Basquete: Superação e inclusão por meio do esporte

Atletas paralímpicos contam como o basquete mudou a forma de viver, desenvolvendo a capacidade motora, vínculos afetivos e sociais

Postado em: 15-09-2018 às 06h30
Por: Fabianne Salazar
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Atletas paralímpicos contam como o basquete mudou a forma de viver, desenvolvendo a capacidade motora, vínculos afetivos e sociais

Jefferson Santos*

A inclusão e a socialização de uma pessoa com deficiência são desafios que encontram no esporte um forte aliado. Afinal, a prática esportiva proporciona as vantagens físicas e também o contato com outras pessoas, uma socialização que traz enormes benefícios emocionais. Entres essas modalidades, temos o basquete, uma das práticas esportivas mais escolhidas por quem é portador de deficiência física.

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Além de ser um dos esportes mais praticados no mundo, o basquete apresenta vantagens, como dinamismo, estímulo das funções cognitivas, aumento do senso de estratégia, desenvolvimento da capacidade motora, criação de vínculos afetivos e sociais etc.

José Fernando da Silva é um desses exemplos de sucesso no esporte. Hoje ele é presidente da Federação Goiana de Basquetebol em Cadeira de Rodas e trabalha na Secretária de Assistência Social de Aparecida de Goiânia. Ele tem uma sequela de pólio, que adquiriu na infância, aos cinco anos de idade. Atualmente, com 60 anos, leva a vida com bom humor. “Já são 55 anos com a deficiência, sou experiente nisso”, brinca José. 

Na visão do atleta, o esporte tem a função de reinserir o deficiente na sociedade. “O esporte, independente de qual seja, faz com que o deficiente se sinta capaz de exercer algo, além de restaurar a autoestima. Essa é a grande função e objetivo do esporte paralímpico”, comenta. 

José Fernando conta ainda que sempre gostou do futebol, mas foi o basquete que realmente mudou completamente sua história. “Quando eu conheci o basquete em cadeira de rodas eu conheci a verdadeira paixão da minha vida. E é por isso que me dedico tanto a esse esporte.”

José trabalha com o esporte desde o ano de 1996. Em 2010 fundou em Aparecida de Goiânia a equipe de basquete em cadeira de rodas Aparecidense, na qual ele atua como técnico. Recentemente o grupo participou da 16ª edição dos Jogos Abertos de Goiás, terminando a competição em segundo lugar. 

O time, que foi campeão goiano em 2017, lidera o campeonato de 2018, além disso, eles irão disputar o Campeonato Brasileiro da 2ª Divisão em São Paulo, entre os dias 1ºe 06 de outubro. A Aparecidense foi campeã da 3ª divisão do Brasileiro no ano passado. “As pessoas já me conhecem e já têm uma visão do meu trabalho. Quando encontram uma pessoa com deficiência, eles indicam meu nome e analisamos juntos a possibilidade de inserir tal pessoa no time ou direcioná-la para outros esportes”, afirmou o treinador. 

Autoafirmação

“Vejo hoje o esporte na minha vida como uma autoafirmação.” Essa frase foi dita por Roberto Paulo, de 41 anos, gerente de um supermercado e atleta nas horas vagas, é um dos atletas destaques de José. Sua vida mudou na infância quando foi diagnosticado com pólio aos oito meses de idade, e passou a utilizar a cadeira de rodas para se locomover. 

Ele conta que aos 22 anos, em Goiânia, teve o primeiro contato com as quadras, quando conheceu uma equipe de basqueteparalímpico. “Eu trabalhava em uma empresa e lá tinha um grupo de pessoas que praticava o basquete em cadeira de rodas, eles tinham vários esportes, mas o basquete foi o que eu mais me identifiquei”, afirmou Roberto.

Roberto faz parte dos outros 20 atletas do time da Aparecidense, comandado por José. Para Roberto o basquete, a exemplo do que foi dito pelo técnico, é uma forma de reinserir o deficiente a sociedade.  “O esporte traz uma autoconfiança, é saber que você está integrado na sociedade. O deficiente se esconde e se vê como coitado, mas o esporte traz autoestima. Você se torna capaz de fazer várias coisas, não só dentro do esporte, mas também na vida profissional”, finaliza Roberto. (Jefferson Santos é especial para O Hoje) 

 

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