Dia seguinte à tempestade com granizo tem 60 árvores e galhadas caídas e trânsito lento 

Árvores caíram sobre a fiação elétrica que ficou retorcida em meio aos galhos, causando um curto-circuito e deixando população sem energia

Postado em: 23-11-2023 às 08h00
Por: Alexandre Paes
Imagem Ilustrando a Notícia: Dia seguinte à tempestade com granizo tem 60 árvores e galhadas caídas e trânsito lento 
No setor oeste, árvore parte ao meio, obstruí rua 22 e atinge estabelecimento privado | Foto: Leandro Braz/O Hoje

A quarta-feira (22) começou com os rastros de destruição deixados pelo mega temporal que atingiu Goiânia e região metropolitana. Em diversos pontos da capital, as ruas ficaram completamente inundadas e a intensa queda d’água chegou a atrapalhar a visibilidade dos motoristas que trafegavam pela cidade. Segundo a Companhia Metropolitana de Urbanização (Comurg), mais de 60 árvores caíram em 20 diferentes bairros da cidade.  

Os bairros com registros de árvores ou galhos caídos foram: Vila Aurora, Setor Sudoeste, Bueno, Novo Planalto, Marista, Jardim Curitiba, Setor Oeste, Jardim América, Pedro Ludovico, Setor Coimbra, Parque Amazônia e Solange Park. Nossa reportagem circulou pelas ruas da capital para registrar os estragos, o maior deles foi uma árvore de grande porte que rachou ao meio e rompeu a fiação elétrica na rua 22, no Setor Oeste. Quando nossa equipe estava no local, os fios ainda estavam energizados, e os servidores da Comurg aguardavam a chegada da Equatorial para desobstruir a rua e calçada. 

Na rua 1125, no setor Marista, uma árvore fez com que parte da via fosse interditada, e os motoristas tiveram que subir pela calçada para conseguir desviar do tronco. “Esse é apenas um dos locais que encontrei o problema. Minha única solução é transitar, com o carro, na calçada que deveria ser para pedestres para conseguir continuar meu trajeto. O pior é a falta de sinalização, a gente é pego de surpresa quando acessa a rua”, conta o empresário Luiz Monteiro. 

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A poucos metros dali, na rua 1.122, outra árvore de grande porte também fez estragos. Toda fiação elétrica ficou retorcida em meio aos galhos, causando um curto-circuito que deixou várias quadras do Setor Marista sem fornecimento de energia elétrica. “Levei um susto quando cheguei para trabalhar e vi metade da árvore caída na tenda e dentro do estabelecimento. O jeito é arcar com os prejuízos causados”, explica Luciana Melo, gerente do lava-jato atingido pelas galhas.

Um bar deste mesmo setor teve que contratar um gerador de energia para evitar prejuízos e conseguir atender os clientes. “A conta chega no fim do mês. Um despreparo não só da empresa de fornecimento de energia, como também da prefeitura que não realizou a poda preventiva. O resultado agora é pagar as horas de um gerador para que eu não perca milhares de reais com só produtos do restaurante”, desabafou o empresário do setor de serviços alimentícios, José Carlos Costa Ramos.

Além das árvores, dezenas de semáforos ficaram inoperantes após a tempestade. Um deles no cruzamento da Avenida Mutirão com a Avenida T-9, o que causou estrangulamento no trânsito do setor Bueno. “Sai de casa no meu horário normal, já habituado com o trânsito, mas fui pego de surpresa, e estou a 1 minuto do meu destino final. No fim das contas vou me atrasar mais de 30 minutos até o trabalho”, disse Rogério Silva Campos, que estava parado no congestionamento da avenida Mutirão. 

Em vídeos divulgados nas redes sociais, é possível ver uma farmácia, localizada na Avenida T-63, onde a água adentrou o estabelecimento e deixou o piso completamente tomado pela água. Além disso, diversas regiões tiveram quedas de energia. Até mesmo bairros nobres como o Jardim Goiás, Bueno, Jardim América e Setor Sul colecionaram relatos dessa ocorrência. 

Na Avenida T-10, no Setor Bueno, o trânsito foi bastante prejudicado pela falta de eletricidade e o fluxo de veículos estava lento.  Alguns moradores também relataram chuva de granizo em várias partes da cidade, além de fortes ventanias e um número grande de raios. Bairros que ficam em zona de risco, conforme apontado pela defesa civil municipal, não ficaram alagados, mas o alto volume de água estragou móveis. 

Casas de regiões populosas, como as do Jardim América, também sofreram com inundações. Na região Central e Setor Sul, árvores antigas não conseguiram suportar a força do temporal e foram arrancadas pelos ventos. Tudo isso ocasionou quedas de energia elétrica por toda a capital. Em nota, a Prefeitura de Goiânia informou que mobilizou equipes para minimizar os transtornos e garantiu que a Defesa Civil do município acompanhou de perto a situação em áreas de risco.

Segundo o Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas de Goiás (Cimehgo), algumas regiões da capital registraram até 65,8 mm de precipitação em cerca de uma hora. O gerente do Cimehgo, André Amorim, explicou que houve formação de nuvens do tipo cumulonimbus, característica de tempestade. “São nuvens grandes, que crescem mais verticalmente do que horizontalmente. A formação dessas nuvens fez com que houvesse a extrapolação de chuva prevista. Foi uma chuva rápida e localmente forte em algumas regiões”, disse. 

Equatorial emite alerta a 229 municípios 

Com as tempestades, a Equatorial passou por mais uma prova de fogo, ou de água mesmo, ante às incontáveis queixas de queda de energia elétrica em Goiânia e em diversas outras cidades. Por causa disso, a distribuidora emitiu, por meio de uma nota, um alerta para 229 municípios. 

“Depois da onda de calor, Goiás agora está sob alerta de tempestades com possibilidade de haver granizo e alagamentos, além de ventos de até 100km/h. Os dados são do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), que emitiu o alerta para 229 municípios, ou seja, quase todo o Estado”, disse a empresa, que seguiu: “Diante desse cenário, a Equatorial Goiás também chama a atenção da população sobre as consequências dos eventos climáticos para a rede elétrica e os cuidados necessários dentro e fora de casa”. 

Acerca do problema, a Equatorial ressaltou que, por conta das questões climáticas, com chuva e ventania, “há risco de interrupção do fornecimento de energia elétrica, visto que os ventos fortes lançam objetos sobre a rede e árvores caem sobre a fiação, provocando estragos na rede elétrica, que precisa ser reconstruída pelas equipes em campo”. 

Por meio do comunicado enviado à imprensa,  o gerente do Centro de Operações da Equatorial Goiás”, Vinicyus Lima avisou: “Sob essas circunstâncias, a recomposição da rede elétrica demanda mais tempo, pois muitas das vezes é preciso substituir postes, trocar cabos e substituir transformadores, entre outros”. 

Além da queda de energia, outro agravante das tempestades, segundo a Equatorial, “são as descargas elétricas”. A empresa afirmou que, entre janeiro e outubro, foram identificadas cerca de 10 milhões de raios na área de concessão. Além de causar interrupções no fornecimento de energia, as descargas atmosféricas podem provocar curto-circuito, queima de equipamentos e acidentes fatais. “As descargas atmosféricas são responsáveis por cerca de 20% das interrupções no fornecimento de energia”, disse, outra vez, na nota, Vinicyus Lima.

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