Morte de crianças e adolescentes afogados aumenta 275% em Goiás

Mais de 15 menores de idade morreram afogados desde o começo do ano

Postado em: 22-11-2023 às 08h00
Por: João Victor Reynol de Andrade
Imagem Ilustrando a Notícia: Morte de crianças e adolescentes afogados aumenta 275% em Goiás
Helena Oliveira de três anos morreu quando tentou pegar balão de aniversário em Anápolis | Foto: Reprodução

Neste último fim de semana, uma reunião da família Oliveira terminou em tragédia com a morte da criança Helena de 3 anos após ela cair e se afogar na piscina. A mãe afirmou ter retirado a vítima e levado a uma Unidade de Prevenção de Saúde (UPA), mas devido à distância do ocorrido e o tempo do incidente ela não resistiu.

Neste mesmo fim de semana, O Hoje publicou uma matéria acerca do aumento no número de casos de afogamentos no ano de 2023 se comparados com 2022. Até a publicação daquela matéria, havia tido um aumento de 60 casos entre os meses de janeiro e novembro dos dois anos, em torno de 160 mortes no período de 2023. Contudo, desde a publicação do caso envolvendo a morte de Helena, acrescenta mais uma morte por afogamento em Goiás para 161 ocorrências.

Outro dado que emergiu desde a publicação da matéria é a proporção de afogamento por faixa etária e o aumento de mais de 10 casos envolvendo crianças e adolescentes desde 2022. Até o momento, morreram mais de 15 menores de idade desde o começo do ano, um número alto comparado com apenas 4 casos no ano passado. Além de um aumento percentual de 275%. 

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Junto a isso, a partir da colaboração com o CBM foi possível relacionar o aumento das mortes ocorridas em 2023 com as elevadas temperaturas que movimentaram a população goiana para ambientes aquáticos em busca de lazer como piscinas, rios, lagos e córregos.

E a partir dos dados, obteve-se o conhecimento de que grande parte das vítimas, de acordo com os bombeiros, eram homens adultos e crianças. E, por mais estranho que seja, por motivos parecidos, o primeiro por um maior desacato às regras de segurança e o segundo pelo não conhecimento e entendimento delas.

Devido a esta circunstância, a equipe de reportagem do O Hoje procurou mais uma vez a CBM para saber mais a fundo as melhores maneiras de como proteger as crianças dos riscos aquáticos. Principalmente tendo em vista as altas temperaturas que afetam o estado levando a alta procura para o lazer aquático.

Segundo o socorrista Major Pedro Neri do CBMGO, os casos de afogamento infantil tendem a ocorrer mais em residências, onde tem piscinas, por exemplo. É o caso da garota Bruna de Souza, de 5 anos, que morreu ao cair na piscina da chácara de sua família . “Geralmente o afogamento infantil é de 0 a 4 anos e ocorrem mais em ambientes domésticos, enquanto adultos ocorrem mais em campos como rios e lagos”, afirmou Major Neri.

O motivo dos afogamentos domésticos, segundo ele, é a noção vaga da criança de sua própria segurança e a coordenação motora ainda não desenvolvida por completo. “O motivo destes casos é porque a criança ainda não desenvolveu uma noção de sua segurança. Além disso, a cabeça deles é mais pesada que o corpo, então a coordenação pode ficar prejudicada fazendo eles caírem de cabeça em lugares como baldes de água e morrerem por afogamento”, diz Pedro. 

Por causa disso, mencionou o fator do alto potencial de perigo para os menores até com quantidades pequenas de água, tornando lugares mais perigosos. Esta falta de noção alienada com coordenação subdesenvolvida pode tornar banheiras e privadas um alvo para eles. “Por causa disso, lugares como piscinas, baldes, banheiros, e pequenas bacias com água podem se tornar um cenários de afogamento. Para você ter uma noção, uma criança pode se afogar em superfícies de até 4 centímetros”.

Dito isso, se o afogamento de menor ocorrer a indicação de Pedro continua sendo pedir socorro do corpo de bombeiros. “Se por ventura um caso como um afogamento de criança ocorrer a indicação ainda é pedir ajuda do pronto socorro pelo 193 e aguardar ajuda. Recomendamos o processo de salvamento apenas se os pais tenham conhecimento de como fazer isso, por isso também pedimos para que frequentem aulas de primeiros-socorros”, relata Major. 

Contudo, apesar de toda a preparação, a indicação principal de Pedro continua a mesma de muitos membros do atendimento à saúde, a prevenção para que qualquer acidente não ocorra. “A principal dica é a prevenção como a supervisão integral das crianças, mesmo em lugares rasos. Outra coisa muito importante é o cuidado com brinquedos e bóias brilhantes deixados na piscina porque pode chamar a atenção delas e ocasionar um acidente”, diz o socorrista.

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