta trabalhava como cozinheira de tapioca na feira na Praça do Trabalhador, o que mais tarde custou sua degradação de saúde. “Fiquei por um ano trabalhando pesado no Goiânia 2, montando barraca, desmontando barraca, já chegaram querendo me tirar de lá pela licença mas falei que era o sustento da minha bebê”.

A sua vida teve de parar recentemente após a descoberta de uma escoliose grave na sua coluna após anos de trabalho braçal enquanto estava grávida de sua filha. Contou para a equipe do O Hoje em uma entrevista que já está na lista de espera para operar e poder voltar a trabalhar para construir seu sonho, uma casa própria.

Para isso, Marta já comprou um lote no Residencial Vale do Sonhos com sua irmã e pretende construir uma casa só dela. “Meu sonho é ter um canto meu, um quarto com banheiro.” A história de Marta é de muitas mulheres solteiras goianas que precisam trabalhar sozinhas para providenciar para seus filhos. 

Como ela, muitas dessas mulheres fazem parte do programa Mãe de Goiás que oferece um benefício de R$ 250 para comida, suprimento e medicamentos. Com novos dados da Secretaria de Desenvolvimento, cerca de 150 mil mães de 246 municípios já receberam apoio financeiro durante os dois anos de operação. 

O programa funciona simultaneamente com o sistema do CadÚnico do Governo Federal, as mães devem atualizar seu cadastramento junto com a comprovação da criação de suas crianças de 0 a 6 anos. Não há, entretanto, uma inscrição ou edição já que podem ser selecionadas para receber o cartão pelo estado. Ainda de acordo com a secretaria, todo mês novas mães são selecionadas para participar do programa para ter ajuda financeira, e até o dia de hoje foram mais de R$ 330 milhões investidos pelo governo estadual.

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